sábado, maio 26, 2007

ALBICASTRENSES ILUSTRES XXVI



MANUEL JOAQUIM HENRIQUES DE PAIVA

1752 - 1829

Nasceu em Castelo Branco em 1752, de família de médicos e de cientistas, e faleceu na Baia (Brasil) em 1829. Data da sua juventude uma primeira permanência no Brasil (Rio de Janeiro), onde estuda farmácia. Em 1772 regressa a Portugal, e matricula-se na Universidade de Coimbra, em 1781 conclui a formatura em medicina. Ao longo da sua vida profissional, e até 1808, desempenha numerosos e relevantes cargos, gozando de largo prestigio e sendo objecto de altas distinções. Porem, a esta dada, e em virtude das suas tendências Bonapartistas, é encarcerado, tendo-lhe sido retirado todos os cargos e honras. Condenado ao degredo para o Ultramar, embarca para o Brasil onde cumpriria a sentença na cidade de Baia. Em 1816, a ”Real clemência e piedade” de D. João VI reintegra-o nas honras perdidas anos antes. Na Baia regeu, por esta altura e até a sua morte, no Colégio Médico-cirúrgico a cadeira de Matéria Médica e Farmácia. Como autor foi um dos que mais livros publicou, e são vários os seus livros destinados à leitura e ao aproveitamento pêlos leigos, com ensinamentos sobre os primeiros socorros, envenenamentos, cuidados com as crianças, e epidemias etc. O seu trabalho mais importante terá sido o Directório para se saber o modo, e o tempo de administrar o Alcalino volátil fluido nas asfixias, ou mortes aparentes, nos afogados, nas apoplexias, na mordedura de víbora, de lacraus e outros insectos, nas queimaduras, na raiva, e outras muitas enfermidades.
O Albicastrense

sexta-feira, maio 25, 2007

CASTELO BRANCO


NO TEMPO
Em 18 de Maio de 1892, a fábrica de transformação de cortiça, propriedade do grande industrial corticeiro, José Lopes Burgos, iniciou a sua plena laboração.
Esta unidade industrial situava-se na rua Postiguinhos de Valadares, onde trabalhavam 58 operários, de ambos os sexos, José Burgos foi um industrial de grande prestígio e iniciativa. Animado pelos excelentes resultados obtidos, alargou a sua onerosa actividade de extracção e transformação de cortiça, tendo edificado, junto a estação da CP, em Castelo Branco, uma fabrica de raiz, moderna e ampla, com todos os requisitos de higiene e equipada com sofisticada maquinaria transformadora, a qual produzia centenas de rolhas por hora.
A construção desta fábrica, neste local, tinha como principal objectivo, ficar próximo da via-férrea, por onde escoaria o produto final.
Em 1911 esta firma já empregava 251 trabalhadores, sendo 136 do sexo masculino e 115 do feminino. Destas 251 operários, apenas 30 homens e 4 mulheres sabiam ler.
PS. A recolha dos dados históricos é de José Dias. 
A compilação é de Gil Reis e foram publicados no Jornal ”A Reconquista”

O Albicastrense

quarta-feira, maio 23, 2007

TASCAS DA MINHA CIDADE

A Tasca do Carvoeiro

A tasca do Carvoeiro hoje conhecida pelo “Restaurante Medieval” e sem qualquer dúvida um dos estabelecimentos do género mais antigos da nossa cidade.
Não sabendo bem o ano da sua abertura, não estarei porém muito longe da verdade se dizer que poderá ter acontecido por volta dos anos 20 ou 30.
A referida Tasca teve a sua primeira residência no começo da rua dos Ferreiros, para quem vem do largo de S. João, mais precisamente no prédio que fica de frente ao actual restaurante que ali podemos ver “O Ferreiro”.
O seu proprietário e fundador, era um sujeito chamado Crespo, e por esse motivo a tasca ostentava o seu nome, “ A Tasca do Crespo”.
Na década de 40, Zé Carmona compra a tasca ao Crespo, e na porta do lado instala uma carvoaria é caso para dizer: que de uma cajadada, mata dois coelhos, ou seja junta no mesmo estabelecimento vinho e carvão o que era normal nessa altura.
A mudança do n
ome da tasca estava em curso, sem que Zé Carmona se apercebesse de tal, a partir desse momento a taberna ficava a ser conhecida pela tasca do Carvoeiro, contra a sua vontade, pois sempre que alguém prenunciava o nome, lá vinha o “Ralhete Carvoeiro? Não… Zé Carmona!”.
Na década de 60 a nossa tasca muda-se para a rua do Oleiros, e perde uma das suas especialidades: o carvão, voltando-se unicamente para o negócio do vinho, o nome, mantêm-se independentemente do Tio Zé Carmona continuar a não ser grande fã dele.
É nesta altura que é criado na tasca um dos grupos de apostadores,
mais conhecidos ao longo da sua existência, “Os Prognósticos” que era na maioria constituído por trabalhadores da antiga Auto-Mecânica. Por volta de 90, Zé Carmona reforma-se e retira-se do negócio trespassando a tasca.
Novo dono, representa novas ideias, varias mudanças, e a metamorfose acontece… nem o velho nome escapou a esta razia… e eis que surge “O Medieval” que já terá tido melhores dias…
Da velha tasca nada resta além das lembranças espalhadas, pelas memórias de alguns albicastrenses, que se iram apagando com a passagem do tempo.

