quinta-feira, julho 31, 2008

Castelo Branco na História XXXIII


(Continuação)
Em 13 de Maio de 1813 foi eleito Bispo de Castelo Branco D. Patrício da Silva, mas este prelado não chegou a tomar posse do cargo por ter sido nomeado Arcebispo de Évora. Era muito ilustrado e veio a ser o 7ª Cardeal Patriarca de Lisboa.
Sucedeu a D. Vicente Ferrer da Rocha o Doutor em Teologia, D. Joaquim José Miranda Coutinho, que fora lente de prima na Universidade de Coimbra.
Foi deputado às constituintes em 1821. Teve fama de pouco epicurista e de devotado admirador do belo sexo. Sendo a antítese do seu antecessor, desinteressou-se em absoluto pela continuação das obras.
Faleceu em 6 de Abril de 1831 e foi sepultado na capela do cemitério velho. Conservou-se o bispado sede vacante até 30 de Outubro de 1881, data em que foi eliminado e em que se incorporou as suas freguesias nas dioceses de Portalegre e de Guarda, por Letras Apostólicas de Leão XVIII.
A população da cidade ficou então indiferente perante a extinção da sua diocese, cuja restauração constitui actualmente uma das suas principais aspirações. O Bispado de Castelo Branco era formado por 78 freguesias, sendo 56 do distrito do mesmo nome e 22 no de Santarém.
No primeiro destes distritos abrangia os concelhos de Castelo Branco, Fundão, Idanha-a-Nova, Oleiros, Penamacor, Proença-a-Nova, S. Vicente da Beira, Vila de Rei e Vila Velha de Ródão. No distrito de Santarém compreendia os concelhos de Abrantes, Constância, Mação e Sardoal.
À Colegiada de S. Miguel, instituída pelo Rei D. Manuel I, constava de quatro beneficiados que tinham por missão rezar quotidianamente no coro o Oficio Divino. Por alvará de 18 de Agosto de 1523 o Rei D. João III acrescentou-lhe um benefício. Outro alvará de 18 de Julho de 1744 impôs a cura de almas aos cinco beneficiados e deste então passaram a ser considerados coadjutores.
Os beneficiados eram apresentados pelo Rei como Grão-Mestre da Ordem e colados pelo bispo da Guarda: após a criação do bispado de Castelo Branco, em 1771 e até à extinção da Colegiada em 1834, eram colados pelo bispo da nova diocese.
A Colegiada tinha mais dois capelães com a obrigação de rezar diariamente no coro o Oficio Divino e de satisfazer os encargos das duas capelas existentes na igreja.
PS. O texto é da autoria de, M. Tavares dos Santos e foi publicado no antigo jornal, "Beira Baixa" em 1951.   É  apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época. 
O Albicastrense

quarta-feira, julho 30, 2008

Tiras Humorísticas

Bigodes e Companhia

Visitaram a Exposição: ” Colchas de Castelo Branco”

Apôs esta visita, resolveram convidar todos os albicastrenses a visitar a belíssima exposição, que se encontra patente ao público no salão Nobre do Museu Francisco Tavares Proença Júnior entre os dias 25 de Julho e 28 de Se tembro de 2008.

O Albicastrense

segunda-feira, julho 28, 2008

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS - O INÍCIO

Jornal A Era Nova
(Fevereiro de 1927 a Março de 1937)
Jornal A Beira Baixa
(Abril de 1937 a Junho de 1975)
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“Introdução”

Na minha busca pelos antigos jornais albicastrenses, “A Era Nova e A Beira Baixa” encontrei uma rubrica que tinha por nome; Efemérides Municipais. Esta rubrica que começou por ser publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova” transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937 e ali se manteve, (pelo menos) até Dezembro de 1940 em virtude da extinção do primeiro. Os responsáveis por esta rubrica assinavam-se por: Arc.

O texto que se segue, é um pequeno resumo do publicado pelos autores desta investigação no Jornal “A Era Nova” quando do inicio da sua publicação em 1937.

