segunda-feira, dezembro 29, 2008

ALBICASTRENSES ILUSTRES - XII


JOÃO HENRIQUES DE PAIVA
Filho do famigerado medico albicastrense Manuel Joaquim Henrique de Paiva e ele mesmo distinto medico, nasceu em Castelo Branco em fins de do século XVIII. Formou-se pela Universidade de Coimbra.
Traduziu do latim reflexões acerca da doutrina de Brown do Dr. João Pedro Frank, para servir de continuação á obra de seu pai, “Pratica medica browniana“, publicou a tradução em 1803. Faleceu em Belém (Lisboa) em 1833. Por excepção possui a Biblioteca de Castelo Branco a tradução que este Paiva (e não o Manuel Joaquim Henriques de Paiva, como dizem alguns biógrafos) fez do livro de Frits Compendio de enfermidades venéreas, em dois volumes, dicção de 1802.
Muito pouco se sabe de João Henriques de Paiva, no entanto sabemos que descendia de uma das mais importantes famílias da nossa região durante os séculos XVII e XVIII. Seu pai Manuel Joaquim Henrique de Paiva ilustre medico, foi destituído de todos os seus cargos e honras por ter demonstrado simpatias por Napoleão, mais tarde viria foi reintegrado de todos os cargos e honras, no entanto preferiu ir para o Brasil onde morreu em 1819.
O Albicastrense

Fogueira de Natal




NATAL EM CASTELO BRANCO
Para os muitos albicastrenses emigrados por esse mundo fora, aqui ficam algumas fotografias do que resta da fogueira de natal frente à Igreja de São Miguel da nossa cidade.
Fotografias tiradas hoje, dia 29 de Dezembro de 2008.

O Albicastrense

domingo, dezembro 28, 2008

Tiras Humoristicas



Bigodes e Companhia galhofam com a entrevista do nosso presidente, sobre os dinheiros do orçamento Camarário para o ano de 2009.

O Albicastrense

sexta-feira, dezembro 26, 2008

A NOSSA HISTÓRIA - (XVII)

           A TERRA ALBICASTRENSE ATRAVÉS DOS TEMPOS

No dia 8 de Maio de 1805, o Príncipe regente, D. João, que viria a ficar conhecido com D. João IV, autorizou a construção do cemitério de Castelo Branco, as obras deste cemitério foram pagas com o rendimento proveniente das portagens e dos baldios que se situavam no limite da cidade e seu termo, que fossem obtidos durante cinco anos.
Castelo Branco terá sido uma das primeiras cidades do pais a possuir um cemitério, o qual foi construindo nos terrenos que se situavam, na parte de traz da Igreja de São Miguel da Sé.

O Albicastrense

Devesa - " Docas" !?



Nos últimos tempos ao folhearmos os jornais da nossa cidade, é muito comum encontrarmos títulos como estes;
Presépio nas Docas, Concerto Nas Docas, Ranchos Nas Docas, Festa Nas Docas, Teatro nas Docas e por ai adiante.
Aos padrinhos deste baptismo completamente descabido e destrambelhado, gostaria de lembrar o que diz o dicionário da língua Portuguesa sobre o significado da palavra docas;

DOCAS : Parte de um porto, rodeada de cais, onde se abrigam os navios e onde tomam ou deixam carga; estaleiro; dique.
Ora que eu saiba, neste espaço não existe nem nunca existiu nenhuma das situações descritas no dicionário da língua Portuguesa. Aos patrocinadores do novo nome, (Docas) gostaria de recordar o seguinte; Este local tinha e tem por nome se a memória não me engana; DEVESA
No mesmo dicionário encontramos o significado da palavra DEVESA.

DEVESA : Coutada; alameda que delimita um terreno; mata cercada; tapada; souto quinta murada.
Para os mais esquecidos, gostaria de lembrara que o nome de “DEVEZA” como na altura se escrevia, consta em actas camarárias da autarquia albicastrense, pelo menos desde de 1655. “A deveza ia nesses tempos desde a actual rua Tenente Valadim, até ao lugar a que hoje designamos por cansado“.
Hoje encontra-se reduzida ao espaço, que todos nós conhecemos.
Não percebo, nem consigo compreender, esta nova ideia de alterar tudo o que pertence, ou cheira ao nosso passado… ontem mudou-se uma praça, hoje muda-se um largo, amanhã derruba-se uma velha avenida.
Como se não bastasse… até os velhos nomes começam a ser substituídos por outros que nada nos dizem, nem nada têm a ver connosco.
Perante tantas mudanças:

1º Proponho desde já que após a finalização da obras na Praça Postiguinho de Valadares, a mesma se comece a chamar; Praça com vista para o mar da PT.
2º Proponho ainda que após a finalização das obras no Largo de S. João, o mesmo se comece a chamar; Largo com vista para o oceano dos subúrbios.
3º Para terminar estes baptismos, proponho que o nome de Castelo Branco, (pois o nome não retrata a realidade actual da cidade e está demasiado absorvido pelos seus quase 800 anos de história),
Se comece a chamar; Castelo Branco Dos Oceanos.
Aos padrinhos pelo rebaptismo da Devesa, aqui ficam as sugestões para as próximas cerimónias !!!
PS - Meus caros padrinhos não esperem por mim… pois ás Festas, Casamentos, e Baptizados só vão os convidados.
O Albicastrense

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Castelo Branco na História - XLIV