O Albicastrense

sábado, maio 19, 2007

OS NOMES DAS RUAS DA MINHA CIDADE

TOPONÍMIA ALBICASTRENSE

A palavra toponímia é derivada dos termos gregos (tópos), lugar, e (ónoma), nome, (o nome de um lugar). 
Toponímia significa o estudo histórico e linguístico da origem dos lugares. 
A toponímia está intimamente relacionada aos valores culturais das populações, reflectindo e perpetuando a importância histórica de factos, pessoas, costumes, eventos e lugares, que ficarão na nossa memória colectiva, como motivo de orgulho para sempre. 
De acordo com a Lei vigente, compete às Câmaras Municipais a denominação das Avenidas, Ruas, Pracetas, Travessas, Becos e Largos das povoações, assim como a numeração dos seus edifícios. 
Em Castelo Branco este principio dos valores culturais e da importância histórica de factos há muito que foi esquecido, e terá inclusivamente sido mandado para o baú das recordações passadas, pelos nossos representantes autárquicos.
Para o demonstrar bastaria lembrar aqui alguns nomes dados nos últimos 50 anos, a algumas das nossas ruas, o que eu me dispenso de fazer. Este blog irá a partir de agora tentar esclarecer os albicastrenses, sobre quem são alguns dos Portugueses que têm os seus nas nossas ruas, e que fizeram eles para merecem tal honra. 
 RUA
"TENENTE VALADIM"
Situada na zona do castelo, a rua têm o seu início perto da torre do relógio, terminando a mesma na rua Mouzinho Magro, esta rua era antes conhecida, por rua dos “Curraes”. 
QUEM FOI O TENENTE VALADIM?
Eduardo António Prieto Valadim, nasceu em Lisboa a 13 de Julho de 1856, em 1884 foi como militar servir Portugal, para a antiga província ultramarina de Moçambique. 
Participou em varias batalhas no sertão Moçambicano. O seu nome ficaria para a história pelo facto de ser incumbido de comandar uma expedição a vários régulos e, a despeito do êxito alcançado junto de alguns, foi friamente decapitado pelo ”régulo Mataca" (1) em Janeiro de 1890. Resta acrescentar que depois de “cabeça cortada” justiça na terra, hoje praticamente todas as nossas cidades têm uma rua com o nome de Tenente Valadim, não sabendo porém os habitantes, quem foi Tenente Valadim.
(1) Régulo Mataca, dominava enormes áreas do sertão Moçambicano, e foi sempre um feroz inimigo de Portugal, diversas expedições foram organizadas para o combater – "pacificar, era o eufemismo usado na altura”, em finais do século XIX, princípios do seguinte.
PS. Muito mais podia dizer sobre Eduardo António Prieto Valadim, contudo, não é objectivo destes postes dar a conhecer muito em pormenor os patronos das nossa ruas, mas antes, abrir o apetite à descoberta de quem se possa interessar por esses patronos.
O Albicastrense 

terça-feira, maio 15, 2007

INSTITUIÇOES DA MINHA CIDADE

JORNAL “A RECONQUISTA”

(62 ANOS DE EXISTÊNCIA)