Palavras dos Autores em 1937
As efemérides que vamos tentar apresenta aqui em artigos sucessivos, pouco a pouco, até onde puderem chegar as nossas forças e o nosso vagar.
Não virão desde a primeira dia do município de Câmara de Castelo Branco mas da primeira de que existe acta conhecida.
Em resumo muito rápido daremos conhecimento das deliberações adoptadas pela Câmara que algum interesse ofereça.
Quando esse interesse seja de maior tomo, transcreveremos na íntegra os dizeres da acta. Daremos assim a conhecer velhas costumeiras, a origem para quase todos desconhecidos de coisas que ainda hoje se fazem ou que até há pouco se faziam. Podendo assim todos aprender a conhecer e apreciar melhor o presente pela comparação com o passado. Sirvam estas palavras de prólogo ao nosso modesto trabalho, que não terá outro merecimento além do que lhe pode vir da paciência com que teremos de dar-nos à leitura de velhos manuscritos escritos que, muitas vezes, para serem lidos oferecem quase as mesmas dificuldades que ofereceram a Champolion os hieróglifos de Egipto.
A acta mais antiga que se encontrou no arquivo municipal. Era de Janeiro de 1655 e merece ser transcrita, pelo menos nas suas partes essenciais, respeitando-se a ortografia, para se fazer uma ideia da prosa municipal do tempo.
Acta:
Termo da Câmara:
Aos primeiros dias do mês dejaneiro de mil aseis sentos esincoenta esinco annos estando em acaza da Camera odoutor domingos Cayado Rebelo juiz de fora Pedro dandrade Miguel Achioli Boino Gaspar Mousinho magro vreadores gonsalo gomes procurador mandarão o seguinte.
Na dita Camera abrirão a pauta dolugar do Salgueiro e tirarão por juízes dadita pauta António martis e Manuel antunes por juízes epor procurador Pedro gil eojuiz lhe deu juramento dos santos evangelhos por cargo doqual lhe em carregou que bem everdadeiramente servisem odito officio eoserviço desua magestade e assinarão aqui, Manuel ferrão de pinna o escreveu.
Repetem-se em seguida as mesmas palavras a respeito de Escalos de Baixo, ficando juízes António penalão e António folguado e procurador André villes.
O mesmo a respeito de Escalos de Cima que fica com” gregório duarte e Manuel Martins porjuizes e por procurador António gonsalves moreno”.
Segue-se a Lousa com os juízes António Barroso e pedro Frz Cajado e o procurador domingos Nunes direito.
Vem depois a Mata só com um juiz: sebastião frz.
Cafede ficou com os juízes domingos pires Romeiro e Pedro frz busca e com o procurador Manuel (com um sobrenome que não conseguimos ler). Por fim Alcains com os juizes pedro duarte e domingos Vaz e o procurador Manuel frz Caldeireiro.
Palavras dos autores: 
A seguir à indicação dos juízes e procuradores das diferentes freguesias do concelho, em obediência as pautas que a Câmara foi sucessivamente abrindo. Vem a arrematação de Siza da vila de Castelo Branco, vindo na própria acta o termo de arrematação, (vê-se que ao tempo um livro servia para tudo), que se transcreve fielmente por ser interessante:
Acta:
A Rematação da Siza do corrente desta vila:
Anno do nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo de mil eseis sentos esincoenta esinco annos nesta villa de Castelo Branco nas cazas da Câmara dela estando prezentes ojuiz e vereadores e procurador do concelho abaixo assinados por eles ditos officiais mandarão por emperguão enão aver pesoa quemolhor lanso fizese doque foi joão furtado e Manuel pires mercador ambos desta villa que lansarão na dita Siza do corrente Sento esincoenta esinco mil Reis pagos aos quartéis como he costume e trez Resmas de papel paguas logo e por não aver quem milhor lanso fizese o dito juiz avereadores eprocurador do conselho lhamandarão a Rematar sendo testemunhas Simão prezado e pedro homem ambos desta vila que todos assinarão aqui elogo pêra mais seguransa dise que ele presentava por seu fiador as quebras ao dito pedro homem que dise empresença de mim escrivão que ele fiava ao dito joão furtado e Manuel pires em todas as quebras datita Siza que ouvesse eele se obriguava a pagar as ditas quebras alei de deposito com o dinheiro desua magestade epor assim serem contentes lhe mandarão arematar e dar a fiansa segura eabonada dentro em quize dias eaporteiro lhe meteo o Ramo namão perante mim escrivão de tudo se fez este auto de a Rematação que assinarão aqui e eu Manuel ferrão de pinna oescrevi.
Palavras dos autores: 
A sessão, pelo que se está vendo, foi longa, mas ainda não ficou por aqui. Depois de tudo isto ainda houve a;
Acta:
Eleisam dos almotaseis:
E logo na dita Camera ouverão por eleitos para almotaseis emquanto não venha apauta dos vreadores novos emlegerão por almotaseis Diogo Roiz e Manuel Barata aos quais mandarão vir perante sim e lhe derão juramento dos santos evangelhos docargo do qual lhe em carregou que bem everdadeiramente servisem odito officio e assinarão aqui e eu Manuel ferrão de pinna.
Palavras dos autores: 
Vê-se que o pobre escrivão estava esgotado e tanto que nem já forças teve para concluir o auto, em que não aparecem as palavras sacramentais; “o escrevi”. Por isso a sessão foi suspensa.
Havia muito a fazer, avultando entre os assuntos a tratar as arrematações, que eram às dezenas. Ficaram para a nova sessão que se realizou cinco dias depois. É bom notar que entre os vereadores que assistiram a esta sessão se encontra o nome de Mouzinho Magro, o benemérito que deixou todos os seus bens à confraria de Nossa Senhora do Rosário para com o seu rendimento se fazerem vários serviços e nomeadamente, se darem dotes a órfãs honestas e pobres da freguesia.
Por força das leis de desamortização, esses bens tiveram de ser vendidos e o produto da venda convertido em inscrições que hoje não chegam a render um conto. Pois saiba-se que só um dos prédios de Gaspar Mousinho Magro (e tinha muitos outros e excelentes) ainda há pouco estava arrendado por cem contos, não entrando no arrendamento a cortiça que era muita. “Arc”.
 Corroborando as palavras dos autores de então, também eu aqui deixo a totalidade do que eles escreveram na primeira publicação.
 No entanto em futuras abordagens a estas actas, apenas 
irei aqui divulgar o que diga respeito a Castelo Branco.
O Albicastrense