(Continuação)
A quinta ou horta ajardinada ocupava um terreno de forma quadrangular, com a superfície de 4.300 metros quadrados. O aceso à horta era feito pelo passadiço de comunicação com o jardim e por uma elegante porta férrea que permitia a entrada directa pela antiga rua da Corredoura. A horta era limitada do lado da rua, que lhe fica ao Poente, por um muro de alvenaria que tinha o seu inicio no passadiço e terminava na igreja do convento da Graça.
Do lado do Nascente contornava a horta uma sebe de cedros e dos lados do Norte e do Sul renques de loureiros aparados e entrelaçados formavam os outros lados do rectângulo. Estes logradouros estavam divididos em dezasseis talhões regulares formados por cindo ruas paralelas longitudinais, com a orientação Ponte Nascente, cruzadas com outras cinco , também paralelas, orientadas na direcção Norte-Sul. A rua principal, mais largo, tinha o eu eixo em coincidência com o da porta férrea da rua da Corredoura e, no meio, um largo circulo com bancos de cantaria. Os talhões eram contornados por sebes de buxo, murta e loureiro, tendo nos ângulos arbustos das mesmas espécies recortados em formas piramidais.
Nas extremidades das ruas transversais sobressaiam altos ciprestes. Do lado do norte da porta férrea existia uma grande latada de videiras apoiada em esteios de ferro. Sob a latada estava um tanque de cantaria e uma nora que o abastecia de água. Do lado sul existia outra nora circundada de cedros que formavam um caramanchão. No canto junto do passadiço havia um tanque de cantaria onde desaguavam dois aquedutos, um dos quais conduzia a água da nora próxima e o outro, passando sob a Rua da Corredoura, trazia a água do tanque grande do jardim que era abastecida pela Cascata de Moisés.
Em 1934, sendo presidente da Câmara Municipal o Dr. António Pinto Castelo Branco e vereador do pelouro dos jardins o Capitão de Infantaria João da Silva Caio, foi a horta ajardinada convertida em parque moderno com a supressão completa dos antigos talhões, ruas, arvores e arbustos.
O parque foi delineado no gosto inglês e construído sob a direcção dos técnicos e floricultores portuenses da firma Moreira da Silva e Filhos.

Continua.
PS . O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
Autor. Manuel Tavares dos Santos
O Albicastrense

sábado, dezembro 20, 2008

HOMENS DA MINHA CIDADE



O JUCA

"Morreu na passada terça-feira"

Este homem natural de Castelo Branco, jogou durante várias épocas no Benfica de Castelo Branco,(talvez os melhores anos do Benfica).
Juca, foi jogador do Benfica de Castelo Branco entre os finais da década de 50 e a década de 60, (?) na altura teria eu pouco mais de 10 anos, no entanto ainda hoje, me consigo recordar da postura deste homem em campo.
Era um daqueles jogadores, que deixavam tudo o que tinham e que não tinham em campo, bem diferentes de muitos dos jogadores de hoje.
Não vou aqui fazer o elogio fúnebre deste Albicastrense, nem escarrapachar o seu historial de jogador, pois o meu objectivo não é esse, porém como albicastrense chocou-me o que me foi contado por pessoas que estiveram no funeral na passada quarta-feira.
Esperava-se que a bandeira do Benfica de Castelo Branco, cobrisse a urna deste homem, estranhamente!!! Nem bandeira... nem a presença dos actuais directores, este homem mereceu.
Eu sei que os actuais responsáveis, não são obrigados a saber o historial do clube… mas que raio!!! não houve ninguém que informasse os actuais dirigentes do falecimento do Juca.
É costume dizer-se que santos da casa não fazem milagres… mais uma vez assim aconteceu na nossa cidade.
São casos como estes, que nos levam muitas vezes a perguntar a nós próprios… será que se o falecido em vez do Juca, fosse um qualquer carola ou beato de prestigio mais que duvidoso, as ausências se teriam dado!?
Responda quem souber ou quiser, pois este albicastrense não encontra palavras para este desleixo.

O Albicastrense

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Bigodes e Companhia


“CONVERSAS DA CHACHA”

-- Companhia… os bruxos organizaram na nossa cidade, uma feira esotérica.-- o bruxo chefe disse entre muitas coisas; que o Porto ganha o Campeonato e o Benfica a taça de Portugal.
-- O Benfica ganha a taça!? ainda dizem que não existem Bruxos…

-- E disse mais… disse que a crise vai agravar-se, e as falências da banca vão continuar!!!
-- Bruxo!!!

-- Mas não é tudo… disse ainda que os gestores vão continuar a sair-se bem, e quem vai pagar a factura somos todos nós.
--Bruxo!!!

-- E mais… que o estado só não prende os gestores cozinheiros, porque também está envolvido no cozinhado…
-- Olha que Bruxo mais sabido!

-- Tu hoje… estás muito contido nos teus comentários!!!
-- O Bigodes… com um embruxador tão sapiente dos acontecimentos passados, presentes, e futuros, eu fico sem palavras para comentar as antevisões deste profeta da desgraceira. -- Ele deveria candidatar-se à presidência dos videntes matreiros.

-- Companhia sei que recebeste no ultimo sábado, lâmpadas de baixo consumo energético oferecidas pelo nosso primeiro.
-- Olha para este… eu não me chamo Bigodes nem vou a almoçaradas ofertadas.

-- O homem… isto não é motivo para bocas rascas. Como tu moras no bairro do Castelo, pensei que também te tinham calhado algumas lamparinas.
-- Pois… a pensar morreu um burro que ainda hoje está por enterrar.

-- Amigo Companhia vamos esquecer as lâmpadas e passar para algo mais positivo. -- Não sabes o que perdeste quando decidiste não ir ao jantar oferecido pelo nosso primeiro.
-- Pois, pois já mo tinhas dito… mas conta lá qual foi o discurso oficial.

