quinta-feira, dezembro 27, 2007

Castelo Branco na História XI

(Continuação do número anterior)
“Lucas Fernandes, juiz dos ferradores, dará S. Jorge em seu cavalo com dois estribeiros de cada lado à turquesca.
“ Francisco Travassos, juiz dos estalajadeiros, dará oito homens de alabardas em corpo com couras, ou vestidos de armas brancas com tambor adiante de S. Jorge e um pifano.
“Bartolomeu Rodrigues, juiz dos espingardeiros e serralheiros dará um homem com insígnia se alferes, com a sua banda, que irá a cavalo diante dos soldados de S. Jorge, por pajem da lança.
“Marcos Fernandes, juiz dos oleiros, dará um rei mouro com corôa e ceptro, com quatro mouros a seu lado com seus alfanges, que irão a traz de S. Jorge. “Manuel Sanches, juiz dos pedreiros, dará um estandarte ou bandeira de guerra e um tambor que irá adiante dos soldados de S. Jorge.
“Gaspar da Fonseca, juiz dos cereeiros dará oito tochas para acompanhar o Santíssimo.
“Os mercadores cada um dará uma tocha que eles levarão ou mandarão ter na procissão.
“Catarina Martins Ferreira, juíza das padeiras, dará duas pelas e um dança de seis mulheres com pandeiros e castanhetas com seu folião.
“Os boticários cada um levara sua tocha entre os mercadores.
“Manuel Martins Galeguinhos, juiz dos maquilões dará uma dança pastoril (Designavam-se maquilões os homens que transportavam os cereais para os moinhos e a farinha para a casa dos clientes dos moleiros).
“O alferes de S. Marcos irá com seu guião.
“Baltazar Gonçalves, juiz dos mulateiros e burriqueiros dará uma dança mourisca de oito homens.
“Os obrigados e magarefes dos açougues levarão, uma hora antes da procissão sair, um touro amarrado à corda pelas ruas por onde for a procissão, com homens que levem suas aguilhadas para tagerem o touro e, na corda a que for amarrada, irão pegando nas pontas uns a traz e outros adiante do boi.
A festa principiava na véspera, em que os juízes de oficio tinham de ir à Câmara mostrar as suas danças e folias, sendo multado ou preso aquele que não cumprisse.
Nesse dia eram permitidas todas as folganças e truanicas, sendo os diabos (pobres aprendizes de ferreiro pintados de preto e de vermelho) apedrejados pelos gaiatos entre chufas a risotas.
Porém, no dia da procissão, não eram permitidos os motojos da véspera e o cortejo fazia-se com a circunspecção das autoridades e a compostura de todas os figurantes, sob a vigilância atenta dos meirinhos e beleguins.
11/103
PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
Autor.
M. Tavares dos Santos
O Albicastrense

sexta-feira, dezembro 21, 2007

MONUMENTO AO COMBATENTE

O Bem-haja de um ex. Combatente

A Câmara Municipal de Castelo Branco, cumpre promessa feita e transfere do cemitério da cidade, para uma rotunda da Quinta Nova, o monumento dedicado ao Combatente. Oitenta e três anos, após a sua colocação no cemitério da cidade, (9 de Abril de 1924), este monumento tem por fim um local digno do nome que ostenta.
É fácil, criticar decisões da nossa autarquia em relação a determinadas obras
feitas da nossa cidade, (o que eu muitas vezes aqui faço), porém, também fácil se torna elogiar decisões, quando elas são exemplo de bom senso e de reposição de justiça para com aqueles que deram a vida, ou lutaram por aquilo que pensavam ser o melhor para o seu pais.
Como ex. Combatente em Angola, (1973-1975) avesso a recordações e homenagens ranhosas, de tais factos não posso deixar de aplaudir este feito e elogiar esta bela iniciativa da autarquia albicastrense.
Ao presidente Joaquim Morão, representante maior da nossa autarquia, o meu bem-haja por este acto de justiça para com os ex. Combatentes