sábado, julho 26, 2008

O s Nossos Chafarizes

O Chafariz da Graça

Reside num local onde tem por companhia dois célebres vizinhos: o Chafariz da Mina e o antigo Convento da Graça.
No entanto, tal ilustre vizinhança não lhe tem trazido grandes benefícios ao longo dos tempos, pois o seu estado é péssimo.
Manuel Tavares da Silva no seu livro:
Castelo Branco Na História e na Arte, publicado em 1952, refere-se a este chafariz dizendo o seguinte:

“A sua construção, pode considerar-se modesta com um alçado constituído por um muro de alvenaria, com capeamento de cantaria, dividido em três painéis por meio de pilastras também de cantaria.
O painel central mais elevado, é encimado por um frontão triangular e os laterais são flanqueados por dois pináculos.
É dotado de uma bica, que desagua num grande tanque rectangular de cantaria. A construção deste chafariz data do século XVI, a julgar pelos toscos emblemas do rei D. Manuel I – A cruz de Cristo e a esfera armilar que apresenta o seu alçado. Em sessão de 7 de Abril de 1655, a Câmara Municipal resolveu aplicar a pena de dois mil réis, a toda a pessoa que aguçasse ferramentas no tangue desse chafariz. Foi reconstruído em 1830, data que figura no frontão.
Há muito tempo que a sua água salobra, é utilizada somente para mitigar a sede aos gados”.

Passado mais de meio século após estas palavras, pouco ou nada podemos acrescentar ao que então foi dito por este homem.
Cinquenta e seis anos depois, diria que a situação é hoje pior que em 1952, pois actualmente nem os animais ali vão mitigar a sede.
A imagem que por vezes tenho da nossa cidade, é de que existem duas cidades! Uma, a que está em profunda transformação com obras que nunca mais têm fim e se gastam milhões e milhões de euros, (mas com as quais estou de acordo na sua maioria).
E a outra, onde não se arranjam umas dezenas de milhares euros para “limpar e arranjar” o nosso património!
A situação em que se encontram a quase totalidade dos nossos chafarizes, é um dos exemplos da dupla personalidade que a cidade transmite a quem nos visita.


Não poderiam os nossos chafarizes ser “vítimas” de uma terapia de convalescença histórica?

Não poderiam eles fazer parte de um roteiro turístico a que se poderia dar o nome; Na rota dos Chafarizes?

Perguntas e mais perguntas de um inconformado, que por vezes pensa que anda a pregar no deserto.

O Albicastrense

quinta-feira, julho 24, 2008

Os Prédios da Minha Cidade

VERDADE OU MENTIRA

O texto que se segue foi aqui colocado, no dia 8 Julho.

Ao longo dos tempos, tenho aqui falado do estado desprezível de muitos dos prédios da nossa cidade, porém, por vezes temos boas novidades neste sector.
No largo dos cafés, (com tantas mudanças, já não sei se este espaço ainda tem esta designação!?) começou o restauro do belo edifício que podemos ver na fotografia aqui apresentada.

Embora a obra ainda esteja no principio, e não se percebendo muito bem se estamos perante uma limpeza de cara, ou se pelo contrário se trata de um restauro efectivo do prédio. Quero desde já dar os parabéns aos autores desta façanha, coisa rara nos dias que passam!!!
Pena é, que este exemplo seja apenas uma gota de água na desgraçada situação urbanística da nossa cidade, no entanto como sou homem de fé vamos aguardar por melhores dias nesta área.

Quinze dias depois, verificamos que afinal estamos perante uma intrujice.

