quinta-feira, dezembro 27, 2007

Castelo Branco na História XI

(Continuação do número anterior)
“Lucas Fernandes, juiz dos ferradores, dará S. Jorge em seu cavalo com dois estribeiros de cada lado à turquesca.
“ Francisco Travassos, juiz dos estalajadeiros, dará oito homens de alabardas em corpo com couras, ou vestidos de armas brancas com tambor adiante de S. Jorge e um pifano.
“Bartolomeu Rodrigues, juiz dos espingardeiros e serralheiros dará um homem com insígnia se alferes, com a sua banda, que irá a cavalo diante dos soldados de S. Jorge, por pajem da lança.
“Marcos Fernandes, juiz dos oleiros, dará um rei mouro com corôa e ceptro, com quatro mouros a seu lado com seus alfanges, que irão a traz de S. Jorge. “Manuel Sanches, juiz dos pedreiros, dará um estandarte ou bandeira de guerra e um tambor que irá adiante dos soldados de S. Jorge.
“Gaspar da Fonseca, juiz dos cereeiros dará oito tochas para acompanhar o Santíssimo.
“Os mercadores cada um dará uma tocha que eles levarão ou mandarão ter na procissão.
“Catarina Martins Ferreira, juíza das padeiras, dará duas pelas e um dança de seis mulheres com pandeiros e castanhetas com seu folião.
“Os boticários cada um levara sua tocha entre os mercadores.
“Manuel Martins Galeguinhos, juiz dos maquilões dará uma dança pastoril (Designavam-se maquilões os homens que transportavam os cereais para os moinhos e a farinha para a casa dos clientes dos moleiros).
“O alferes de S. Marcos irá com seu guião.
“Baltazar Gonçalves, juiz dos mulateiros e burriqueiros dará uma dança mourisca de oito homens.
“Os obrigados e magarefes dos açougues levarão, uma hora antes da procissão sair, um touro amarrado à corda pelas ruas por onde for a procissão, com homens que levem suas aguilhadas para tagerem o touro e, na corda a que for amarrada, irão pegando nas pontas uns a traz e outros adiante do boi.
A festa principiava na véspera, em que os juízes de oficio tinham de ir à Câmara mostrar as suas danças e folias, sendo multado ou preso aquele que não cumprisse.
Nesse dia eram permitidas todas as folganças e truanicas, sendo os diabos (pobres aprendizes de ferreiro pintados de preto e de vermelho) apedrejados pelos gaiatos entre chufas a risotas.
Porém, no dia da procissão, não eram permitidos os motojos da véspera e o cortejo fazia-se com a circunspecção das autoridades e a compostura de todas os figurantes, sob a vigilância atenta dos meirinhos e beleguins.
11/103
PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
Autor.
M. Tavares dos Santos
O Albicastrense

sexta-feira, dezembro 21, 2007

MONUMENTO AO COMBATENTE

O Bem-haja de um ex. Combatente

A Câmara Municipal de Castelo Branco, cumpre promessa feita e transfere do cemitério da cidade, para uma rotunda da Quinta Nova, o monumento dedicado ao Combatente. Oitenta e três anos, após a sua colocação no cemitério da cidade, (9 de Abril de 1924), este monumento tem por fim um local digno do nome que ostenta.
É fácil, criticar decisões da nossa autarquia em relação a determinadas obras
feitas da nossa cidade, (o que eu muitas vezes aqui faço), porém, também fácil se torna elogiar decisões, quando elas são exemplo de bom senso e de reposição de justiça para com aqueles que deram a vida, ou lutaram por aquilo que pensavam ser o melhor para o seu pais.
Como ex. Combatente em Angola, (1973-1975) avesso a recordações e homenagens ranhosas, de tais factos não posso deixar de aplaudir este feito e elogiar esta bela iniciativa da autarquia albicastrense.
Ao presidente Joaquim Morão, representante maior da nossa autarquia, o meu bem-haja por este acto de justiça para com os ex. Combatentes