O albicastrense

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Festas Felizes

O albicastrense

ALBICASTRENSES ILUSTRES - 0

JOSÉ GERMANO DA CUNHA

1839-1903

Nasceu em Castelo Branco em 1839, faleceu em 1903 no Fundão, localidade que adoptou do coração e na qual viveu a m maior parte da vida e a qual lhe ficou a dever iniciativas e melhoramentos, com reflexos, principalmente, na Santa Casa de Misericórdia, no Casino Fundanense (que ostenta na fachada um medalhão com a sua efígie), no mercado publico. De muito novo que começou a colaborar, em prosa e verso em jornais, tendo sido o fundador dos periódicos Apostolo da verdade (1870), O Jornal do Fundão (1898) Unais da Serra (1900). Investigador da história regional, escreveu: Noticia histórica da Santa Casa da Misericórdia do Fundão (1870), A propósito da ”Monografia de Castelo Branco” (1891), texto que completa, em alguns aspectos, o livro sobre Castelo Branco publicado em (1890) e da autoria de António Roxo, Apontamentos para a historia do concelho do Fundão (1892), Jornalismo no distrito de Castelo Branco (1893), O conselheiro de Estado José Silvestre Ribeiro (1893). Alguma da sua produção poética surge reunida em fotografias (que teve 2º edição em 1893 e cujo conteúdo, de natureza sátira, se insere na linha antiquíssima da poesia portuguesa voltada para o humor) e entre sombras (1903), conjunto de poemas trespassado por dedicada entoação que repercute o mistério da vida e da morte. José Germano da Cunha publicou, ainda em 1866, um curioso livro a que chamou A Torre dos Namorados (titulo ao qual acrescenta:” as tradições antiquíssimas do concelho do Fundão, com preâmbulo histórico sobre a invasão dos árabes nas Espanhas e varias noticias do distrito de Castelo Branco”), híbrido arrazoado que aglutina propósitos visando a defesa do património cultural e a valorização das tradições, e em textura emerge uma interessante novela histórica de sabor romântico (fontes, ambiente, cenários, personagens medievalescas, amores contrariados, peso do destino, desfecho trágico).

A recolha dos dados referentes a José Germano da Cunha foi feita no livro: Autores nascidos no distrito de Castelo Branco, Século XV a 1908 - Da autoria de António Forte Salvado – publicações Arion

O Albicastrense

sábado, dezembro 15, 2007

OS NOSSOS JORNAIS

"A BEIRA BAIXA"
12 /4/1937 – 21/6/1975

Dos muitos jornais que a cidade de Castelo Branco viu germinar e morrer ao longo dos tempos, o jornal a “Beira Baixa” foi seguramente um dos mais duradouros.
A sua primeira edição veio a público no dia 12 de Abril de 1937 e tinha como director António Rodrigues Cardoso,
(Castelo Branco tem hoje uma rua com o seu nome), o seu último suspiro, (a ultima edição), saiu no dia 21 de Junho de 1975. 

Tinha nessa altura como director Manuel Almeida Garrett.
Trinta e oito anos de vida!
Mil novecentas e sessenta e nove edições...
Em homenagem a essas 1969 edições e a todos aqueles que ali trabalharam ao longo da existência do jornal, aqui fica a primeira página da primeira e ultima edição deste semanário albicastrense. 
Na primeira pagina da última edição é possível ler-se a nota de despedida da redacção.
Prometia voltar, infelizmente tal não aconteceu! E assim mais um jornal com historia que passou à historia.
O Albicastrense

sexta-feira, dezembro 14, 2007

TOPONÍMIA ALBICASTRENSE - (XIII)


     Ruas e Praças
      da  
     Terra Albicastrense

A toponímia albicastrense divide-se actualmente em três grupos:

Grupo-1 
A mais antiga: (Zonas antigas da cidade)
Grupo-2 

A dos anos 50: (Do aparecimento de novos bairros na cidade, e da nomeação de uma comissão por parte da Câmara Municipal para proceder ao estudo da toponímia da cidade. 
Sobre o trabalho desta comissão falarei um dia destes
Grupo-3 
A mais recente, anos 80: (25 de Abril, e crescimento da cidade)
A rua que hoje aqui trago tem a ver com o segundo grupo, e situa-se no bairro do cansado
QUEM FOI
GUILHERMINO AUGUSTO DE BARROS ?
(1828 - 1900)