Pintaram-no é verdade…
Colocaram-lhe persianas novas é verdade…
Forraram um pequeno patamar de cimento que se estava a desfazer com uma chapa de zinco é verdade…
Ficou bonito… já ouvi eu dizer a quem por ali passa.
Pois ficou… é verdade.

Mas será esta… a cidade que queremos?

Uma cidade, onde os prédios aparentam ser o que não são.
Uma cidade, onde os prédios velhos em vez de serem restaurados, são pintados para enganar quem por ali passa.
Uma cidade, onde as janelas dos velhos prédios, são tapadas com persianas para não terem que arranjar as janelas.
Uma cidade, onde os velhos prédios são pintados e ficam às urtigas por falta de condições habitacionais.
E por fim… uma cidade sem inquilinos nos seus velhos prédios.

Intrujice, fraude, trapaça, embuste, patranha, peta e por fim mentira.
Estas são as palavras que os albicastrenses devem dizer sempre que por ali passarem.
Que tristeza meus senhores, pensarem que um qualquer truque de ilusionismo barato, pode enganar os albicastrense.

O Albicastrense

terça-feira, julho 22, 2008

Castelo Branco na História XXXII

(Continuação do número anterior)

Para obter meios para aquisição de um palio pediu a Confraria do Sacramento do Santíssimo, em 1757, ao Rei D. José, que lhe desse dinheiro dos rendimentos do conselho. O Rei ordenou à Câmara em provisão de 13 de Novembro daquele ano, que desse à irmandade metade da importância do palio, devendo ela contribuir com a outra metade “como devia”.
A igreja foi elevada a Sé Catedral pela criação da diocese de Castelo Branco, por breve apostólico do Papa Clemente XIV, EM Junho de 1771.
Na mesma data foi a diocese considerada sufragânea do Patriarca de Lisboa; foi nomeado o primeiro Bispo D. Frei José de Jesus Maria Caetano, da Sagrada Ordem dos Pregadores; Concedeu-se autorização para a sagração do bispo perante três ou mais arcebispos ou bispos da sua escolha; e exortaram-se o Cabido, o clero e os fiéis da diocese a obedecer ao seu bispo e “a cumprir as suas ordens salutares e conselhos prudentes”. O primeiro Bispo, a quem alcunhavam de Bispo Trasgo por ser datado de um temperamento folgazão e de quem se contavam varias graças fora preceptor dos filhos do Marques de Pombal.
Faleceu em 13 de Julho de 1728 e foi sepultado no claustro do Convento de Santo António dos Capuchos. O segundo Bispo, D. Frei Vicente Ferrer da Rocha, da mesma Órdem dos Pregadores, possuía um génio empreendedor e um invulgar gosto artístico. A ele se devem importantes melhoramentos; a ampliação e o aformoseamento do Paço Episcopal e do seu belo jardim; e ainda a construção dos dois corpos laterais da Igreja de Sé, formados pela Capela do Santíssimo Sacramento e pela sacristia grande e Câmara Eclesiástica.
Teve como colaborador e delineador das notáveis obras de ampliação e decoração dos dois edifícios o arquitecto Frei Daniel, professor da Ordem dos Pregadores. Segundo a tradição foi também este arquitecto o autor do projecto do chafariz da Mina. Faleceu o Bispo D. Vicente em 24 de Agosto de 1814 e foi sepultado no átrio da igreja da sacristia grande que ele mandou edificar.
Actualmente os seus restos estão sepultados, sob o arco cruzeiro da mesma Igreja, para onde foram transladados por ordem do Bispo de Portalegre D. Domingos Frutuoso.

PS . O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.

Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
Autor. M. Tavares dos Santos

O Albicastrense

domingo, julho 20, 2008

As Nossasa Bibliotecas

Biblioteca

D. Fernando de Almeida

“Especializada em Arqueologia e História de Arte”

Como todos sabemos, a cidade de Castelo Branco dispõe hoje de uma belíssima biblioteca, no entanto esta não é a única existente na nossa cidade.
No Museu Francisco Tavares Proença, existe há muitos anos uma pequena biblioteca; especializada em Arqueologia e História da Arte.
Esta Biblioteca, (muito ignorada pelos albicastrenses) é um local onde os documentos se encontram dispostos de forma sistemática em livre acesso, pesquisáveis com recurso a uma base de dados informáticos.
Trata-se de uma biblioteca cooperante da Porbase – Base Nacional de dados Bibliográficos, o que significa que o seu acervo documental está disponível em http://www.bn.pt
Esta biblioteca tem como patrono; D. Fernando de Almeida, que foi director do Museu Francisco Tavares Proença Júnior durante onze anos, (1963 e 1974).
A família, após a sua morte doou ao museu a sua biblioteca e arquivo de investigação.
Aos albicastrenses, lanço aqui um desafio: visitem esta biblioteca que embora sendo pequena no seu espaço físico, é muito grande nas áreas em que se especializou.
Boas leituras.