O albicastrense

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Festas Felizes

O albicastrense

ALBICASTRENSES ILUSTRES - 0

JOSÉ GERMANO DA CUNHA

1839-1903

Nasceu em Castelo Branco em 1839, faleceu em 1903 no Fundão, localidade que adoptou do coração e na qual viveu a m maior parte da vida e a qual lhe ficou a dever iniciativas e melhoramentos, com reflexos, principalmente, na Santa Casa de Misericórdia, no Casino Fundanense (que ostenta na fachada um medalhão com a sua efígie), no mercado publico. De muito novo que começou a colaborar, em prosa e verso em jornais, tendo sido o fundador dos periódicos Apostolo da verdade (1870), O Jornal do Fundão (1898) Unais da Serra (1900). Investigador da história regional, escreveu: Noticia histórica da Santa Casa da Misericórdia do Fundão (1870), A propósito da ”Monografia de Castelo Branco” (1891), texto que completa, em alguns aspectos, o livro sobre Castelo Branco publicado em (1890) e da autoria de António Roxo, Apontamentos para a historia do concelho do Fundão (1892), Jornalismo no distrito de Castelo Branco (1893), O conselheiro de Estado José Silvestre Ribeiro (1893). Alguma da sua produção poética surge reunida em fotografias (que teve 2º edição em 1893 e cujo conteúdo, de natureza sátira, se insere na linha antiquíssima da poesia portuguesa voltada para o humor) e entre sombras (1903), conjunto de poemas trespassado por dedicada entoação que repercute o mistério da vida e da morte. José Germano da Cunha publicou, ainda em 1866, um curioso livro a que chamou A Torre dos Namorados (titulo ao qual acrescenta:” as tradições antiquíssimas do concelho do Fundão, com preâmbulo histórico sobre a invasão dos árabes nas Espanhas e varias noticias do distrito de Castelo Branco”), híbrido arrazoado que aglutina propósitos visando a defesa do património cultural e a valorização das tradições, e em textura emerge uma interessante novela histórica de sabor romântico (fontes, ambiente, cenários, personagens medievalescas, amores contrariados, peso do destino, desfecho trágico).

A recolha dos dados referentes a José Germano da Cunha foi feita no livro: Autores nascidos no distrito de Castelo Branco, Século XV a 1908 - Da autoria de António Forte Salvado – publicações Arion

O Albicastrense

sábado, dezembro 15, 2007

OS NOSSOS JORNAIS

"A BEIRA BAIXA"
12 /4/1937 – 21/6/1975

Dos muitos jornais que a cidade de Castelo Branco viu germinar e morrer ao longo dos tempos, o jornal a “Beira Baixa” foi seguramente um dos mais duradouros.
A sua primeira edição veio a público no dia 12 de Abril de 1937 e tinha como director António Rodrigues Cardoso,
(Castelo Branco tem hoje uma rua com o seu nome), o seu último suspiro, (a ultima edição), saiu no dia 21 de Junho de 1975. 

Tinha nessa altura como director Manuel Almeida Garrett.
Trinta e oito anos de vida!
Mil novecentas e sessenta e nove edições...
Em homenagem a essas 1969 edições e a todos aqueles que ali trabalharam ao longo da existência do jornal, aqui fica a primeira página da primeira e ultima edição deste semanário albicastrense. 
Na primeira pagina da última edição é possível ler-se a nota de despedida da redacção.
Prometia voltar, infelizmente tal não aconteceu! E assim mais um jornal com historia que passou à historia.
O Albicastrense

sexta-feira, dezembro 14, 2007

TOPONÍMIA ALBICASTRENSE - (XIII)


     Ruas e Praças
      da  
     Terra Albicastrense

A toponímia albicastrense divide-se actualmente em três grupos:

Grupo-1 
A mais antiga: (Zonas antigas da cidade)
Grupo-2 

A dos anos 50: (Do aparecimento de novos bairros na cidade, e da nomeação de uma comissão por parte da Câmara Municipal para proceder ao estudo da toponímia da cidade. 
Sobre o trabalho desta comissão falarei um dia destes
Grupo-3 
A mais recente, anos 80: (25 de Abril, e crescimento da cidade)
A rua que hoje aqui trago tem a ver com o segundo grupo, e situa-se no bairro do cansado
QUEM FOI
GUILHERMINO AUGUSTO DE BARROS ?
(1828 - 1900)

Nasceu em 17 de Novembro de 1828 em São Faustino, Peso da Régua. Em 26 de Maio de 1869 casou com Júlia Vaz Preto Geraldes, filha natural de João José Vaz Preto Geraldes, Cavaleiro-Fidalgo da Casa Real, par do reino, senhor dos morgados da Lousa e Alcains. 
Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, ingressou na carreira administrativa como Secretário-geral do Governo Civil de Vila Real. Foi Deputado e par do Reino, governador civil de Lisboa e doutros distritos, ocupando muitos outros lugares de destaque. 
Guilhermino de Barros foi Governador Civil de Castelo Branco entre 26 de Setembro de 1865 e 14 de Janeiro de 1868. Durante esse tempo teve uma notável acção administrativa da cidade, a ele se deve a instalação do Asilo Distrital da Infância Desvalida e a construção, na cerca do castelo do edifício destinado a escola do ensino elementar e complementar. Foi como Director Geral dos Correios (1877 a 1890) que mais se distinguiu.
Escreveu várias obras sobre os correios, esteve no congresso internacional em que foi instituído o selo único a nível mundial, e assinou o contrato que trouxe os primeiros telefones para Portugal. Prosador e poeta subiu até ao último degrau da escada da glória. 
A sua grande elegância moral, tanto na convivência social, como no exercício de cargos públicos, era o que distinguia e distinguirá sempre os homens de real mérito e nobre carácter… Faleceu em 16 de Abril de 1900, com 72 anos.
O Albicastrense