No dia 13 de Maio de 1945, surgiu à luz do dia, o primeiro número do semanário regionalista “A Reconquista”, tinha como director, o Padre Albano da Costa Pinto e como redactor principal o Dr. Duque Vieira.
Foi seu primeiro editor o comerciante Francisco Vilela e era composto e impresso na Tipografia Semedo, em Castelo Branco.
Tinha por princípio e como estatuto redactorial o seguinte texto:
“O bem comum é o nosso programa e o nosso fim. Interessa-nos tudo de que possa resultar algum benefício para a colectividade, quer para a pequena colectividade local quer para a grande colectividade nacional. Como normas permanentes do nosso pensar e sentir, estão os princípios eternos do cristianismo”.
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Sessenta e dois anos depois o jornal “A Reconquista” é sem qualquer dúvida hoje, um dos elos mais importante na ligação entre os albicastrenses e a sua cidade por esse mundo fora.
É apenas um exemplo, e vale o que vale, mas gostaria de aqui contar uma pequena história pessoal demonstrativa deste facto, em tempos bastante difíceis para a juventude Portuguesa .
Entre Setembro de 73 e Março de 1975 estive em Angola a cumprir o meu serviço militar, o destacamento de Fuzileiros do qual fazia parte foi colocado no leste de Angola. Os meios de comunicação entre aquele local e o resto do mundo eram, a rádio e um pequeno avião que de quinze em quinze dias ali se deslocava.
A chegada deste pequeno avião era motivo de festa entre as nossas tropas estacionadas em Chilombo, (assim se chamava aquele lugar do fim do mundo), este pequeno avião trazia-nos mantimentos e muito principalmente o correio expedido do metrópole (designação dada a Portugal continental).
Um irmão meu mandava-me regularmente de Castelo Branco dois jornais (A Bola e A Reconquista), a maior parte das vezes os jornais desapareciam pelo caminho, porém em algumas ocasiões chegavam! Fora do prazo mas chegavam! Já lidos e relidos por meio mundo.
Ainda hoje consigo recordar o que era receber o jornal ”A Reconquista”, a sua leitura era algo prioritário, e muitas vezes fazia-o na antes da leitura das muitas cartas das inúmeras madrinhas de guerra que todos nós tinha-mos na altura, depois das cartas da família voltava a ser lido, de seguida era guardado para mais tarde voltar a ler.
É apenas um dado pessoal, passado há trinta e três anos, mas não tenho qualquer dúvida que este acontecimento é ainda hoje repetido (33 anos depois), por muitos dos albicastrenses emigrados por esse mundo fora.
A sua linha editorial é sem qualquer dúvida discutível, no entanto os serviços prestados ao longo destes 62 anos aos albicastrenses são incalculáveis e digno de admiração por todos nós.
Ao seu director e a todos os seus trabalhadores o Albicastrense deseja no mínimo mais 62 anos de existência.

O Albicastrense

domingo, maio 13, 2007

A HISTÓRIA DO PARDALINHO

QUE CAIU DO NINHO

Esta é a história do pardalinho
que caiu do seu ninho,
e só dizia baixinho, píu, piu.

Até parecia que o pardalinho
afinal dizia … Mãe, Mãe,
ajuda-me pois estou perdido,
sem saber o caminho.

Porém passou alguém
que pegando no pardalinho
sussurrou baixinho dizendo:
Que te aconteceu passarinho?

Esta é a história do pardalinho
que caiu do seu ninho,
e só dizia baixinho piu, piu.

Triste história a do pardalinho
que caiu do seu ninho,
e parecia, que dizia baixinho,
levem-me para o meu cantinho.

Esta é a história do pardalinho
que caiu do seu ninho,
e só dizia piu, piu.

Termina esta história
com o adeus ao pardalinho,
pois até parecia que ao despedir-nos
ele dizia baixinho.
“Bem-haja, pelo novo lar”

1º - Em primeiro lugar peso desculpa aos visitantes deste blog, pela minha pequena loucura de escrever este post.

2º – Este post é dedicado á Delfina pessoa que conheço à quase trinta anos, e que ao longo deste tempo manteve sempre, as suas convicções.

O Albicastrense

quinta-feira, maio 10, 2007

A NOSSA HISTÓRIA - (II)



A TERRA ALBICASTRENSE ATRAVÉS DOS TEMPOS 
A 1 de Junho de 1930, a população do distrito de Castelo Branco era de 265.573 habitantes, 80,4 por cento eram analfabetos (sabiam ler 33.753 homens e 11.858 mulheres).
A população residente na cidade de Castelo Branco era de 10.355 habitantes. Havia 30 fábricas no Concelho de Castelo Branco, oito das quais eram de transformação de cortiça. Havia 84 lagares de azeite. 
O movimento de passageiros na estação da CP de Castelo Branco era de 149.572 (já na época era o maior da Beira Baixa).
O salário agrícola médio era de 6$70. O quilo de batatas custava $50. Um litro de azeite custava 6$00. Um litro de vinho custava 1$10. O carvão era vendido a $50 o quilo e o milho a $93 o litro. O arroz 2$50 o litro. O pão de trigo a 2$10 o quilo e o pão centeio a 1$50 o quilo.
Comentários para quê?
PS. A recolha dos dados históricos é de José Dias.
A compilação é de Gil Reis e foram publicados no Jornal ”A Reconquista”
O Albicastrense

