terça-feira, março 31, 2009

Obras na minha cidade



O SEU A SEU DONO
No poste anterior, abordei aqui uma questão que tinha a ver com uma velha casa, situada na rua Vaz Preto, coincidência das coincidências a nossa autarquia resolveu, (e por sinal muito bem no entender deste albicastrense), mandar abaixo na Rua das Olarias, a velha casa que a fotografia documenta, de forma a tornar visível mais alguns metros da velha muralha nesta rua.
Assim como aqui critico algumas das obras feitas pela nossa autarquia, aqui ficam os parabéns do albicastrense, aos nossos autarcas pela medida agora tomada.
Aliás… este manda abaixo, vem reforçar a proposta que fiz no poste anterior.
Senhor presidente!… maravilhe os albicastrenses dando seguimento a este trabalho de recuperação da nossa velha e saudosa muralha, na Rua Vaz Preto.
O Albicastrense

domingo, março 29, 2009

A MINHA CIDADE



Zona Histórica
de
Castelo Branco
Nas minhas caminhadas pela zona histórica da nossa cidade tenho tido a preocupação de tentar saber o que por ali se passando, e ao mesmo tempo ajuizar do andamento dos trabalhos que por ali decorrem.
Na ultima vez que por ali deambulei fui informado por pessoa moradora nesta zona da nossa cidade, que a nossa autarquia teria adquirido o velho prédio que a fotografia número um documenta.
Tentei saber qual o destino que a nossa autarquia irá dar a este velho e degradado prédio, porém de concreto nada consegui descobrir, logo… só me resta especular sobre os rumores que ouvi no local.
Os ecos têm duas versões:
Um diz que a velha casa, é para mandar abaixo. Outro que é para instalar na velha casa após restaurada, um serviço de apoio á zona histórica.
Rumores à parte… conhecendo eu toda esta zona, não tenho duvidas sobre a hipótese que gostaria que a nossa autarquia levasse adiante.
Na ultima recuperação da velha muralha na rua Vaz Preto, foi possível derrubar alguns casebres ai existentes, (tal como a foto número dois demonstra), e voltar a tornar visível parte da nossa velha muralha.
Voltando à fotografia número um nela podemos ver que esta casa agora adquirida pela nossa autarquia, está ligada a um pequeno torreão da velha muralha, e que por detrás desta casa ainda existem vestígios da muralha que em tempos ligava este torreão a uma das portas da antiga vila albicastrense. O derrube desta casa iria permitir que o que resta da velha muralha situada na rua de Vaz Preto ficasse toda ela visível e pudesse ser restaurada.
Se for para ali instalar algum serviço de apoio á nossa zona histórica também não deixa de ser interessante, embora preferisse de longe que a aposta fosse mais arrojada e apostasse na primeira suposição.
Certezas quando ao que acabo de escrever não tenho, porém, se a ideia for uma das aqui descritas não posso deixar de dar os parabéns aos responsáveis por esta belíssima ideia na primeira hipótese, e menos boa na segunda. No entanto… tal como diz o outro!… “Certezas só no fim do jogo”. Também aqui é preciso esperar para sabermos se tudo o que se ouve corresponde de facto á verdade, ou se estamos perante mais uma nuvem de fumo para nos cegar a todos.
O Albicastrense

sexta-feira, março 27, 2009

ANTÓNIO SALVADO

Manuscrito de António Salvado integra acervo da
Universidade de Salamanca
Segundo o jornal “Diário XXI”, o poeta albicastrense António Salvado passa a fazer parte do acervo da Biblioteca Histórica da Universidade de Salamanca.
António Salvado doou a sua versão da obra “Cântico dos Cânticos” de Salomão, trabalho feito a partir do hebraico em 1962 á Universidade de Salamanca, com uma tradução para o espanhol e 14 ilustrações.
A tradução é da autoria do poeta e escritor Perez Alencart e as ilustrações do pintor Miguel Elias.
A entrega foi assinalada no Dia Mundial da Poesia na referida Universidade. O “Cântico dos Cânticos, dedicado ao amor e sensualidade, faz parte dos livros poéticos do Antigo Testamento.
Ao poeta António Salvado, este albicastrense só pode desejar o melhor do mundo
.