O Albicastrense

sábado, julho 19, 2008

Tiras Humorísticas - Cartas

As Cartas da Discórdia

Bigodes e Companhia, conhecedores das 30 mil cartas enviadas pelo nosso hospital aos albicastrense, (vivos ou mortos) com o argumento de que; “o Hospital Amato Lusitano, de Castelo Branco, não é propriamente uma casa de beneficência” resolveram ir ao nosso cemitério entrevistar alguns defuntos sobre esta problemática de cartarias. E saber o que eles pensam sobre esta excelente teoria: ou pagas e és boa pessoa e ai vais para o rolo dos honrados, ou não pagas e tens os tribunais á porta e és um sacana.

Chegados ali, dirigiram-se à tumba mais próxima para entrevistar o respectivo defunto.

Bigodes e Companhia:

-- Como vamos nós chamar este defunto!? -- Vamos chamá-lo pelo nome que tem aqui gravado na pedra mármore. -- Senhor António Morrendo das Dores, não se importa de nos responder a umas perguntinhas?

Defunto:

-- Perguntem mas daqui do fundo ninguém me tira.
--
Senhor Morrendo das Dores, nós gostaríamos de saber se recebeu alguma carta do hospital da cidade, onde exigem o pagamento de despesas hospitalares?

-- Pagamento de despesas hospitalares???? -- Mas vocês são doidos!!! -- Ou por ai endoidaram todos de uma só vez? -- Vão mas é chatear o António Noites e Dias, que tem o dia e a noite para vos aturar.

-- Olha… este não quer nado connosco!!! -- Vamos perguntar ao defunto que ele nos indicou.

Já na segunda tumba perguntam ao defunto:

-- Senhor António Noites e Dias, temos umas perguntinhas para lhe fazer.
--
Olha só me faltava esta… já nem depois de morto me deixam em paz. -- Mas já que me acordaram, digam de uma vez por todas as vossas pretensões

-- Senhor Noites e Dias, recebeu recentemente alguma carta do hospital da nossa cidade onde lhe é exigido o pagamento de despesas médicas?
-- Ultimamente não tenho observado o meu email, eu dou-vos o meu endereço electrónico e vocês vão consultá-lo.

-- Pois venha ele.
--“
Vale dos caídos em desgraça – arroba – Paga a quem deves – ponto – cemitério e por favor deixem-me descansar em paz, pois ultimamente tenho andado muito atarefado com as minhas novas vizinhas.

-- Dos defuntos já vi que não levamos nada!!! -- Vamos virar-nos para as defuntas talvez sejam mais simpáticas.

Já na terceira tumba perguntam à defunta:

-- D. Maria Pechincha por favor responda-nos a duas ou três perguntas.
-- Olha quem eles são!!! O Bigodes e Companhia por aqui.

-- Como sabe quem somos se está ai em baixo?
--
O meu vizinho do lado, acaba de me comunicar a vossa presença, perguntem que eu sou toda vossa.

-- Olha… está a fazer-se ao piso! Deixe-se de tretas e diga-nos; -- recebeu ou não uma carta do hospital da nossa cidade, a pedir-lhe o pagamento de despesas hospitalares?
-- Do hospital só recebi a dentadura que lá tinha deixado derivado a uma paralisia cerebral repentina, foi tão repentina que ainda hoje não sei como aqui vim parar.

-- Não sabe se por aqui alguém terá recebido esta fogosa carta?
--
Gostaria de vos ajudar, mas ultimamente ando a perder muitas células cerebrais e já pouco consigo recordar. -- O melhor é dirigirem-se à minha vizinha Jacinta Fadigas Arranhado, pois ela está por estes lados há muito pouco tempo e ainda tem a memória fresca.

Já na quarta tumba perguntam à defunta:

-- D. Jacinta Fadigas Arranhado ajude-nos pois estamos desesperados, recebeu alguma carta do hospital da nossa cidade a pedir-lhe o pagamento de despesas hospitalares?
-- Que surpresa os meus amigos Bigodes e Companhia!!! -- Venham até mim pois estou muito sozinha neste enorme buraco e a precisar de companhia.

-- Olha outra a convidar-nos para entrar! Que se passa com esta gente que não pensa em mais nada? -- Diga-nos D. Arranhada recebeu ou não a carta?
-- Meus amores eu cheguei alguns dias atrás e ainda não tive tempo de pôr a correspondência em dia. -- Deixem-me o número dos vossos telemóveis, assim que tiver alguma novidade eu contacto-vos. -- Mas atenção o “Companhia” terá que vir fazer-me uma parceria durante algum tempo, pois é muito aborrecido estar aqui sozinha.