LARGO DE S. JOÃO

Mais Granito

A Câmara de Castelo Branco acaba de lançar concurso público para a construção de um parque de estacionamento subterrâneo no largo de S. João.

O presidente da Câmara refere: “com esta obra vamos dar um contributo á cidade, transformando o espaço superior numa praça pedonal e funcional”

Transformar o largo de S. João, que actualmente mais não é que um parque de estacionamento, num espaço pedonal e funcional, para os albicastrenses parece-me sem qualquer dúvida uma boa ideia.

Quanto ao projecto para o local, aqui é que a porca troce o rabo…
Então vamos colocar naquele velho largo, mais uma embriaguez de granito!!!!!
A sensação com que fiquei ao ter conhecimento deste projecto só podia ser uma:
Será que o nosso presidente, e a Câmara albicastrense são sócios de alguma pedreira?
Não haveria para aquele espaço um projecto onde os espaços verdes florescessem e florissem como um clarão de luminosidade nesta nossa cidade cada vez mais gratificada?
Será que não podemos alterar, mudar, melhorar, ou simplesmente aperfeiçoar sem que a transformação seja uma mutação virada para um modernismo pacóvio.
Castelo Branco é infelizmente cada vez mais, uma cidade descaracterizada.

Do velho jardim do paço
Já se ouvem suspiros e ais…
O velho parque da cidade foi-se…
O antigo jardim no largo da Sé pirou-se…
A álea de árvores no antigo passeio verde evaporou-se…
Do velho jardim do paço, só se escutam suspiros a ais…

O Albicastrense

terça-feira, dezembro 11, 2007

Castelo Branco na História X


(Continuação do número anterior)
Tendo sido a vila cercada no dia 22 de Maio de 1704, rendeu-se no dia seguinte e foi ocupada durante quarenta dias pelo exército invasor, que a saqueou, cometendo numerosas destruições.
A entrada do exército franco-espanhol em Castelo Branco, implantando a dor e a tristeza na sua população, efectuou-se no dia corpo de Deus, precisamente na data em que outrora ela se entregava a pitorescas e esfuziantes folias.
Para se avaliar da importância e brilho dessas festas, aqui se transcreve um curioso programa elaborado pela Câmara de Castelo Branco:

Rol dos juízes de ofício que hão-de dar danças e insígnias e tudo o mais necessário para a procissão do Corpo de Deus ano de 1680:
“Francisco Esteves, juiz dos pastores, dará uma dança de paus de seis homens que é a da Lousa. Os cabreiros darão outra dança”.
“Manuel Francisco, juiz dos hortelões, um carro armado de flores e frutas”.
“Simão Fernandes, juiz dos alfaiates, a Serpe bem vestida com quatro homens de guarda com suas chuças e sairá na véspera do dia e correrá a Vila”.
“Francisco Marques, juiz dos cardadores e tosadores dará S. Gens em sua charola acompanhado de duas tochas adiante e uma dança”.
“António Pires, juiz dos sombreiros dará uma dança mourisca com sua insígnia adiante que lavará um sombreiro”.
“Tomás Rodrigues, juiz dos ferreiros, dará quatro diabos e sua insígnia”.
“Paulo Rodrigues, juiz dos tecelões e tecedeiras, dará Santo Estêvão em sua charola e uma dança adiante com seu folião e a dança será de seis moças”.
“Carlos Ribeiro, juiz dos carpinteiros, dará S. José em sua charola e duas tochas e uma dança”.
“Manuel Gomes, genro de João Bonito, juiz dos sapateiros dará S. Crispim em sua charola com duas tochas e uma dança adiante e três moças com violas e castanhetas”.
“André Francisco, juiz dos moleiros desta vila e termo dará Santo António em sua charola e duas tochas e uma dança de seis homens ou moças com seu folião”.
“Mateus Travasses, juiz dos almocreves, dará Santo Amaro em sua charola com quatro tochas e seu guião e uma dança”.
“Domingos Fernandes Grilo juiz dos barbeiros, dará o Rei David com ceptro e coroa muito bem vestido e dois pajens que o acompanhem”.
“António Martins Calrão, juiz dos cadeireiros, dará um guião com descantes de três violas de bons tangedores”.
10/103
PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
Autor.
M. Tavares dos Santos
O Albicastrense