O albicastrense

quinta-feira, março 26, 2009

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS - XIV


(Continuação)
A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940.
A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Ribeiro Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes.
O texto foi escrito neste blogo, tal como foi publicado em 1937.
Os comentários do autor estão aqui na sua totalidade.
Comentário do autor: Os selvagens destruidores de árvores não são só de hoje nem de ontem, são de sempre. Publicam-se leis, fazem-se posturas, mas, por mais que se faça, os resultados são sempre pouco menos do que nulos. Na sessão da Câmara realizada em 3 de Fevereiro de 1768 encontramos isto:
Acta de 1768: “E logo determinarão que para a conservação das Arvores que no auto da correissam semandarão plantar na devesa se estabelessem as penas seguintes às pessoas que as danificarem por qualquer modo que seja. Toda apessoa que tirar os carapetos ou as silvas que supõem para Resguardo das ditas Arvores terá de coyma mil rs e dois meses decadea, e sendo filho família pagará seu pay ou apessoa debayxo de cujo domínio estiver a dita coyma, estando os ditos filhos famílias sempre os dois mezes na cadea. E toda a pessoa que cortar alguma das ditas Arvores ou as cobrar terá de coyma seis mil e quatro mezes de cadea, e toda apessoa que prender qualquer género de besta ás ditas Arvores nos dias de Mercado, ou fora delles, ou outra qual casta de Animais terá decoyma mil rs pagos da cadea”.
Comentário do autor: Mesmo comparadas com as de hoje, levando em conta a diferença de valor da moeda, estas multas eram de molde a fazer encolher os mais teimosos e selvagens destruidores das árvores, tanto mais que, por cima da multa, lá estava a cadeia, mas nem por isso as árvores da devesa ficavam eficazmente defendidas. Então como agora… vamos lá com Deus. No mesmo sentido de protecção das árvores, que estava no espírito das leis e nas posturas municipais do tempo, encontramos nova deliberação no dia 27 do mesmo mês de Fevereiro. Resa assim:
Acta de 1768: “E logo determinarão que se observassem as posturas antigas por estarem muito com formes com as leys e ao bom governo deste Povo. E assim mais que Ressalvassem as Arvores todas as pessoas deste Povo na folha da (segue-se o nome da folha que não fomos capazes de ler) cujas foram determinadas pelos louvados o capitam Domingos Lopes Alvarinho e Niculao Joam nomeados pello Doutor Corregedor, as quais Arvores serem lanssadas no Livro Respectivo eficara Relassam dellas mam do Escrivam dos aduados para os notheficar, e saber cada hum o numero das que hade Ressalvar”.
Comentário do autor: Apesar de todos estes cuidados e cautelas, veremos que aqueles que mais interesse devim mostrar pelo cumprimento destas louváveis deliberações não sabiam ou não queriam toma-las na devida conta. Em sessão de 9 de Abril surge um caso muito complicado a respeito da cobrança de certos rendimentos, que resumimos assim: Os “ derramadores de siza” meteram na conta os dois terços da renda das tabernas que devia pertencer á câmara,
Acta de 1768: “Querendo expoliar esta da posse em que está de fazer a dita cobranssa aplicando as ditas duas partes para criassam dos emgeytados e outras despesas, esta posse autorisada com sentensa que ouve do Supremo Tribunal da Fazenda em que Sua Magestade deve tersar na dita Renda das Tabernas”.
Comentário do autor: A Câmara, sentindo-se lesada, reclamou, protestou, fartou-se de dizer da sua justiça. Os dois terços da renda eram seus e precisava deles.
Acta de 1768: “para a despesa da criassam dos emgeytados que não ademite a menor demor pois que não devem perser á fome e as Amas dellas estam clamando pelas suas pagas”.
Comentário do autor: Mas de nada valeu á Câmara reclamar. Ninguém a ouvia. O Marques de Pombal, que era então quem governava, lá entendia que precisava dos dois terços da renda das tabernas, e acamara que se governasse. Mas o dinheiro era preciso. Então a Câmara saiu-se do embaraço determinante.