-- Livra! Bigodes vamo-nos pirar, esta Arranhada está mortinha para me agarrar.

Assim termina mais um fiasco de entrevista, desta dupla maluca que nada descobriu sobre as tão faladas cartas hospitalares enviadas aos nossos defuntos.
Bigodes e Companhia, prometem voltar sempre que houver novidades na área dos vivos ou dos mortos.

Bigodes e Companhia

ALBICASTRENSES ILUSTRES - VIII


JOSÉ LOPES DIAS
Foi uma das figuras mais importantes da nossa cidade da sua época, a ele se deve entre muitas outras coisas, a criação da escola que hoje tem o seu nome: Escola de Enfermagem Dr. José Lopes Dias, fundada em 1948.
Numa das suas edições do mês de
Agosto de 1950, o jornal Beira Baixa publicava a reportagem que se segue.
O Albicastrense

sexta-feira, julho 18, 2008

Memórias

Morreu a “Ti Olívia”

É hoje muito comum fazer-se o elogio dos responsáveis de uma qualquer instituição, esquecendo quase sempre que o êxito de um projecto não é nem nunca será de uma qualquer unidade, mas sempre e sempre, fruto do trabalho de uma equipa.
Nos anos oitenta, o museu Francisco Tavares Proença era dirigido pelo Dr. António Forte Salvado, e um dos princípios que orientavam esta instituição eram preciosamente esses; “nós temos uma equipa”.
Equipa que ia desde o técnico de museologia, ao operário, ao administrativo e que terminava na senhora da limpeza, mas onde todos eram importantes e se sentia que a falta de um emperrava a engrenagem desta bela equipa.
Vem esta conversa a propósito do desaparecimento da “Ti Olívia”, a Senhora da limpeza morreu…
Com ela vai um pouco de todos aqueles que a conheceram, não a esqueceremos, pois a nossa memória não o permitirá.
Os momentos de trabalho, os passeios da casa do pessoal, os convívios e até a tristeza da sua reforma, estarão sempre nas nossas memórias.

Até sempre “Ti Olívia”.

O Albicastrense

terça-feira, julho 15, 2008

O PASSADIÇO


Cem anos de história através da imagem

É costume dizer-se que uma imagem vale por mil palavras.
Sendo eu crente deste princípio, precisaria de muitas mais palavras, para escrever a história deste belíssimo monumento albicastrense.
Na falta de palavras minhas para falar sobre o Passadiço, você que está a ler este post, pode fazê-lo.

O Albicastrense

ALBICASTRENSES ILUSTRES - VII

FERNANDO DA COSTA CARDOSO PACHECO E ORNELAS
(1790 - 186?)
Filho de Fernando da Costa Pacheco e Ornelas e de D. Joana e Ornelas, nasceu em Castelo Branco (segundo o Memorial de Castelo Branco). Foi um abalizado jurisperito. Teve o grau de bacharel em leis pela Universidade de Coimbra.
Deve ter nascido por volta de 1790, em 1821 foi este ilustre e ilustrado albicastrense deputado às cortes, e ai apresentou uma Memoria acerca de compáscuos, que ele declara ter feito para bem de toda a agricultura do pais, mas especialmente a favor da Comarca de Castelo Branco. A cópia deste trabalho cheio de erudição existe no arquivo municipal de Castelo Branco no livro das Ordens e Provisões de 1821 a 1823.
Em e de Abril de 1821 tomou posse do lugar de juiz de fora da Guarda, lugar que conservou até 5 de Junho de 1832. Em 1827 foi despachado corregedor para Torres Vedras, mas não chegou a tomar posse deste cargo porque o governo de D. Miguel lhe anulou o despacho. Depois da queda do governo absoluto foi Governador Civil de Viseu e da Guarda.
Em 25 de Fevereiro de 1830 foi eleito pela Câmara Municipal de Castelo Branco para exercer o lugar de juiz do povo, lugar que teve por varias vezes. Foi provisoriamente, em 1834 corregedor de Castelo Branco (logo depois de proclamada aqui a constituição politica de reino). Em 1846 governou o distrito de Castelo Branco, mas teve que emigrar para Herrera “Espanha” em consequência da agitação politica dessa época.
Por varias vezes, desempenhou neste distrito cargos de eleição popular, fazendo sempre distinta figura não só pela sua ilustração como pela honradez. Tinha felicíssima e aguda memoria a ponto de citar de pronto leis, decretos, provisões com suas datas, a propósito de qualquer ponto jurídico.
Terá falecido em Castelo Branco, na década de 60 de século XIX.
Recolha de dados;
"Monografia de Castelo Branco de António Roxo".
O Albicastrense

domingo, julho 13, 2008

Castelo Branco na História XXXI

(Continuação do número anterior)