Nasceu em 17 de Novembro de 1828 em São Faustino, Peso da Régua. Em 26 de Maio de 1869 casou com Júlia Vaz Preto Geraldes, filha natural de João José Vaz Preto Geraldes, Cavaleiro-Fidalgo da Casa Real, par do reino, senhor dos morgados da Lousa e Alcains. 
Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, ingressou na carreira administrativa como Secretário-geral do Governo Civil de Vila Real. Foi Deputado e par do Reino, governador civil de Lisboa e doutros distritos, ocupando muitos outros lugares de destaque. 
Guilhermino de Barros foi Governador Civil de Castelo Branco entre 26 de Setembro de 1865 e 14 de Janeiro de 1868. Durante esse tempo teve uma notável acção administrativa da cidade, a ele se deve a instalação do Asilo Distrital da Infância Desvalida e a construção, na cerca do castelo do edifício destinado a escola do ensino elementar e complementar. Foi como Director Geral dos Correios (1877 a 1890) que mais se distinguiu.
Escreveu várias obras sobre os correios, esteve no congresso internacional em que foi instituído o selo único a nível mundial, e assinou o contrato que trouxe os primeiros telefones para Portugal. Prosador e poeta subiu até ao último degrau da escada da glória. 
A sua grande elegância moral, tanto na convivência social, como no exercício de cargos públicos, era o que distinguia e distinguirá sempre os homens de real mérito e nobre carácter… Faleceu em 16 de Abril de 1900, com 72 anos.
O Albicastrense

LARGO DE S. JOÃO

Mais Granito

A Câmara de Castelo Branco acaba de lançar concurso público para a construção de um parque de estacionamento subterrâneo no largo de S. João.

O presidente da Câmara refere: “com esta obra vamos dar um contributo á cidade, transformando o espaço superior numa praça pedonal e funcional”

Transformar o largo de S. João, que actualmente mais não é que um parque de estacionamento, num espaço pedonal e funcional, para os albicastrenses parece-me sem qualquer dúvida uma boa ideia.

Quanto ao projecto para o local, aqui é que a porca troce o rabo…
Então vamos colocar naquele velho largo, mais uma embriaguez de granito!!!!!
A sensação com que fiquei ao ter conhecimento deste projecto só podia ser uma:
Será que o nosso presidente, e a Câmara albicastrense são sócios de alguma pedreira?
Não haveria para aquele espaço um projecto onde os espaços verdes florescessem e florissem como um clarão de luminosidade nesta nossa cidade cada vez mais gratificada?
Será que não podemos alterar, mudar, melhorar, ou simplesmente aperfeiçoar sem que a transformação seja uma mutação virada para um modernismo pacóvio.
Castelo Branco é infelizmente cada vez mais, uma cidade descaracterizada.

Do velho jardim do paço
Já se ouvem suspiros e ais…
O velho parque da cidade foi-se…
O antigo jardim no largo da Sé pirou-se…
A álea de árvores no antigo passeio verde evaporou-se…
Do velho jardim do paço, só se escutam suspiros a ais…

O Albicastrense

terça-feira, dezembro 11, 2007

Castelo Branco na História X


(Continuação do número anterior)
Tendo sido a vila cercada no dia 22 de Maio de 1704, rendeu-se no dia seguinte e foi ocupada durante quarenta dias pelo exército invasor, que a saqueou, cometendo numerosas destruições.
A entrada do exército franco-espanhol em Castelo Branco, implantando a dor e a tristeza na sua população, efectuou-se no dia corpo de Deus, precisamente na data em que outrora ela se entregava a pitorescas e esfuziantes folias.
Para se avaliar da importância e brilho dessas festas, aqui se transcreve um curioso programa elaborado pela Câmara de Castelo Branco:

Rol dos juízes de ofício que hão-de dar danças e insígnias e tudo o mais necessário para a procissão do Corpo de Deus ano de 1680:
“Francisco Esteves, juiz dos pastores, dará uma dança de paus de seis homens que é a da Lousa. Os cabreiros darão outra dança”.
“Manuel Francisco, juiz dos hortelões, um carro armado de flores e frutas”.
“Simão Fernandes, juiz dos alfaiates, a Serpe bem vestida com quatro homens de guarda com suas chuças e sairá na véspera do dia e correrá a Vila”.
“Francisco Marques, juiz dos cardadores e tosadores dará S. Gens em sua charola acompanhado de duas tochas adiante e uma dança”.
“António Pires, juiz dos sombreiros dará uma dança mourisca com sua insígnia adiante que lavará um sombreiro”.
“Tomás Rodrigues, juiz dos ferreiros, dará quatro diabos e sua insígnia”.
“Paulo Rodrigues, juiz dos tecelões e tecedeiras, dará Santo Estêvão em sua charola e uma dança adiante com seu folião e a dança será de seis moças”.
“Carlos Ribeiro, juiz dos carpinteiros, dará S. José em sua charola e duas tochas e uma dança”.
“Manuel Gomes, genro de João Bonito, juiz dos sapateiros dará S. Crispim em sua charola com duas tochas e uma dança adiante e três moças com violas e castanhetas”.
“André Francisco, juiz dos moleiros desta vila e termo dará Santo António em sua charola e duas tochas e uma dança de seis homens ou moças com seu folião”.
“Mateus Travasses, juiz dos almocreves, dará Santo Amaro em sua charola com quatro tochas e seu guião e uma dança”.
“Domingos Fernandes Grilo juiz dos barbeiros, dará o Rei David com ceptro e coroa muito bem vestido e dois pajens que o acompanhem”.
“António Martins Calrão, juiz dos cadeireiros, dará um guião com descantes de três violas de bons tangedores”.
10/103
PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
Autor.
M. Tavares dos Santos
O Albicastrense

segunda-feira, dezembro 10, 2007

O Palácio da Família Fevereiro

CURIOSIDADES ALBICASTRENSES

Em 1957 o jornal “Beira Baixa”, publicava de forma bastante tímida este pequeno artigo, sobre a decisão da junta Provincial da Beira Baixa em demolir o antigo palácio da família Fevereiro.
O artigo, se
gundo parece terá caído em saco roto!
Pois o nosso palácio foi mesmo abaixo!
Para ali construírem o mamarracho
, que podemos ver na fotografia 2,sem dúvida um belo exemplo da arquitectura moderna Portuguesa.
                   
A pergunta só pode ser uma…
Seria hoje possível tal barbaridade! Consentiriam nos dias de hoje os albicastrenses este verdadeiro despautério?
O Albicastrense

Tiras Humorísticas

terça-feira, dezembro 04, 2007

EDIFÍCIOS DA MINHA CIDADE

                  
                                     PALACETE DO “BARÃO SAL”      
O edifício foi construído na última década do século XIX pelo comerciante Joaquim dos Santos Sal, homem que viria a ficar conhecido pela alcunha do "Barão do Sal". 
Na sessão da Câmara em Outubro de 1890, Joaquim dos Santos Sal apresentou a planta do terreno que possuía entre a rua do Pina e da Amoreirinha, para pedir a construção deste belo edifício. 
Câmara aceitou e convidou o Engenheiro Vaz da Silva, para marcar o alinhamento que devia ter o prédio. 
No rés-do-chão deste belo edifício, Joaquim instalou um grande estabelecimento comercial. A construção deste prédio e dos outros que se seguiriam, tornaram este largo como um dos mais frequentados da nossa cidade no final do século XIX. 
O local tornou-se lugar de culto da sociedade albicastrense, que ali se reunia para conversas de circunstância. 
Passados cento e dez anos, o nosso edifício é hoje um edifício deplorável, no rés-do-chão  (parcialmente ocupado), continua a ter residência um estabelecimento comercial “casa das noivas”, o primeiro andar é sede de um partido político “PSD”.
O largo onde este edifício está instado é hoje conhecida por Praça Rei D. José. No passado  foi conhecido por Largo das Pinheiras, Largo do Barão do Sal e  Largo do Comércio.       
AO SEU PROPRIETÁRIO UMA PERGUNTA:
Para quando a recuperação deste bonito edifício? De que serviu todo o esforça da nossa autarquia na recuperação da zona central da cidade, quando os proprietários dos prédios ali existentes se estão “Borrifando” para esse esforço.                                                   
                                                 O Albicastrense

sábado, dezembro 01, 2007

OS NOSSOS TESOUROS



PORTADOS QUINHENTISTAS
DE
CASTELO BRANCO





Tal como prometi, aqui ficam mais algumas fotografias de portados quinhentistas da zona histórica da cidade de Castelo Branco  (estes sem pinturas).

O Albicastrense

ANTÓNIO ROXO - DEPOIS DO ABSOLUTISMO - (12)

"MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE" Espaço da vida político-social de Castelo Branco, após a implantação do regime constitucional. U...