Acta de 1768: “que se fassa huma finta naforma da Ley visto não haver rendimento neste concelho que chegue para as despezae ordinárias e precisas”.
Comentário do autor: Lembra isto a velha fábula da rã do charco a lamentar-se por ver dois bois á bulha. A bulha era lá com os bois, mas o que fosse vencido iria refugiar-se por ali perto e ela corria o risco de ser esmagada. A Câmara bulhou e com toda a razão com os “derramadores da Siza” ou, melhor, com o governo para quem esses derramadores trabalhavam. Vencida a Câmara, refugiou-se… no lançamento de um finta que o povo teve de pagar com língua de palmo. È verdade que era para a “criassam dos emgeytados”, que não haviam de “perser á fome”, e para calar a boca às amas deles que estavam “clamando pelas suas pagas”, mas sempre foi o povo que veio a pagar as diferenças. Cá temos agora a prova de que aqueles a quem mais devia interessar o cumprimento da deliberação municipal relativa ao “"ressalvamente” das Arvores e eram os primeiros a não fazer caso disse. Em sessão de 26 de Junho os vereadores:
Acta de 1768: “Determinarão que se condenassem as pessoas que faltarão arressalvar as Arvores… que se lhe determinou em virtude do capitulo da correyssão e mandado do mesmo ano, que lhe farão Arbitradas pellos louvados declarados no Referido capiluto, para cujo ressalvamente ellas forão notheficadas como consta por certidão…” E assim foram multados em quantias varias os seguintes proprietários relapsos, por não terem ressalvado as arvores que lhes foram indicadas:
Domingos Ribeiro, 5 árvores; João do Canto, 70 árvores, os Rojos, 8 árvores; António Pires Ruivo, 104 árvores; Manuel Tomaz, 11 árvores; Manuel Vaz Moura, 6 árvores; António Serrão, 8 árvores; Paulo Pires, 10 árvores; Manuel Pires, 15 árvores.
Comentário do autor: O lançamento da multa de João do Canto tem ao lado esta nota: - Este não. Talvez fosse compadre da Câmara. Pelos compadres houve sempre muita consideração… Neste ano, a Câmara não quis ficar na protecção às árvores, foi mais longe no que de algum modo jogava com as coisas agrícolas. Assim é que, em sessão de 9 de Setembro, os vereadores entenderam que deviam regular as vindimas e por isso.
Acta de 1768: “Determinarão que pella experiencia ter mostrado que as vindimas se costumão fazer antes da uva madura, São causa de se arruinarem os vinhos em forma que nas Tabernas, se metem muitos quasi vinagre o que he com prejuízo da utilidade publica e detrimento da saúde dos moradores desta villa, que as vindimas em qualquer sitio que seja, se não fassão senão depois de se lanssar pregão por mandado desta Camara por que se conseda lissenssa para se vendimar com pena de que todo o vindimador que se achar vindimando ou se souber vindimou antes do dito pregam lissenssa, sendo mayor de doze annos homem ou molher será preso por tempo de oito dias e sento e vinte rs de condenassam que pagara antes de sahir da cadeia, isto por cada vez q for compreendido e o mesmo arrespeito dos menores que pagarão seus pays a pena picuniaria e os senhores das vinhas ou os que mandarem fazer as vindimas serão obrigados o pagar de condenassão doys mil rs tudo aplicado para as despesas do conselho e este acordam se nothesiará por pregão pelas ruas publicas”.
Comentário do autor: Não esteve lá com panos quentes a Câmara. Para que as uvas ainda não maduras, não sejam “causa de se arruinarem os vinhos”, vindimas só depois de serem anunciadas por pregão. Para os vindimadores que não esperem pelo pregão, oito dias de cadeia e seis vinténs de multa. Para os que mandassem fazer o serviço, o caso era mais serio: a multa subia dois mil reis. Eram bons tempos. Se hoje a Câmara, ou mesmo o Governo, se metesse a proceder por forma semelhante, veriam o que era gritar pela Liberdade! (Continua)
Ps – Mais uma vez informe os leitores dos postes, “Efemérides Municipais” que o que acabou de ler é uma transcrição fiel do que saiu em 1937. Modificar, emendar ou alterar estes artigos seria na minha perspectiva um insulto ao seu autor.
O Albicastrense