segunda-feira, dezembro 10, 2007

O Palácio da Família Fevereiro

CURIOSIDADES ALBICASTRENSES

Em 1957 o jornal “Beira Baixa”, publicava de forma bastante tímida este pequeno artigo, sobre a decisão da junta Provincial da Beira Baixa em demolir o antigo palácio da família Fevereiro.
O artigo, se
gundo parece terá caído em saco roto!
Pois o nosso palácio foi mesmo abaixo!
Para ali construírem o mamarracho
, que podemos ver na fotografia 2,sem dúvida um belo exemplo da arquitectura moderna Portuguesa.
                   
A pergunta só pode ser uma…
Seria hoje possível tal barbaridade! Consentiriam nos dias de hoje os albicastrenses este verdadeiro despautério?
O Albicastrense

Tiras Humorísticas

terça-feira, dezembro 04, 2007

EDIFÍCIOS DA MINHA CIDADE

                  
                                     PALACETE DO “BARÃO SAL”      
O edifício foi construído na última década do século XIX pelo comerciante Joaquim dos Santos Sal, homem que viria a ficar conhecido pela alcunha do "Barão do Sal". 
Na sessão da Câmara em Outubro de 1890, Joaquim dos Santos Sal apresentou a planta do terreno que possuía entre a rua do Pina e da Amoreirinha, para pedir a construção deste belo edifício. 
Câmara aceitou e convidou o Engenheiro Vaz da Silva, para marcar o alinhamento que devia ter o prédio. 
No rés-do-chão deste belo edifício, Joaquim instalou um grande estabelecimento comercial. A construção deste prédio e dos outros que se seguiriam, tornaram este largo como um dos mais frequentados da nossa cidade no final do século XIX. 
O local tornou-se lugar de culto da sociedade albicastrense, que ali se reunia para conversas de circunstância. 
Passados cento e dez anos, o nosso edifício é hoje um edifício deplorável, no rés-do-chão  (parcialmente ocupado), continua a ter residência um estabelecimento comercial “casa das noivas”, o primeiro andar é sede de um partido político “PSD”.
O largo onde este edifício está instado é hoje conhecida por Praça Rei D. José. No passado  foi conhecido por Largo das Pinheiras, Largo do Barão do Sal e  Largo do Comércio.       
AO SEU PROPRIETÁRIO UMA PERGUNTA:
Para quando a recuperação deste bonito edifício? De que serviu todo o esforça da nossa autarquia na recuperação da zona central da cidade, quando os proprietários dos prédios ali existentes se estão “Borrifando” para esse esforço.                                                   
                                                 O Albicastrense

sábado, dezembro 01, 2007

OS NOSSOS TESOUROS



PORTADOS QUINHENTISTAS
DE
CASTELO BRANCO





Tal como prometi, aqui ficam mais algumas fotografias de portados quinhentistas da zona histórica da cidade de Castelo Branco  (estes sem pinturas).