No local onde foi erecta a actual igreja da Sé, da invocação de S. Miguel da Sé, existiu outro templo, de grandes dimensões, que não resistiu à acção implacável do tempo. É desconhecida a data da fundação da primeira igreja de S. Miguel que se erguia de um hectómetro, aproximadamente, para o lado do nordeste, da muralha que cingia a povoação de Castelo Branco. No desenho da antiga fortaleza vista do lado do noroeste, que faz parte do livro das Fortalezas do Reino elaborado por Duarte de Armas no século XVI, pode verificar-se a existência, nessa época, do velho templo gótico, situado fora da muralha, no qual sobressaia um esbelto campanário de dois sinos e das características desse edifício, pode depreender-se que ele foi edificado no século XIII ou no XIV, em que predominou aquele estilo. Porfírio da Silva, no seu Memorial de Castelo Branco fez a seguinte referencia à antiga igreja de S. Miguel:
“ Existem escritos que asseguram que a igreja da Sé fora em tempos maior do que hoje, que tivera duas naves, nove altares e mais 36 palmos de comprimento e 18 de largura.” No último quartel do século XVII a antiga igreja encontrava-se muito arruinada. Este facto foi talvez devido a deficiências da sua estrutura, pois não consta que ela tivesse sido danificada durante as guerras da restauração como foi a de Santa Maria do Castelo.
O Bispo da Guarda D. Martim Afonso de Melo mostrou então decidido empenho pela reedificação do templo: para que a população não tivesse de suportar todos os encargos inerentes, fez à Câmara Municipal, em 25 de Março de 1684, a doação de 2.000 cruzados por ano enquanto durassem as obras.
Esta doação ficaria sem efeito, em conformidade com uma das cláusulas da escritura, se a Câmara deixasse de aplicar exclusivamente na reconstrução do edifício as dois reais de água que foram consignados para esse fim pelo Rei D. Pedro II. Na parede interior da nave, do lado do sul, há uma lápide com os seguintes dizeres: Começou a reedificação deste igreja no ano de mil e seiscentos e oitenta e dois para o qual deram os povos desta comarca dez mil cruzados e para os aliviar o ilustríssimo senhor D. Afonso de Melo, Bispo da Guarda quinze mil cruzados de esmola e acabou…? Outra lápide existente na parede do lado do norte tem a seguinte inscrição:
O ilustríssimo senhor D. Frei Luís da Silva, Bispo da Guarda fez esmola a este povo da guarnecer as oito capelas de retábulos, painéis, imagens, frontais ricos e os mais de per anno castiçais cruzes e tudo se fes depois de eleito Arcebispo de Évora anno de mil seiscentos e noventa e um.

PS . O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951
Autor. M. Tavares dos Santos

O Albicastrense

sábado, julho 12, 2008

A Nossa Muralha

Bigodes e Companhia conversam
Com

O troço da velha Muralha

Depois do fiasco que foi a conversa de Bigodes e Companhia com o Chafariz de S. Marcos, a dupla resolveu repetir a pobre experiência com: “O troço da muralha desaparecido e agora aparecido”.
A dupla não querendo dar barraca estudou muitíssimo bem este dossier, equipou-se, e meteu pernas a caminho.
Subiram ao castelo e tagarelaram com o troço agora descoberto!!!!

Bigodes e Companhia:

-- Diga-nos Senhor pedaço da Muralha, por onde andou durante as centenas de anos em que esteve desaparecido?

Troço da muralha agora aparecido:

-- Desaparecido!? Mas eu estou aqui… E sempre aqui estive.

-- O senhor fragmento da muralha desculpe-nos… as informações que temos é que andou por ai de namoro, com uma muralha estrangeira e foi-se da cidade.
-- Com uma muralha estrangeira!? Só se fosse com a muralha da China… mas ela coitada, anda muito retalhada ultimamente.

-- Não mude de conversa e diga-nos: Se não se chispou da cidade, porque raio se camuflou dos albicastrenses?
-- Amigos Bigodes e Companhia, eu nunca sai do lugar onde tenho pousado há centenas de anos … Os albicastrenses,
e principalmente os políticos da nossa cidade, é que nunca quiseram saber de mim.

-- Lá está a desaparecida agora aparecida, a fazer-se de vítima.
-- Não estou não senhor… estou apenas a dizer a verdade:
Em Junho de 1836, o governo de sua majestade a pedido da “nossa autarquia”, autorizou a destruição através de uma portaria dos arcos da muralha da cidade e a utilização da minha pedra em obras de ”manifesta utilidade pública”...

-- Hoje ninguém iria permitir tal vandalismo!!!!!
-- Agora são vocês, quem estão a brincar!!!