terça-feira, março 24, 2009

LARGO DE SÃO JOÃO


No último aniversário da nossa cidade, alguns dos nossos “ilustres” inauguraram algumas das obras feitas pela nossa autarquia.
Dos muitos mimos ditos em prol da grandeza destas obras, aqui ficam alguns exemplos:
Castelo Branco a Caminho do futuro” ou a “grande cidade do interior” ou ainda “cidade moderna e atractiva” e por fim a “devolução dos espaços nobres á cidade”.
Que me desculpem alguns dos mentores destas pérolas, mas este albicastrense não está nada de acordo com todos estes miminhos, com que alguns querem afagar os mentores de tão significantes obras.
Devolvemos o largo de S. João á cidade!… dizem alguns dos nossos sábios, curiosamente quando da destruição da Capela que se encontrava neste mesmo largo no inicio do século XX, alguém terá afirmado mais ou menos isto: “A cidade beneficiará com este belo melhoramento
Dizer-se agora que o Largo de S. João está a ser devolvido á nossa cidade e aos albicastrenses, é quererem enfiar-nos um grande barrete.
Este velho largo, poderia e deveria ter sido devolvido aos albicastrenses tal como os seus promotores dizem, se o projecto ali desenvolvido fosse efectivamente um projecto que tivesse por fim esse propósito.
Eu só pergunto aos promotores de tão arrojado projecto: Devolver como? se o que ali temos mais não é que um largo de pedra, completamente vazio de tudo aquilo que deve ser este tipo de espaços. Devolver como? Se as zonas verdes ficaram nas gavetas dos projectistas. Devolver como? Se no verão temos o sol para nos torrar os miolos, e no Inverno a chuva para nos encharcar o corpo. Muito mais poderia argumentar em prol do velho largo, porém vou ficar por aqui. Se para se atingir o caminho do futuro é necessário derrubar o nossa passado, então é melhor investir na construção de um foguetão para podermos chegar lá ainda mais depressa.
Castelo Branco é hoje uma cidade mais pobre nas suas memórias passadas.
O albicastrense

segunda-feira, março 23, 2009

A NOSSA HISTÓRIA - (XX)


A TERRA ALBICASTRENSE ATRAVÉS DOS TEMPOS
A 26 de Maio de 1864, os correligionários da Rainha D. Maria II, que no dia 20 do mesmo mês se haviam reunido, em comício de solidariedade à Rainha, decidiram manifestar a sua Majestade, toda a sua simpatia e lealdade e adesão, nomeando uma junta Governativa, com o objectivo de conservar todo o distrito de Castelo Branco, fiel à Rainha.
Para tanto declararam apoiar as medidas decretadas pelo Primeiro-Ministro Costa Cabral, medidas estas que proibiam, determinadamente os enterros nas Igrejas e nos adros das mesmas, como era habito fazer-se naqueles tempos. Esta determinação foi fortemente contestada pelo Movimento Popular, conhecido da Maria da Fonte ou Patuleia, que exigia que os cadáveres continuassem a ser sepultados nos templos e nos solos sagrados adjacentes às Igrejas.
PS. Em Castelo Branco as pessoas foram durante muitos e muitos anos, sepultadas perto da Igreja da Sé.

A recolha dos dados históricos é de José Dias.
A compilação é de Gil Reis e foram
 publicados no Jornal "Reconquista"
O Albicastrense

domingo, março 22, 2009

CASTELO BRANCO NA HISTÓRIAS E NA ARTE - (XLVIII)


CASTELO BRANCO NA HISTÓRIA E NA ARTE

IGREJA DA MISERICÓRDIA VELHA – (1)
Entre a Rua de Ega e a Rua dos Oleiros ergue-se a Igreja da Misericórdia Velha, cuja fachada principal está voltada para o lado do Poente, numa estreita rua transversal denominada da Misericórdia.
Este templo tem actualmente por orago Santo António de Lisboa e foi, durante mais de três séculos, da invocação da Rainha de Santa Isabel.
Uma pedra de granito assente no seu pavimento, sob o arco da capela-mor, tem a seguinte inscrição:

“Esta capela foi mandada fazer por Simão da Silva h… da Índia e mandoulha fazer Anna Correia sua testamenteira á custa dos seus legados que manda os faça em seu testamento”.
Está ilegível o vocábulo que se segue ao nome do testador, supondo-se ser a designação do cargo que desempenhou na Índia. Simão da Silva era um fidalgo natural de Castelo Branco, muito estimado na corte do Rei Venturoso. Camião de Góis refere-se a este fidalgo, na sua crónica do Felicíssimo D. Manuel, narrando o facto de haver sido enviado como embaixador de rei de Manicongo, capitaneando cinco navios onde eram transportados ricos presentes do rei português e sendo portador de seguinte credencial:
Nos, D. Manuel, Rei de Portugal, etc., enviamos a vós, Simão da Silva, fidalgo da nossa casa, pessoa de que muito confiamos e a quem, por nos ter muito bem e fielmente servido, temos boa vontade, o qual escolhemos para vos enviar, por o termos conhecido por esforçado e de muita fidelidade e que vos dará de si boa conta… Muito vos rogamos que o ouçais e lhe deis inteira fé e crença em tudo o que de nossa parte vos disser e falar, assim como o fareis se por nós fosse dito e falado e em muito prazer o receberemos de vós, e nós esperamos em Nosso Senhor que da ida do dito Simão da Silva vós recebais muito prazer e contentamento e que em todas vossa coisas o acheis assim bom e verdadeiro servidor, como nós nas nossas e em todo o nosso serviço o temos achado, porque por isso o escolhemos para vo-lo enviar e muito vos rogamos que pois prouve a Nosso Senhor que por Sua misericórdia vos alumiar..."
Presume-se que Simão da Silva tenha falecido nesta embaixada pelos anos de 1512 ou 1513 e que a primitiva Igreja de Santa Isabel tenha sido edificada no primeiro quartel do século XVI.
Em 1514 o Rei D. Manuel I instituiu o Misericórdia de Castelo Branco, cuja instalação foi feita numas casas anexas à Igreja da Rainha Santa.
Pretendendo aquele monarca saber com o que poderia contar para a fundação da Misericórdia dirigiu de Almeirim ao ouvidor do Mestrado da Ordem de Cristo a seguinte carta:
Ouvidor! Nós, El-Rei, vos enviamos muito saudar. Nós somos informados como pela pobreza e pouca esmola da confraria da Misericórdia de Castelo Branco a dita confraria não andava ordenada como cumpria ao serviço de Deus e bem da vila havia três confrarias de Santo André, da Santo Logo e outra de S. João que tinham muitos bens de que se mantinha um Hospital e diziam certas Missas e que, alem disse, sobejava renda e desse sobejo se podia prover e reparar a dita confraria da Misericórdia. E porque queremos saber como isto está, se é assim como nos disseram e se alem das despesas ordenadas sobeja alguma renda, vos mandamos que vades à dita vila e nos informeis de tudo bem declarado para provermos a isso como bem nos parecer.
Escrita em Almeirim a 16 de Fevereiro de 1514. Gaspar Roiz a fez, Rei”.
(Continua.)
PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951 - Autor. Manuel Tavares dos Santos
O Albicastrense

sexta-feira, março 20, 2009

CASTELO BRANCO



A MINHA CIDADE
Castelo Branco comemora hoje 238 anos de elevação a cidade.
238 anos depois da elevação a cidade, o autor deste blog só pode pedir a todos os albicastrenses espalhados por esse mundo fora, que não afastem do seu pensamento esta nobre e muito querida terra.
Aos albicastrenses residentes em Castelo Branco, assim como para aqueles que estão espalhados por todo o pais, um grande abraço deste albicastrense por mais um aniversário da nossa amada cidade.