O Albicastrense

sexta-feira, novembro 30, 2007

Castelo Branco na História IX


(Continuação do número anterior)
A povoação de Castelo Branco tomou grande incremento durante o século XIII e, quando o Rei D. Dinis a visitou em 1285, em companhia da Rainha Santa Isabel, notando que as muralhas que a cingiam constituíam um obstáculo para a sua expansão, ordenou o seu alargamento, custeando a despesa com as rendas reais. As antigas muralhas tinham as seguintes portas: a de S. Tiago, a do Ouro, a da Traição e a do Pelame. A vila foi ampliada em 1319 para os lados do sul e do nascente e a nova muralha posou a ter sete portas. Foram mantidas as portas de S. Tiago, do Ouro e da Traição e acrescentadas as portas da Vila de Santarém, do Espírito Santo e do Esteval. A antiga porta de Pelame, próxima da rua dos Peleteiros e cujo arco ainda existe na Praça Velha (hoje praça Luís Vaz de Camões) ficou dentro do novo perímetro. Para facilitar a entrada e a saída da população foram mais tarde abertas, nas muralhas, a porta do Relógio, o Postigo e Postiguinho de Valadares cuja designação se mantêm numa travessa que liga o actual Largo da Sé com a rua de Santa Maria.
À hora de recolher tangia o sino da Câmara para prevenir a população do encerramento das portas.
Após a extinção da Ordem do Templo, em 1311, pelo Concilio geral de Viana, passou o castelo a ser a sede de uma comenda da Ordem de Cristo, criada pelo Rei D. Dinis, que ordenou a colocação de cruz dessa Ordem e as armas reais nas entradas da vila. Foi em Castelo Branco, no século XV, que o Rei D. João II recebeu os embaixadores dos Reis Católicos de Espanha que vieram, baidadamente, solicitar-lhe indulgência para o duque de Bragança e seu Irmão, o marques de Montemor, comprometidos na conspiração contra o Príncipe Perfeito.
O Rei D. Manuel I visitou também a vila de Castelo Branco em 1510, tento-lhe concedido um novo foral, datado em Santarém, no dia 1 de Junho daquele ano. Durante as guerras da restauração (1646_1668) a vila e a muralha foram muito danificadas pelas incursões dos espanhóis, em consequência da sua posição geográfica, nas proximidades de fronteira.
Nas cortes de 1646, os procuradores de Castelo Branco, que tinham assento no lugar nº 40 do banco 7º, declararam que esta terra perdera durante a guerra 800 homens afora os que dera para o exército e mais de 6800 cabeças de gado. Na invasão de 1648, foi a vila tomada e saqueara pelas tropas castelhanas, tendo sido libertada pouco tempo depois pelas hostes de D. Sancho Manuel, que perseguiram o inimigo para alem da fronteira.
Em 1704, no reinado de D. Pedro II, como Portugal houvesse aderido ao pacto da Grande Aliança, no qual se concertavam, alem do nosso pais. A Inglaterra, a Alemanha e a Áustria ao trono de Espanha, vago pelo falecimento de Carlos II, foi a vila invadida por um corpo de exército franco-castelhano, que demoliu parte da muralha e incendiou a Igreja de Santa Maria do Castelo.
(Continua – 9/103)
PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951

Autor. M. Tavares dos Santos

O Albicastrense

terça-feira, novembro 27, 2007

Zona Histórica de Castelo Branco


“Quem te Protege – II”

No dia quinze deste mês, publiquei neste blog uma pequena noticia sobre a pintura dos portados de granito (e respectivas portas em cinzento), de uma casa situada na rua dos Ferreiros (em obras), convencido que a divulgação de tal barbárie, poderia impedir que futuras situações iguais a esta não mais fossem possíveis nesta zona da nossa cidade.
Tinha ainda como objectivo, saber qual o papel da nossa autarquia perante tal crueza!
Passados doze dias após essa divulgação, o proprietário do estabelecimento iniciou hoje dia 27, a limpeza dos respectivos portados (depois de ser notificado pela autarquia albicastrense, segundo soube), conforme se pode ver na fotografia aqui apresentada.
A mensagem que aqui quero deixar; não é a de dizer, que tudo está bem, quando acaba bem, mas antes perguntar à nossa autarquia o seguinte;
Quando alguém se propõe fazer obras numa das muitas casa da zona histórica da nossa cidade e se dirige à autarquia a pedir licenciamento para essas obras, não deveria a nossa autarquia desde logo explicar todas as regras do jogo, evitando desde logo este tipo de abusos? Espero que de futuro casos como este possam ser evitados, para bem da preservação da zona histórica da cidade de Castelo Branco,
Lembrava aqui um episódio muito conhecido na política portuguesa durante a ditadura.

Um dia vieram uns senhores a casa de um desconhecido que morava bem perto de mim e lavaram-no… não quis saber de nada, pois não me dizia respeito.
Outro dia
vieram os mesmos senhores a casa de um vizinho, que eu conhecia de vista e lavaram-no igualmente… também não quis saber de nada, pois não era comigo.
Num outro dia
os mesmos senhores levaram um meu conhecido, aí perguntei que fez ele? Demasiado tarde….

Moral da história: hoje são os portados de granito simples a ser pintados de cinzento (como o silencio é total), amanhã poderão ser os portados quinhentistas a ser pintados de verde ou vermelho.