terça-feira, maio 08, 2007

EXPOSIÇÃO DE PINTURA


Sala da Nora 
do 
Cine - Teatro Avenida
(20 de Abril - 13 de Maio)
Visitei hoje a exposição que se encontra patente ao público na Sala da Nora do Cine - Teatro Avenida e quero desde já recomenda-la vivamente.
É hoje muito comum entre as nossas “elites da pintura” valorizar os traços e rabiscos de alguns pintores ilustres da nossa praça e até mundial, dizendo muitas vezes para quem os quiser ouvir ou le
r: “Que cores! Que linhas!” Acrescentando logo de seguida “Ele é o máximo”.
Até pode ser que ass
im seja… porém o albicastrense pertence a outra “escola”: a escola da simplicidade na pintura, onde tudo tem que ser o que aparenta e não me digam que a linha ou o traço, esconde um qualquer imaginativo objecto ou determinada situação. Na pintura de João Salcedas, podemos ver as nossas lembranças pintadas e de seguida agasalha-las com afecto e saudade.
A este Beirão, (que não conheço), um grande Bem-haja pela sua pintura.
P.S. - Atenção que a exposição termina no próximo dia 13 de Maio. Vá visita-la sem falta 
O Albicastrense

sábado, maio 05, 2007

LARGO DO MUNICIPÍO

João Rodrigues Castelo Branco

(Amato Lusitano)

A  Praça do Município, (o largo frente a Câmara Municipal), tem desde à muito a estátua de um dos mais ilustres albicastrenses de sempre: João Rodrigues de Castelo Branco, também conhecido por Amato Lusitano.
Com as mudanças feitas neste largo, decidiu a nossa autarquia, (e muito bem), escrever no local um pequeno registo histórico referente a este nosso conterrâneo.
A placa de ferro com os respectivos dizeres foi cravada no chão, frente á estátua de Amato Lusitano. Se a ideia era boa como já disse anteriormente, a solução encontrada para o efeito foi péssima em meu entender. Quem por ali passa não pode deixar de se interrogar:
Quem foi o engenhoso responsável pela colocação desta placa no chão?
Não haveria outra solução melhor para colocar esta placa?
Aqui o albicastrense que passa por ali quase todos os dias, estranha a solução encontrada e lamenta a situação actual da referida placa, que a seguir transcreve:
- Como é de ferro enferrujou tornando difícil a sua leitura;
- Alguns dos parafusos que a prendem ao chão rebentaram, fazendo com que a chapa num dos lados, “arrebitasse um pouco as orelhas”, o que até torna possível algum tropeção de pessoas mais distraídas
Como se não bastassem as desgraças descritas anteriormente, acrescento que para conseguir lê-la, tive de me por de cócoras, pois só desta maneira foi possível a leitura da malfadada chapa.
Aqui fica mais um recado para a nossa autarquia:
Senhor Presidente ele mora á sua porta! Merece seguramente melhor tratamento…
O albicastrense

terça-feira, maio 01, 2007

CAFÉS DA MINHA CIDADE

Café Beirão

O Café Beirão é sem qualquer dúvida um dos mais antigos estabelecimentos deste ramo na nossa cidade, podendo inclusivamente ser considerado actualmente o decano dos cafés da cidade de Castelo Branco.
Aberto nos anos quarenta no local onde anteriormente existia uma oficina de mármores por Chico Carriço, (com o nome por qual ainda hoje é conhecido “Café Beirão”), estará a beira de comemorar setenta anos de idade.
Durante aproximadamente 17 anos Chico Carriço manteve-se á frente do café, porém em 1966 trespassou-o para o seu actual proprietário a quem todos hoje designamos por “Tonho do Beirão” e que ali se mantém á mais de quarenta anos.
É um café sem grandes floreados, mas com raízes bem profundas no coração dos albicastrenses, se perguntarmos a alguém onde fica todos dirão: Largo da Sé. A sua explanada é sem qualquer dúvida lugar de culto nos verões da nossa cidade, os caracóis ali servidas tiram do céu o mais fiel devoto de qualquer santo, isto sem esquecer a bela imperial como acompanhamento.
Numa cidade onde o “deita abaixo” é normalmente o desporto favorito de alguns, gostaria de recordar aqui o velho café Lusitânia e o saudoso café Arcádia, cafés da minha infância que os albicastrenses não souberam defender dos ignorantes da nossa história.
Ao Café Beirão este albicastrense deseja muitos e muitos anos a servir os albicastrenses.
O Albicastrense

ANTÓNIO ROXO - DEPOIS DO ABSOLUTISMO - (12)

"MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE" Espaço da vida político-social de Castelo Branco, após a implantação do regime constitucional. U...