-- O nosso primeiro proferiu que o natal é para ser passado em família, e por isso reuniu os idosos do nosso concelho.
-- Mas que grande família tem o nosso primeiro!!!

-- Companhia não comeces já com larachas -- Ele disse que Castelo Branco vai bem, e que o trabalho desenvolvido pela autarquia, tem contado com a ajuda e colaboração dos albicastrenses.
-- Bigodes não sei se te conte ou se de diga… mas parece-me que o nosso primeiro está pejado de consciência natalícia, com vista às eleições de 2009 para a nossa autarquia.

-- Já cá faltava mais essa gracinha!!! -- Companhia como não sei se ainda voltamos ao blog do albicastrense este ano, tenho um proposta a fazer-te…
-- Propostas só aceito as da minha Albertina… mas como estou apinhado de espírito natalício, avança lá com a dita moção.

-- Quer propor-te que deixemos aqui uma mensagem de boas festas, aos dois ou três visitantes que se dão ao labor de nos ler.
-- Bigodes nunca te ouvi nada mais atinado !!!

Aos visitantes do blog Albicastrense a dupla da chacha Bigodes e Companhia, deseja um bom e feliz natal.

Bigodes e Companhia

quarta-feira, dezembro 17, 2008

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS - VIII



A rubrica Efemérides Municipais, começou por ser publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova” transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937 e ali foi publicada até Dezembro de 1940.
A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Ribeiro Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes.

O texto foi escrito neste blogo, tal como foi publicado em 1937.
Os comentários do autor não estão aqui na sua totalidade

(Continuação)
Comentário do autor.
As sessões da Camara que agora se vão sucedendo vão diminuindo de interesse. Pelos anos fora, os assuntos tratados são de somenos importância e até os vereadores, até aqui pontuais na assistência às sessões, faltam com frequência que desconsola. 
As sessões em que, depois de se dizer quais os vereadores que estavam presentes, se concluía logo com as palavras sacramentais, “ e por não haver que despachar na ditta Camara fiz este termo que todos assinarão”, são frequentíssimas, seguindo-se umas às outras com arreliadora monotonia. Era o espírito municipal que ia enfraquecendo? Pelo menos, se não era parecia-o. Em todo o caso de vez em quanto surgem deliberações que não deixam de ter interesse. 
Não são muitas; mas com paciência vão-se encontrando. Assim, saltando para o ano de 1700, encontramos na cessão de 2 de Janeiro (por sinal que na acta se lê “dois dias do mês de Janeiro de mil seiscentos noventa e nove annos”, em vez de Janeiro de mil e setecentos, esta interessante questão;
Acta de 1700.
tendo o dito juis de fora presidente das sizas mandado apregoar no lugar da Alcains para todas as pessoas que faziam pannos viessem oje a Camara desta villa para serem ouvidos e se assentar em Camara o que de cada pano se devia pagar de Siza a Sua Magestade que Deos guarde e sendo ali prezentes Domingos Vas Simoes, Manoel Vas Rato, Domingos Vas Rato e Diogo Mendes e Pinheiro e Manoel Vas Rato o moxo e João Cabeca panneiro do dito logar de Alcains sendo apregoado pello porteiro da Camara na praça desta villa se havia mais alguma pessoa do dito logar de Alcains que viesse requerer a esta Camara e por boa fe não havia mais pessoas alguma sendo os sobre ditos prezentes perante os officiais da Camara e sendo-lhes proposto este negocio por elles foi dito que costumavao pagar de Siza dos panos sete mil reis em cada um anno nodito logar e assim que não devião pagar mais que a dita quantia.
Comentário do autor. 
Observe-se que a ortografia do novo escrivão era bem melhor que a do antigo, que já tinha dado contas a Deus, mas que, tanto este como aquêle, a respeito de vírgulas era como se elas não existissem. Mas vamos andando. A Camara não se conformou com os dizeres dos paneiros de Alcains, alegando que essa quantia “era muito antiga e feita em tempo que no dito logar não havia mais que dous ou tres teares e depresente se achavão desassete ou desoito”, Como, porém, lhe parecesse que este argumento só por si não chagava para levar os paneiros recalcitrantes a abrir os cordões ás bolsas, foram acrescentando:
Acta de 1700.
…. e que outro sim a dita avença de sete mil reis anão pagavão só os panneiros mas todo o povo por andar tudo junto no cabeção das sizas alem deque ainda estes sete mil réis que do povo secobravão se não pagavão a Sua Magestade que Deos guarde mas ficavão na mão dos sizeiros tudo em grande prejuízo dos pobres e povo e portanto lhes ordenarão vissem em consiencia o que devião pagar”.
Comentário do autor.
Os paneiros, é claro, acham que a consciência o que lhes dizia era que não deviam pagar mais nada: não pagavam mais do que os sete mil réis, e isso mesmo já não era pouco. A Camara que se contentasse. Então a Camara fez-se forte e à valentona deliberou;
Acta de 1700.
… o que visto pellos ditos officiais da Camara avista de resolução e contumasia dos sobreditos tanto emprejuizo dos direitos reais e em tão grande vexação daquelle povo visto não quererem votar em preço conveniente e razoável acordarão as suas revelias se devia pagar de cada panno dous vinteis a Siza de Sua Magestade Deos guarde e desta maneira ouverão adita declaração e taixa por feita que assinarão com os ditos paneiros que não quizerão consentir nella.
Comentário do autor.
Não quiseram consentir; mas por fim, vendo que a coisa era séria, que a sua teimosia lhes poderia custar caro, sempre se foram conformando, fazendo apenas a seguinte declaração; “e declararão outro sim os sobreditos que devião ficar livres para sua casa hum pano de ramos para cada paneiro”. Com isto se conformaram os vereadores, e os paneiros lá ficaram a pagar dois vinténs por cada pano, o que era bem mais pesado do que a avença de sete mil reis. 
È interessante notar que os paneiros de Alcains que compareceram á sessão tinham todos, com excepção de um só, os apelidos de Vaz ou Rato, ou os dois apelidos juntos. Esta indústria de panos desapareceu de Alcains, como de todo ou quási de todo desapareceu a de chapéus, que ali chegou a ter certa importância. 
Ainda nesta sessão, tendo o Marquez das Minas, presidente da Junta da Administração dos Tabacos, “preguntado que porção de tabaco poderia gastar-se na comarca desta villa, eles, ”offciais da Camara em toda a ponderação e circunspecção que negócio de tanta importancia pede ”, resolveram informar.
Acta de 1700.
… que esta comarca poderia gastar em todo o anno vindo o tabaco a esta villa por todo o mês de Janeiro dous mil e quinhentos arrates asaber dous mil etresentos de simonte qualidade e duzentos de fino e sincoenta arrobas de tabaco de Rollo.
Comentário do autor. 
Devemos concordar que não era pouca a gente que por esses tempos fungava a sua pitada para se gastar tanta simonte. È que então se dizia que uma pitada a tempo servia para “espertar as mimorias”. Depois de assentarem na quantidade de simonte e de “tabaco de Rollo ” que por cá se poderia consumir, os “officiais da Camara” explicaram como o tabaco havia de chegar até estas paragens.
O meio mais fácil era; “vir de Lisboa emdireitura a Abrantes pelo Tejo e dali a esta Villa em cargas”. Se, porém fosse em tempo de inverno, então a coisa podia fazer-se por outra forma; “ a remessa dele em tempo de agoas cheias do Tejo podia vir até Vila velha de Rodão embarcado a qual fica distante desta Villa sinco léguas ”.
As léguas eram o seu tanto ou quanto compridas, mas vamos lá, eram cinco léguas e acabou-se. Para que o tabaco se vendesse melhor eram os vereadores de parecer que aos estanqueiros se haviam de conceder alguns privilégios e isenções.
Acta de 1700.
… aos quais tambem se encarregasse a vigilancia dos Tabacos de contrabandos para denunciarem as pessoas de que tivessem noticia os metem de Castella e de outras partes proibidas prometendo aos ditos estanqueiros e a quais quer ouitras pessoas que semelhantes denuncias fizerem serem muito premiados por Sua Magestade que Deos guarde devia ordenar ao governador das armas desta província tivesse sumo cuidade na entrada de Tabaco de Castella para este Reyno porquanta se sabe por experiencia que de Castella entra neste Reyno muyto tabaco conduzido pellos soldados e com o favor e ajuda dos ditos soldados.
Comentário do autor.
Punham o dedo na ferida. Os candongueiros eram os próprios soldados. Quando o não eram directamente, ajudavam os contrabandistas.
Muito tempo depois ainda se fazia disso, e o contrabando de tabaco e de outras mercadorias deu muito e bom dinheiro a muito boa gente que sabia falar ao ouvido dos soldados. Hoje, felizmente, os soldados encarregados da fiscalização, em regra são correctos.
(Continua)
O Albicastrense