O Albicastrense

sábado, novembro 24, 2007

Bordado de Castelo Branco

Colchas de Noivado

O bordado de Castelo Branco é como todos nós sabemos, o maior embaixador do artesanato albicastrense, e um dos mais conceituados do nosso país.
Reis, Rainhas, Presidentes e Primeiros-ministros de países estrangeiros têm hoje em suas casas, colchas ou painéis do bordado de Castelo Branco, brindados pelos nossos governantes ao longo dos tempos.
No entanto se formos ao museu Francisco Tavares Proença Júnior, ou a qualquer livraria da cidade (ou fora da cidade), à procura de uma qualquer publicação sobre os nossos bordados, não encontramos rigorosamente nada à venda.
Não sei a quem cabem as responsabilidades de tal desmazelo, sei no entanto, que os nossos bordados não merecem tal descuido, se não existe arte e engenho por parte dos respon
sáveis deste sector, para se publicar um livro sobre o bordado de Castelo Branco, então que se reeditem edições anteriores meus senhores.
Ainda em relação ao nosso bordado gostaria de dar a conhecer um pequeno texto de: E. De Salles Viana, publicado em 1942 para uma exposição realizada em Castelo Branco sobre;
“Colchas de noivado”, que encontrei na nova biblioteca da nossa cidade, e que adorei ler.

ALGUMAS PALAVRAS

Colchas de noivado! Bordados de Castelo Branco!
O linho e a seda unidos em jubileu festejam a Vida, o Amor…a cantar!
Desferem-se toadas de cor e estrofes singelas de desenhos que são símbolos! E, na letra destes poemas, rimam cravos e lírios, heras e jasmins, romãs e gavinhas… Se cada colcha é uma parábola de Amor, se cada colcha é hino que celebra um novo Lar!

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E as colchas foram bordadas pelas noivas para o tálamo nupcial!
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Para as colchas se semeou o linho que, amadurecido, foi ripado, curtido, maçado, espadelado, assedado, fiado, ensarilhado, branqueado, urdido e tecido, no vai-vem compassado das apeanhas e canelas dos teares venerados.
Para as colchas se plantaram as amoreiras, se criou o sirgo, se fiou a seda que, posta em meadas, foi lavada, branqueada e tingida.
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Velha é esta arte dos bordados caseiros da Beira Baixa que nasceu dos motivos de decoração persa e sofreu, pelo vagabundear dos anos, as influencias do Renascimento, do Barroco, da Índia, da China, dos damascos e dos estampados orientais.E as colchas de Castelo Branco são em tudo, apesar da fronteira que as separa, irmãs gémeas das colchas de Toledo, na matéria, na cor no desenho e… no destino!

COLCHAS DE NOIVADO

“Sobrecamas de noivos” lhe chamam em Toledo; “colchas de casamento” lhe chamam em Trancoso e noutras terras do termo da Guarda.
Nas colchas de noivado, ouvem-se ainda os ecos distantes e saudosas dos
cânticos de Amor que algum dia se salmodiaram à luz do Desejo, na liturgia de casamentos já longínquos, quando ainda se cumpria, como dever e como lei de Deus, a máxima da Bíblia Sagrada que ordenou a multiplicação da Raça!
Há um certo parentesco entre as colchas de noivado da Beira Baixa e os lenços de namorados do Minho e de Trás-os-Montes. Num desses lenços, entre muitos do acaso, bordados a vermelho e a ponte cruz, vêem-se pequenas albarradas ladeadas por dois pássaros, e, a par, dois corações que florescem em comum, um galo e uma galinha cobertos pela coroa real. Ao lado do galo está a letra M (Manuel).
Ao lado da galinha lê-se Min, o eu da bordadeira que afinal se chamava Gracinda Rosa, como se revela na outra margem do lenço. A certa altura uma data! 1907, o ano feliz em que o Manuel e a Gracinda abriram um ao outro seus corações em festa.
A albarrada representa a Família e os dois corações que a par florescem em comum, são duas almas num corpo só; o galo e a galinha, num único ramo, aludem aos desposados; e a coroa real, longe de ser um símbolo de heráldica, é antes a expressão plástica da autoridade familiar, a soberania do patriarca.
Ora nas colchas de noivado o pássaro bicéfalo não pode deixar de representar também as mesmas duas almas num corpo só; as albarradas e as árvores, a Família, os dois pássaros a ladear ramos ou arvores, os desposados: os encadeados, a cadeia indestrutível do matrimónio que vai ligar os nubentes. E assim, os cravos alegorizam o homem, as rosa a mulher, os lírios a virgindade, os corações o Amor, as gavinhas a amizade, e hera a afeição, os jasmins a pureza, o galo a virilidade, as romãs e as pinhas a união indissolúvel da Família, na alegria e na dor, as frangas e os galaripos a Prole Bendita, fruto do casamento.