O Albicastrense

quarta-feira, março 18, 2009

AVENIDA NUNO ÁLVARES



Nos últimos dias alguns visitantes deste blog, têm aqui confidenciado nos seus comentários, a possibilidade dos nossos autarcas se estarem a preparar para meter os caterpillars na Av. Nuno Álvares e mutilar a nossa mais bela Avenida!… Não é a primeira vez que tais rumores soam pela nossa cidade… a questão é saber-se onde acaba o boato e começa a realidade.
Fazendo o papel do mafarrico perguntava o seguinte:
Será que tudo isto não passa de uma atoarda lançada por certas forças, com vista a poder ganhar proveitos nas próximas eleições autarcas na nossa cidade?
Será que existe mesmo um projecto para tornar a nossa mais bonita avenida, uma avenida iguaizinha a tantas e tantas outras?
Ou será que na casa grande da nossa cidade, a maluquice se apoderou do juízo de alguns autarcas albicastrenses, e os transformou em gente sem noção de que o moderno nem sempre é aprazível e o velho nem sempre é desengraçado.
Não é a primeira vez que este assunto aqui é colocado, porém, acreditando ou não nesta hipotética desgraceira, o melhor é estarmos de olho bem aberto para não sermos surpreendidos por aqueles que elegemos para nos defenderem a nós e à nossa cidade, façam precisamente o contrário.
Se tal desgraceira se vier a concretizar!… é sinal que os albicastrenses endoideceram de vez, e se estão borrifando de uma vez por todas para a sua cidade, ou então que não aprendemos nada com as desgraças cometidas por alguns dos vendilhões, que habitaram a casa grande da nossa cidade.
Em finais do século XVIII alguns dos vendilhões que então mandavam na nossa querida cidade, venderam pedra a pedra parte das paredes da velha muralha, que circundava a nossa cidade para que alguns pudessem construir casas particulares com essa pedra!… tal monstruosidade ainda hoje é lembrada na nossa história local.
A hipotética chacina da avenida Nuno Álvares, tal como a conhecemos hoje, será sem qualquer dúvida uma violação e uma malvadez, de igual tamanho ao praticado em finais do século XVIII, os seus mentores podem ter a certeza que ficarão no nossa história, como aqueles que mutilaram, estropiaram e esquartejaram a mais bela avenida da cidade de Castelo Branco.
O Albicastrense

terça-feira, março 17, 2009

Campanha em prol do velho Pote


ACAUTELEM O VELHO POTE.

A dupla Bigodes e Companhia, prometem oferecer,(no dia de São Nunca á tarde), uma t-shirt, como a que o Companhia tem vestida na tira.

PS. O albicastrense não se responsabiliza pelo cumprimento da promessa feita pela dupla Bigodes e Companhia.


O Albicastrense

UM VELHO POTE - VI

Como o permitido é devido, aqui fica pela sexta vez a fotografia do velho Pote e as notícias saídas em 1916, no antigo jornal “Notícias da Beira
CEM DIAS, após a publicação do primeiro poste!… o velho pote continua no jardim do Governo Civil… à espera que saia fumo branco das mentes dos responsáveis das instituições, que podem e devem ajudar a resolver este intrigante caso. Como sou teimoso e não costumo desistir aos primeiros contratempos, irei manter a promessa de continuar a insistir, na deslocação do velho pote para o nosso museu, até que alguém me testemunhe que esta velhinha peça de cerâmica com 400 anos, não tem qualquer valor histórico.
Bigodes e Companhia solidários com o albicastrense, resolveram ajudá-lo nesta expedição e catequizaram de imediato uma campanha em prol do regresso do velho pote ao museu.
Campanha em prol do velho Pote.
A campanha tem por função sensibilizar os visitante deste blog, a enviar um mail a uma das duas entidades, que podem resolver o misterioso caso do pote desaparecido durante mais de meio século, e agora aparecido no jardim do Governo Civil!… A quem enviar um mail para o Governo Civil ou Museu Francisco Tavares Proença Júnior, com a seguinte frase:
Acautelem o Velho Pote.
O Albicastrense

segunda-feira, março 16, 2009

CASTELO BRANCO




No sossego da noite… no já longínquo ano de 1982
O Albicastrense

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS - XIII



A rubrica Efemérides Municipais, começou por ser publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova” transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937 e ali foi publicada até Dezembro de 1940.
A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro.
António Ribeiro Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes.
O texto foi escrito neste blogo, tal como foi publicado em 1937.
Os comentários do autor estão aqui na sua totalidade.