segunda-feira, dezembro 15, 2008

UM VELHO POTE


Após a publicação do post, a que dei o nome, “Notícias publicadas por jornais da minha cidade” em que abordava duas pequenas noticias, publicadas pelo antigo jornal “Notícias da Beira” no dia 8 de Junho de 1916.
Fui contactado por alguém que me informou da existência de um pote(ou Talha), no jardim do Governo Civil, que parecia ser o pote referenciado numa das noticias de 1916.
Tentei saber se a informação era verdadeira… após alguns contactos, constatei que efectivamente existia naquele jardim um pote de barro à muitos e muitos anos.
Como nada percebo de cerâmica nem de potes de barro, tentei saber junto de pessoa amiga, (Pedro Salvado) com conhecimento nesta área, qual a importância deste pote… e se não se justificaria a sua devolução,( a ser o referido pote) ao local para onde foi transportado quando da sua descoberta; O Museu Francisco Tavares Proença. A resposta não podia ser mais clara; o lugar do pote é no Museu da nossa cidade, local para onde foi em 1916, e de onde nunca deveria ter deixado de estar.
A ideia que tenho deste triste episódio è de que; com a mudança do museu do edifício do governo civil, para o actual edifício,(Paço Episcopal) nos anos 70, alguém se esqueceu ou ignorou, este pote de barro com cerca de 400 anos. A hora é de agir e não de perguntar o porquê deste abandono… aos responsáveis culturais da nossa cidade, pede-se urgência na devolução desta velha talha ao museu da cidade.
Meus senhores!!
a batata está agora nas vossas mãos… a continuação deste pote no local onde actualmente se encontra, é um insulto à memória daqueles que em 1916 o ofereceram de forma desinteressada à sua comunidade.