O pássaro bicéfalo não tem pois significado heráldico.
E, embora as colchas sirvam hoje para engalanar varandas, balcões e janelas, em dias de procissões, também nenhuma se fez com intuito religioso, em nenhuma se vê qualquer alusão mística, nem sequer a Cruz, símbolo e síntese máxima do cristianismo.
Colchas de noivado, sempre diferentes! O linho e a seda unidos em jubileu festejam a Vida, o Amor… a cantar!

Maio de 1942 E. DE SALLES VIANA

O Albicastrense

quinta-feira, novembro 22, 2007

TOPONÍMIA ALBICASTRENSE - (XII)

ZONA HISTÓRICA

Ruas e Praças da Terra Albicastrense

Na toponímia albicastrense, existem nomes que todos nós já ouvimos, mas cujo significado na maior parte das vezes desconhecemos. Estão neste caso muitas das ruas do castelo: rua do Arressário, D`Ega, Peleteiros e Cabeças são algumas dessas ruas, na minha pesquisa no antigo jornal “A Beira Baixa”, encontrei este pequeno artigo do Prof. J. Diogo Correia referente à toponímia albicastrense da década de 50, artigo que não resisti em publicar neste blog. 
Arreçário e não Arressário, como lá está escrito, é um termo arcaico em que entra a palavra árabe “arrç” seguida da terminação portuguesa
arioSignifica: Elevação de terreno entre dois vales, lomba, cumeada. No caso presente, equivale a: Rua da Ladeira ou Costa, visto estar situada na costa do Castelo. 
Há o mesmo topónimo nas vilas de Sintra e Castelo de Vide. Partidária de França Ega é o nome de uma antiquíssima povoação do concelho de Condeixa, conquistada aos Mouros por D. Afonso Henriques; a primitiva designação da cidade de Tefé do Estado do Amazonas, no Brasil, e ainda o sobrenome de uma das personagens de "Os Maias”, de Eça de Queirós.
Presume que nesta rua houvesse morado um fidalgo ou rico-homem com aquele nome ou apelido, talvez o possessor da terra conhecida em Malpica do Tejo por Navedega (nave, ou planura, de Ega).
Creio que nenhuma afinidade teve com este topónimo albicastrense a famosa Condessa da Ega, acérrima e favorita de Junot, em 1807.
Peliteiros, e não Peleteiros, como erroneamente se escreveu num dos cunhais desta rua e outra travessa que tem o mesmo nome.
Em tempos já distantes, certas ruas eram designadas pelos mesteres que nelas predominantemente se exerciam. Assim aparecem as ruas: dos Ferreiros, dos Oleiros, dos Peliteiros, etc. Mas objectarão, porventura alguns leitores menos cultos, se a palavra não se relaciona com pele… A estes supostos interpelantes darei a seguinte explicação.
Nunca se me deparou a palavra peleteiro, nem nos autores modernos, nem nos textos antigos; mas sei que teve larga vida o termo peliteiro, o mesmo que peliceiro (o mesmo que curtidor de peles), outro vocábulo que também desapareceu do falar comum e que nos veio do baixo latim peliqueiros. Em Trás-os-Montes, ainda hoje chamam aos negociantes de peles peliceiros e peliqueiros. Em todos os exemplos citados aparece sempre, como não podia deixar de ser, o a seguir ao l, acrescida do sufixo eiró, designativo de profissão, como sapateiro, livreiro, pedreiro etc.
J. Diogo Correia terminava este esclarecimento com um recado à autarquia albicastrenseSe tanto me é permitido, daqui peço à ilustre edilidade albicastrense, que pondere as razoes acima alegadas a favor da legitimidade de paliteiro o qual em boa verdade, não é de todo despiciente. 

Texto publicado como foi escrito no jornal “Beira Baixa
em 1955. Autor, Prof J. Diogo Correia
O Albicastrense

sábado, novembro 17, 2007

Castelo Branco na História VIII

(Continuação do número anterior)