Mas vamos continuar a nossa conversa:
Não contente com a portaria anterior no ano de 1839 sai nova portaria, onde se ordenava que fosse vendida parte da pedra das paredes do castelo e da muralha.

-- Senhor troço de muralha esqueça o passado e pense no futuro
-- Esquecer como?
Se estão constantemente a cometer os mesmos erros….
Ainda há alguns dias atrás, umas ruínas fa
miliares minhas que me vieram visitar, choravam baba e ranho de raiva, por causa do que lhes estava acontecer.

-- Conte-nos, o que foi que aconteceu?
-- Estiveram enterradas algumas centenas de anos, (como aliás é costume nas ruínas), mas desenterram-nas, limparam-nas e depois arrasaram-nas!!!!!
Como pode ver, os inquilinos da velha casa autárquica até podem ser outros… os métodos segundo parece é que não mudara
m muito.

-- Senhor Troço agora aparecido esqueça as amarguras e diga-nos:
Como é, sentir-se desejada novamente?

-- Desejado eu?

-- Sim… os políticos albicastrenses vão tratar de si, e até vai ter direito a eliminação pública nos seus 160 metros de comprimento.
-- Vocês só podem estar a gozar com este pobre troço de muralha desaparecido e agora aparecido…
Mandam-me abaixo todas as portas que tinha, vendem-me pedra a pedra, constroem tanques, casas de banho e ainda “mijam” e “cagam” em cima de mim.
E depois ainda me perguntam como é ser-se desejada?

-- Sim… como é ser uma espécie de troféu, que não é nem deixa de ser?
-- Meus amigos se eu tivesse canelas para andar à muito que teria desandado para um local bem distante, deste “paraíso” albica
strense.

Bigodes e Companhia

quinta-feira, julho 10, 2008

MURALHA À VISTA

Segundo o jornal reconquista, a Câmara de Castelo Branco acaba de descobrir mais um troço significativo da muralha da cidade!?

Com algum sentido de humor eu pergunto o seguinte:

Por onde terá andado “ESTA VELHA MURALHA MALUCA” ao longo dos anos?

Da muita indignação com que fiquei ao ler este trabalho, existe um ponto que não pode ficar sem que eu faça uma pergunta aos responsáveis da nossa autarquia.

Segundo o referido jornal: Todo o espólio encontrado depois de inventariado vai ser guardado no Museu do Canteiro em Alcains. Acrescentando a seguir: Existe quem defenda a criação de um pólo museológico do castelo.

Como albicastrense e antigo trabalhador do Museu Francisco Tavares Proença Júnior, ao ler esta parte do artigo, fiquei com os poucos cabelos que ainda tenho na cabeça em tumulto.
Porque raio se levanta a hipótese do espólio encontrado no castelo da nossa cidade, ir parar ao Museu do Canteiro de Alcains e não ao Museu Albicastrense!?
Quero acreditar que tudo não passa de um mal entendido… pois como antigo trabalhador do museu, fui testemunha de várias colaborações, entre os actuais responsáveis da nossa autarquia e o museu albicastrense.
O destino deste espólio, terá que passar sempre por Castelo Branco, a saída deste espólio da nossa cidade seria considerada pelos albicastrenses como “um insulto e uma traição, à nossa cidade e aos albicastrenses assim como às suas instituições”.
Meus senhores, decorrem até 2010 as comemorações relativas ao centenário do
Museu Francisco Tavares Proença Júnior, 100 anos de um percurso muito difícil e cheio de espinhos.

Cem anos: Em que a arqueológica começou por ser a sua espinha dorsal, porém com o passar dos tempos tornou-se exigente e especializou-se em etnografia e pintura, na década de 70 adquiriu notoriedade na área do bordado de Castelo Branco.
Cem anos:
Em que andou tipo cavaleiro andante, com a tralha às costas por vários lugares. Germinou e foi baptizado na Capela do Convento de Santo António, transferiu-se para o edifício da Antiga Escola Normal Primaria, onde ganhou formação escolar, transferiu-se de novo para o convento de Santo António onde prossegue a sua formação religiosa, transfere-se para o edifício do actual Conservatório Regional onde adquire formação musical, transferiu-se para o edifício do Governo Civil, onde ganha formação politica, por fim pega na trouxa e assenta definitivamente residência no antigo Paço Episcopal, onde aprende a arte do bordado de Castelo Branco.

A ida deste espólio, (seja ele qual for) para fora da nossa cidade, seria mais uma machadada no fundador do museu albicastrense, que na sua cova perguntará: “que mal fiz eu a esta gente para ser tratado desta maneira.

O Albicastrense

ANTÓNIO ROXO - DEPOIS DO ABSOLUTISMO - (12)

"MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE" Espaço da vida político-social de Castelo Branco, após a implantação do regime constitucional. U...