O Albicastrense

Dois Magníficos Edifícios


Por vezes fico com a sensação que é preciso falar de certas e determinadas coisas que acontecem na nossa cidade, para que depois nos jornais da cidade, apareça a resposta às interrogações colocadas pelos albicastrenses.
Vem esta conversa a propósito do poste aqui colocado sobre os mamarrachos que germinaram no cume da nossa biblioteca.
O nosso presidente aparece esta semana no jornal “Reconquista”, a falar sobre estas duas coisas, (são dois magníficos edifícios, diz o nosso presidente !!!). Ficamos agora a saber, que afinal estes dois “Magníficos Edifícios” vão servir para albergar as Conservatórias dos Registos Civis, Comercial e Predial. Não contesto a construção destes Magníficos Edifícios!! como aliás já aqui tinha afirmado… contesto sim, que um tão belo local seja utilizado para a construção de barracões, idênticos aos utilizados nas nossas escolas nos anos após a revolução do 25 de Abril de 74, e que tinham como função fazer face à falta de instalações nas escolas, construções que na época eram designadas como pré-fabricados.
Ontem pré - fabricados!! Hoje baptizados como Magníficos Edifícios !?
Os tempos até podem ser outros…
Os gostos até podem ser diferentes….
Os Albicastrenses até podem até ser outros…
Mas a verdade de ontem, não poderá nunca ser transformada na mentira de hoje…

Termino lembrando aqui as palavras
de
Henry David Thoreau
.
"Simplicidade, simplicidade, simplicidade! Tenha dois ou três afazeres e não cem ou mil; em vez de um milhão, conte meia dúzia... No meio desse mar agitado da vida civilizada há tantas nuvens, tempestades, areias movediças e mil e um itens a considerar, que o ser humano tem que se orientar - se ele não afundar e definitivamente acabar não fazendo sua parte - por uma técnica simples de previsão, além de ser um grande calculista para ter sucesso.
Simplifique, simplifique."
O Albicastrense

terça-feira, dezembro 09, 2008

Obras na minha cidade



A Comenda da Caca
No cume da nossa biblioteca, estão em construção uns pequenos anexos que por mais voltas que dê à cabeça, não consigo compreender qual o préstimo que vão ter aquelas estruturas de gosto tão desusado para aquele local.
Tentei saber junto de pessoas amigas, qual seria a utilidade que os nossos responsáveis autárquicos iam dar àquelas coisas tão destoantes.
Após algumas conversa aqui e ali, ouvi um pouco de tudo.
Para uns; estas “coisas” são para ali funcionarem as futuras instalações dos notários da cidade.
Para outros; aquelas “coisas” seriam para uma esplanada ou pastelaria, mas a ideia teria ido por água abaixo em virtude de um baixo assinado promovido por alguns comerciantes com estabelecimentos nas redondezas.
Para alguns; que estas “coisas” se destinam a serviços da nossa autarquia.
E para outros; que fosse perguntar ao nosso presidente para que iriam servir aquelas “coisas”, pois ele é que sabe.
Bom! seja para o que for… o que me faz confusão não é tanto a utilidade que a nossa autarquia possa dar a estas “coisas" mas antes o porquê da construção daquelas “coisas tão desusadas”, em lugar tão nobre da nossa cidade !?
Os motivos para este meu descontentamento, são acima de tudo de ordem estética e visual, pois aquelas coisinhas são horrorosas de mais, para um local tão singular da nossa cidade.
Aquele lugar tem vista para todo o centro da cidade, (local a que eu chamaria, um miradouro por excelência), os responsáveis pela nossa autarquia, em vez de tirarem proveito deste facto… o que é que fazem!? constroem dois pequenos mamarrachos neste miradouro tão privilegiado.

São obras como estas, que levam muitas vezes os albicastrenses a questionarem-se a si próprios; onde vão os responsáveis da autarquia albicastrense, catar estes “maravilhosos” projectos!?
Não sei quem foi o mentor de tão grande e prestigioso projecto, no entanto gostaria de o propor para a condecoração mais ilustre da nossa cidade; "A Comenda da Caca...."
Ao premiado, (ou premiados) por tão ilustre projecto, os meus sinceros pêsames por esta comenda
.
O Albicastrense

domingo, dezembro 07, 2008

UMA BOA NOTÍÇIA


UM LIVRO COM HISTÓRIAS
O padre Anacleto, que tive o satisfação de cumprimentar, centenas de vezes não só nas visitas que ele fazia ao nosso museu, mas como em qualquer local que o visse na nossa cidade, era uma personagem muito querida dos albicastrenses.
O seu amor a Castelo Branco era admirável!!! ao pensar no carinho que ele acalentava pela nossa cidade, dou comigo a pensar… que pena que muitos dos que aqui nasceram não sustentem por Castelo Branco o amor que este homem simples, patenteou por uma cidade que não era a sua, mas que ele acarinhou e acolheu como se aqui tivesse nascido.
Ao Cónico Bonifácio dos Santos Bernardo, que se empenhou neste trabalho, assim como aos responsáveis pela publicação deste livro, (que ainda não li mas que espero comprar logo que puder) este albicastrense só pode dizer;
Bem-Haja, por este belo presente de Natal.
O Albicastrense

quinta-feira, dezembro 04, 2008

A NOSSA HISTÓRIA - (XVI)