Determinaram então, por escritura lavrada em Fevereiro de 1230:
Que os de Castelo Branco mandassem edificar uma Igreja no lugar onde foram mortos os homens da Covilhã;
Que se juntassem as ossadas dos mortos para serem sepultadas nesta Igreja;
Que um capelão, pago pelos de Castelo Branco e pelos freires de Cristo, dissesse ali missa todos os dias por alma dos sobreditos mortos;
Que os vizinhos da Covilhã ficassem equiparados aos de Castelo Branco em poderem passar o porto do Tejo;
Que se alguém de Covilhã tivesse queixa de alguém de Castelo Branco viesse a esta vila dizer de sua justiça e se seguísse o mesmo trocada a hipótese, não devendo haver medianido entre os dois concelhos;
Que os de Covilhã e os de Castelo Branco se auxiliassem mutuamente na guerra;
Que o alcaide-mor de Covilhã acompanhado dos alcaides e de dez cavaleiros conduzisse a bandeira de Covilhã a Castelo Branco; que o alcaide-mor desta vila convocasse pelo pregoeiro todos os habitantes do seu concelho e todos saíssem das muralhas a receber aquela bandeira, que seria hasteada pelo comendador de Castelo Branco no lugar mais elevado da Alcáçova;
Que todos erguessem as mãos ao céu e jurassem perante Deus de cumprir este acordo;
Que em sinal de paz o alcaide-mor de Covilhã desse um beijo ao mestre do Templo e o mesmo fizessem os alcaides de Covilhã e Castelo Branco;
Que se alguém, recordando-se de antigos ódios, ofendesse pessoa doutro concelho, fizesse nele justiça o concelho do ofendido;
Que se alguma das partes deixasse de cumprir pagasse à outra dois mil áureos, podendo a que obedecesse a esta sentença fazer apreensão à contraventora em bens equivalentes à multa convencionada.
No sítio da Contenda ainda hoje existem as ruínas da ermida construída pelos habitantes de Castelo Branco para sepultar os de Covilhã que foram chacinados na serra da Gardunha.
Esta ermida era da invocação de S. Pedro, podendo ainda ver-se a imagem deste santo na Igreja do lugar de Cortiçada.
Segundo a tradição, a praça da Concórdia em Vale de Prazeres deve a sua toponímia ao termo da contenda entre os dois concelhos,
Em 10 de Março de 1240 foi a vila de Castelo Branco visitada pelo rei D. Sancho II, que aqui ordenou o povoamento do território de Idanha-a-Velha.
Sendo mestre da Ordem do Templo D. João Escritor, fizeram os Templários, em Setembro de 1242, uma concordata com o bispo da Guarda para que este bispo tivesse umas “suficientes e honradas casas” na vila de Castelo Branco e em Vila Velha de Rodam para nelas recolher suas rendas e procurações.

(Continua – 8/103)

PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951

Autor. M. Tavares dos Santos

O Albicastrense

quinta-feira, novembro 15, 2007

Zona Histórica de Castelo Branco

Quem de protege?

A zona histórica da cidade de Castelo Branco “Castelo” foi durante mais de 50 anos uma zona da cidade esquecida pela autarquia albicastrense, ali tudo era possível fazer-se, pois não havia qualquer fiscalização para evitar as muitas burrices urbanísticas ali cometidas ao longo desse tempo.
Pensava eu que tal atitude era prática de outro tempo… puro engano!
A praxe contin
ua na nossa zona histórica, o caso aqui relatado não é de gravidade extrema, no entanto não podemos deixar de denunciar esta irresponsabilidade, é nosso dever denunciar este tipo de atentado ao nosso património arquitectónico, para que os responsáveis possam ser devidamente responsabilizados e penalizados.

Vamos aos factos:

As fotografias aqui apresentadas mostram-nos a fachada dum prédio situado na rua dos Ferreiros onde até há pouco tempo existia um restaurante que tinha por nome “ O Ferreiro”. Após o trespasse deste estabelecimento, o novo proprietário resolveu fazer obras no estabelecimento, depois das obras feitas no interior, toca a pintar parte da fachada do prédio ocupada pelo restaurante (aqui é que a porca troce o rabo).
Então não é que o respectivo proprietário resolve pintar todas a portas de cinzento e respectivas ombreiras em granito da mesma cor (conforme aliás se pode ver nas fotografias), é caso para dizer que nem
o diabo se lembraria de tal barbaridade nos tempos actuais! (Veja-se a diferença entre as ombreiras pintadas pelo nosso “herói” e as outras existentes no local)
Onde raio estão os organismos albicastrenses (Câmara e I.P.A.R) responsáveis pela protecção da nossa zona histórica?
Esta zona da nossa cidade, não pode continuar a ser um faroeste onde tudo pode continuar a ser feito e ninguém é responsabilizado.

Aos albicastrenses lançava desde já um desafio…

Quando o restaurante abrir ao público, ninguém deveria ir àquele espaço, enquanto os respectivas portados não forem devidamente limpos, pois só assim é possível evitar e punir este tipo de comportamento irresponsável.

O Albicastrense

ANTÓNIO ROXO - DEPOIS DO ABSOLUTISMO - (12)

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