A TERRA ALBICASTRENSE ATRAVÉS DOS TEMPOS
Na minha procura de dados sobre Castelo Branco em antigos jornais da nossa cidade, tenho encontrado pequenas notícias que interessa serem aqui escarrapachadas. Estas duas pequenas noticias, foram publicadas em 1916 no antigo jornal “Notícias da Beira“, passados 92 anos sobre a sua publicação, gostaria de perguntar; onde pára este pote e as respectivas moedas de ouro e prata? Tanto quanto sei… em relação a estas moedas e muitas outras, terão sido roubadas do museu Francisco Tavares Proença Júnior, no intervalo das décadas de 55 a 65, quando o mesmo estava instalado no edifício do Governo Civil e se encontrava ao abandono.
Na década de 60, teria 12 ou 13 anos recordo-me de visitar varias vezes o nosso museu. Curiosamente passados todos estes anos, ainda hoje consigo visualizar a colecção de numismática que o museu possuía, eram dezenas e dezenas de moedas que encontrava exposta em vitrinas de madeira com tampos de vidro. Também quanto sei, nunca o respectivo larápio, (ou larápios) foi apanhado… o que quer dizer que as moedas oferecidas por pessoas da nossa cidade estão hoje em mãos de terceiros desonestos.
Em relação ao pode; a noticia referente à reabertura do museu no ano de 1916, diz-nos que ele se encontra ali exposto a partir daquela data. Porém tendo eu trabalhado no museu entre 1976 e 2003, posso assegurar que nunca o vi por aquelas bandas. Será que com as mudanças de instalações do museu, (e foram várias ao longo dos anos), se partiu e apenas restam os destroços? Terá ido à azeitona e perdeu-se pelo caminho? Ou será que levou o mesmo caminho que as moedas? Perguntas e mais perguntas, que ficam sem resposta em prejuízo de todos os albicastrenses e do seu museu.
A afixação destes dois pequenos recortes do antigo jornal “Notícias da Beira”, serve igualmente para que o tempo não apague os actos generosos dos albicastrense de ontem, e para lembrar aos albicastrenses de hoje, que em tempos passados havia gente que desinteressadamente doava alguns dos seus bens mais valiosos, em beneficio das suas instituições e da sua comunidade. Muito diferente dos “Messias” de hoje, que vendem as suas colecções de pintura ao estado por milhões e milhões de euros, e ainda se apregoam de mecenas e de bons Portugueses!!!!
O albicastrense

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Castelo Branco na História - XLIII


Continuação.
O segundo Bispo de Castelo Branco, D. Vicente Ferrer da Rocha, mandou aformosear o jardim em 1786. Esse aprazível logradouro é um terreno quadrangular com cerca de 1.450 metro quadrados dominado por balcões e varandas providas de guardas de barras de ferro, com elegantes e espaçados balaústres de cantaria.
No seu quadrilongo principal de cinco lagos com bordaduras de cantaria em curvas caprichosas e vistosos jogos de agua; canteiros de buxo com graciosos desenhos onde as predominam as volutas; buxos recortados, de grande porte, com formas paralelipipédicas que outrora eram curvilíneas; e uma profusão de estatuas talhadas no granito regional e dispersas pelos canteiros. Entre as estatuas disseminadas pelo jardim figuram os quatro Novíssimos do Homem, as quatro Virtudes Cardeais, as três Virtudes Teologais, os doze Signos do Zodíaco, as cinco Partes do Mundo, as quatro Estações do Ano e varias alegorias. Sobre os balaústres das guardas dos balcões e escadarias destacam-se as estatuas do Conde D. Henrique de Borgonha, fundador do Condado de Portucalense, dos Reis de Portugal até D. José, dos doze Apóstolos e dos quatro Evangelistas.
No patim inferior da escadaria dos reis ressalta um curioso pormenor: as estatuas do Rei Cardeal D. Henrique e dos três reis Filipes do período da dominação espanhola tem o seu tamanho diminuindo em relação às dos restantes reis de Portugal. É notável o lago grande com 34 metros de comprimento, 11,5 de largura e 4 metros de profundidade, situado num socalco elevado acima do plano dos canteiros e que era outrora abastecido pela Cascata de Moisés com agua fornecida por duas noras que existiam no olival anexo. São também dignos de nota o Jardim Alagado ou tanque floreado com curvas sinuosas e alegretes de flores intercalados, tendo ao centro um repuxo de cantaria formado por três golfinhos entrelaçados e sobrepujados por uma coroa; e o Lago das Coroas, grande tanque de cantaria situado num balcão avarandado e onde existem três repuxos iguais no Jardim Alagado, donde lhe proveio o nome. Os repuxos do Lago das Coroas foram reconstruídos em 1939 por haverem desaparecido os primitivos. No passadiço sobre a Rua Bartolomeu da Costa vêem-se ainda uns pinásios de cantaria com ranhuras laterais onde primitivamente entravam caixilhos de rótula que ocultavam as pessoas que passavam do jardim para os logradouros situados do outro lado da rua.
Nos pinásios há uns pernes terminais de ferro onde assentavam os frechais da cobertura do passadiço.
Esta cobertura foi aniquilada pelas inclemências do tempo.
Continua.
PS . O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
Autor. Manuel Tavares dos Santos
O Albicastrense

terça-feira, dezembro 02, 2008

Bigodes e Companhia


“CONVERSAS DA CHACHA”
II
Bigodes e Companhia em conversa da chacha.
-- Companhia, o PSD tem como candidato às próximas eleições autárquicas da nossa cidade, um homem com nome muito conhecido no nosso meio futebolístico.
-- Não me digas que o Pinto da Costa aceitou ser candidato pelo PSD à nossa autarquia!?
-- Também não é preciso exagerares tanto homem… Quem aceitou ser candidato foi o Eusébio.
-- O Eusébio? O Eusébio da Silva Ferreira… O King!?
-- Ò homem, tu acalma-te senão ainda de dá um tremelique..
-- Então tu estás-me a dizer que o King vai ser candidato à nossa autarquia, e depois dizes-me para me amansar?
-- Eu disse que o homem tinha um nome muito conhecido no meio futebolístico… não disse que era o Eusébio do Benfica.
-- Pois pois… vai mas é dar música à tua falecida avó.
-- Companhia, afinal queres ou não saber quem é este Eusébio?
-- Para quê!!! se eu até já sei em quem vou votar em 2009.
-- Mudando de conversa, já te inscreveste para o próximo jantar de Natal dos reformados, que o nosso primeiro vai ofertar à malta cá do burgo?
-- Olha-me este… quando se trata de jantaradas ele é logo o primeiro a inscrever-se. -- Tu só pensas em festanças Bigodes.
-- Estás a ser injusto Companhia, eu não sou o primeiro a inscrever-me… sou é um cidadão informado e cumpridor dos seus deveres, de convívio social numa época tão importante como o natal.
-- Olha este passou-se de vez… agora julga-se embaixador do primeiro nas festas organizadas pela casa grande!!!
-- Lá estás tu contra o homem… então agora já não se pode conviver nesta quadra tão bonita.
-- Pois pois… cantas muito bem mas não me alegras.
-- Cambiando de prosa, que te pareceu a inauguração da casa da música reformada?
-- Pareceu-me muito bem… os albicastrenses e a cidade estão de parabéns por este bom trabalho.
-- Alto lá!! que isto traz água no bico… Pareceu-te muito bem!?
-- Sim… e digo mais, agora que temos uma casa da música restabelecida, tenho uma proposta a fazer-te.
-- Companhia, estou embasbacado com a tua sinceridade, diz lá qual é a tua proposta.
-- Olha agora que temos a casa da música consertada, proponho-te que tiremos um curso de gaita de beiços.
-- Um curso de gaita de beiços Companhia!?
-- Qual é a surpresa Bigodes!? -- Olha logo de manhã vamos ao curso, depois como ficamos com os beiços secos, vamos á tasca do Daniel molhá-los com um bom branquinho traçado.
Bigodes e Companhia

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Tiras Humoristicas

O Albicastrense

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS - VII


A rubrica Efemérides Municipais, começou por ser publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova” transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937 e ali foi publicada até Dezembro de 1940. A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. 
António Ribeiro Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes.

O texto foi escrito neste blogo, tal como foi publicado em 1937.

Os comentários do autor e a totalidade da leitura das actas, não estão aqui na sua totalidade.
Continuação:
Comentário do autor.
As sessões da Câmara, que se seguem à de 30 de Junho de 1655, não oferecem sombra de interesse. Em Setembro, porém, o livro das actas é “visto em condições” pelo Dr. António Ferreira da Fonseca e os vereadores são duramente censurados por terem escolhido para almotacés pessoas sem categoria “pessoas maçanicas em as quais não cabe o cargo de vereador”, anula a eleição, manda que se proceda a outra, como de facto se procedeu, escolhendo-se então ”pessoa cujos pays e Avós tinhao servido os cargos nobres da Republica na forma da Ordenação”:

Mostra-nos estes factos, que por esses tempos não se fechavam os olhos, em obediência a conveniências pessoais. Quem reunia as condições necessárias para o exercício dos cargos continuava; se os não reunia, não havia protecção que lhe valesse. 

Assim, por exemplo, um dos almotacés era irmão do procurador do concelho António Martins Ruivo. Parecia por isso que estava bem apoiado, que a sombra do irmão bastaria para o segurar no cargo. 
Pois não lhe valeu de nada. Foi posto fora do lugar para dar lugar a outro escolhido na forma da ordenação. Mas, se os vereadores não puderam resistir à ordem que receberam para eleger novos almotacés (ou almotaceis, como se lê nos documentos da época é forma admissível!) que fossem “pessoas cujos pays e Avôs tinham servido os cargos novos da república”, não foi de vontade que se prestaram a faze-lo. Para disso nos convencermos basta observar que deixaram passar todo o mês de Setembro sem porem os pés na câmara, e só no dia 2 de Outubro deram sinal de si por forma:

Acta de 1655.
“Aos dous dias domes de Outubro de mil e seissentos esincoenta esinco annos nesta villa de Castelo Branco nas Casas da Camara dela em confirmidade dasentença do corregedor asima ojuiz de fora mandou que sefizese nova eleição naforma da ditta sentença estando presentes juiz dasilva Barrete o L, do tomaz de Carvalho dasilva Manoel dafonseca Coutinho vreadores Antonio Martins Ruivo procurador e logo na ditta Camara por aver hua listra sobre aditta eleição se dilatou até primeira Camara e por não aver mais que dsepachar naditta Camara a ouverão por feita acabada e asinarão”.
Comentário do autor.
Adiou-se a eleição por “aver hua listra”! A razão não foi essa, foi a má vontade com que a Câmara ia proceder a esse acto, má vontade manifesta, que salta aos olhos. Basta observar que a sessão imediata se realizou em 23 de Outubro, nada menos de vinte e três dias depois, e ainda desta vez a eleição dos almotacés se não fez! 
Se, porém, se não procedeu à eleição dos almotacés no dia 23 de Outubro, nem por isso na sessão desse dia deixa de aparecer alguma coisa de interessante, que vem mostrar-nos que os artífices do tempo não podiam estabelecer preços à sua vontade, estavam sujeitos a taxas que não podiam alterar sem licença da Câmara, que alias não deliberava á toa, antes procedia com toda a cautela e ponderação em defesa dos munícipes. Leiam, que é interessante:
Acta de 1655
“Elogo na ditta Camara vierão a maior parte dos officiais de sapateiros e Requererão se lhe fizese taxas novas em Rezão das mercadorias estarem caras ena a Camara se mandou que sedese juramento adous officiais para informarem dos presos pêra comforme aiso esta Camara fazer taxas: elogo namesma Camara (O mestre escrivão esqueceu-se do que aprendera e voltou a escrever Camera em vez de Camara como varias vezes já tinha escrito) elegerão Manoel frz e o pintainho do poço das covas e mandarão selhe dese juramento”. 
O que disseram o Manoel Fernandes e o Pintainho do Poço das Covas não se soube logo; sabe-se porém, que os mestres sapateiros teveram de esperar, continuando ainda algum tempo com as meias solas e as entrecóspias pelo mesmo preço. Nesta sessão ainda; “se elegerão pera derramadores da linha daponte de Riba-pinhel comarca de vizea a Rodrigo vas e Manoel São toninhas”.
Comentário do autor.
É interessante o facto, por que nos mostra como se vinha cá tão longe ver dos “derramadores” da linha da ponte de Riba-Pinhal. Mas, se os vereadores se mostravam ronceiros na escolha dos almotacés, que haviam de substituir os que foram destituídos do cargo, por fim sempre se resolveram a faze-lo. Foi na sessão de 24 de Outubro, ou seja vinte e quatro horas depois daquela em que os “officiais de sapateiro” apareceram a requerer taxas novas, alegando a carestia das mercadorias. 
A acta reza assim:“elogo na ditta Camera elegerão pêra almotaceis para servirem estes três meses outubro novembro e dezembro a Francisco Mouzinho e Sebastião damaya”.Estes estavam na conta. Eram pessoas cujos pais e avós tinham servido os cargos nobres da Republica. E é curioso observar que Francisco Mousinho, que pouco antes o corregedor não queria nem por um decreto que servise para “tisoureiro geral das desimas”, agora serviu para almotecé e ninguem lhe opos sombra de obstaculo. A sessão seguinte só se realizou no dia 12 de Novembro e nela nos aparecem pela primeira fez os lagareiros a prestar juramento de que haviam de dar “a quada qual, o seu”, apesar de haver um velho ditado que, tomado à letra, nos autorizaria a por em duvida a promessa:
Acta de 1655.
Aos dose dias domez de novembro de mil eseis sentos esincoenta esinco annos nas pouzadas de mim escrivão parecerão domingos pires mestre e tomé glã lagareiros do lagar de luís de sousa aquém o juiz defora deu juram. do dos Santos avangelhos sob cargo do qual lhe em carregou que bem everdadeiramente servissem oditto offçio dando a quoda qual o seu que eles pometerão easinarão aqui”.
Comentário do autor. A assinatura é de cruz, mas o juramento aos santos evangelhos é que os punha entre a espada e a parede. Se não davam “a quada qual o seu”, lá estaria a consciência a dizer-lhes que por esse caminho ia parar ao inferno. Mas cumpririam realmente o juramento prestado nas mãos do juiz de fora nas pouzadas do escrivão? Quem sabe lá! A maquia sempre foi maquia e o afarimento das panelas que se empregavam então não seria tão rigoroso que não desse ensanchas para tirarem mais uns quartilhos em cada moedora. Cumprissem, porém, ou não, o juramento dos lagareiros continuou pelo mês de Novembro fora. 
Depois das nomeações, no ano de 1655 só se realizou mais uma sessão no dia 29 de Dezembro. Nessa sessão não se passou nada que mereça crónica. Elegeram-se os “quartileiros que hão de tira os quarteis da siza do anno que vem de mil e seis sentos esincoenta e seis “ e mais nada.
E agora, depois de dada uma ideia aproximada do modo de ser da vida municipal naqueles tempos, iremos mais depressa pelos anos fora.
O Albicastrense

sexta-feira, novembro 28, 2008

ALBICASTRENSES ILUSTRES - XI

JOÃO EVANGELISTA DE ABREU
Nasceu em Castelo Branco em 1828, filho de Manuel Mendes de Abreu médico cirurgião municipal.
Assentou praça como voluntário em 1845 no regimento de cavalaria nº 8. Em 1846 matriculou-se na Universidade de Coimbra. A Revoluçao de Maria da Fonte
em 1846, fez com que interrompesse os seus estudos, e com alguns dos seus colegas apresentou-se à junta militar do Porto que lhe deu o posto de alferes. Com a derrota do seu partido, beneficiou de uma amnistia em Abril de 1847. Voltou de novo a Coimbra, onde recebeu o grau de bacharel formado em matemática, sendo então despachado alferes aluno, concluiu o curso de engenharia e foi despachado alferes efectivo.
Em 1856, foi despachado lente substituto da Escola do Exercito, neste mesmo ano foi escolhido pelo governo da altura,(do Duque de Loulé), para ir para Paris completar o curso de engenharia e aí se tornou distinto de aulas.
Voltando a Portugal precedido de grande e bem merecida reputação, foi encarregado de várias obras, infelizmente a morte surpreendeu-o quando ele contava apenas 41 anos de idade.
Faleceu em Lisboa a 3 de Fevereiro de 1869, com as faculdade intelectuais alteradas.

Ps. Os dados referentes a este ilustre albicastrense, foram retirados do livro de António Roxo; Monografia de Castelo Branco. António Roxo refere-se a João Evangelista de Abreu como; “O Célebre Engenheiro“, no entanto tentei encontrar dados sobre este albicastrense, e não encontrei rigorosamente nada.
Se alguém dispor de dados pessoais, ou obras de relevo desenvolvidas por este engenheiro albicastrense, pode deixá-los na secção de comentários para que todos nós possamos ficar mais conhecedores da vida deste nosso conterrâneo.
O Albicastrense

quinta-feira, novembro 27, 2008

Castelo Branco - 2008


Imagens da minha cidade

Imagens da minha cidade

Imagens da minha cidade

Imagens da minha cidade

Imagens da minha cidade

O Albicastrense

ANTÓNIO ROXO - DEPOIS DO ABSOLUTISMO - (12)

"MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE" Espaço da vida político-social de Castelo Branco, após a implantação do regime constitucional. U...