Continuação;
Comentário do autor: Na sessão da Câmara que se realizou em 15 de Março de 1767 encontramos uma deliberação que nos mostraria até onde iam as atribuições das Câmaras, se não tivéssemos outros meios de conhecer isso. Como quer que estivesse atrasado o serviço das vinhas e os jornaleiros quisessem aproveitar-se do aperto para elevarem os jornais, a Câmara não esteve com hesitações, tabelou o trabalho dos jornaleiros. Copiamos da respectiva acta com a sua pitoresca ortografia e tudo:

Acta de 1767: “ Determinaram mais que os Jornaleyros desta villa e Seu termo, nam poderiam levar mais noservisso das Vinhas doque a Sem reis pordia, meya canada de vinho, e uns feyjoins as jantar todos serem obrigados pello dito presso atrabalhar comquem os chamar pena deque aquelle q alterar o dº Presso deser condenado em mil reis pagos dacadeia tanto os ditos Jornaleyros como as pessoas que os chamaram pª o seu Servisso alterandolhe opresso determinado, emandaram fosse publicado oquefoi satysfeito de que doufé ”.
Comentário do autor: Era completo, Não havia meio de fugir. O jornaleiro era chamado para o serviço de qualquer. Não queria ir trabalhar, estando em condições de o poder fazer? Multa e cadeia. Queria ir trabalhar, sim, mas exigia preço mais alto do que o tostão marcado, a meia canada de vinho e os feijões para o jantar? A mesma coisa: multa de dez tostões e cadeia. Mas era o dono da vinha que, para atrair os jornaleiros, lhes oferecia ou dava mais do que o que constava da tabela? Lá estava a multa. Lá estava a cadeia. Para fazerem ideia do valor do jornal estabelecido, é bem recordarem-se de que, como já fizemos notar, nessa época meia canada de vinho (dois quartilhos, aproximadamente um litro) não podia vender-se por mais de um vintém. Em sessão de 20 de Abril encontramos a seguinte deliberação, de que não é mau tomar conhecimento para comparar com o que hoje se faz:

Acta de 1767: “ Determinaram mais quetoda apessoa que quizer dar carne ao povo opederá fazer somente nos asougues públicos desta vila pellos presos domez passado, pena deque toda apessoa que vender em sua casa carne aopovo perderá acarne que selhe achar para os presos equinhentos rs p.ª oconselho isto por cadavez que o fizerem emandaram fosse publicado oque foy satisfeito doque dou fé Lobo”.
Comentário do autor: Este Lobo era o escrivão da Câmara. Era lobo, mas escrevia como uma galinha. Ainda escrevia pior do que nós, o que é de pasmar. Deus lhe perdoe. De então para cá não se pode dizer que se tenha progredido muito no que diz respeito a venda de carnes. Então a carne não podia ser vendida senão no “açougue público” e os transgressores tinham a carne apreendida e a multa de quinhentos reis. Hoje, á parte a carne de vaca, de vitela, de chibato, carneiro, cabra ou ovelha, vende-se em toda a parte pouco mais ou menos. É verdade que se há fiscalização de carne exposta á venda; mas, em muitos casos, a fiscalização… é o que nós sabemos. Quantas vezes quem fiscaliza é o fiscal da praça! E o fiscal da praça pode ser muito boa pessoa, não dizemos que não; mas a respeito de competência profissional para o caso…
Pelo resto deste ano fora, até aos primeiros dias de Dezembro, não aparece nada de que valha a pena tomar nota. Em 8 de Dezembro, porém, os vereadores não mandaram, foram por esse concelho fora ver o que havia. No dia 8 estiveram em Escalos de Baixo e determinara.
- que João José, da Lousa, fosse notificado na pessoa de seu procurador para retirar toda a pedra de uma parede que tinha caído num prédio seu e obstruía o caminho á entrada da Rua da Fonte, sob pena de, não o faz mando, o fazer a Camara, cobrando da despeza por qualquer renda que o senhorio tivesse nesta comarca;
- que Manuel Gomes Vinagre tirasse uma esterqueira e pedras que tinha á sua porta, sob pena de ser condenado em dez tostões;
- que Manuel Rodrigues de Vale fizesse a mesma coisa, sob a mesma pena;
- que Domingos Pires Vinagre idem;
- que Domingos Alves e Manuel Lopes Clomente tirassem as esterqueiras que tinham no caminho de Escalos de Cima;
- Depois ordenaram:
- que todas as pessoas da povoação referida barrassem as testadas das casa todos os oito dias;
- que ninguém pudesse lavar nas fontes da Nogueira e do Adro nem dar nelas
de beber aos animais;
- que nenhuma pessoa pudesse ir ao rebusco da azeitona antes de 15 de Janeiro;
- que nenhum lagareiro “faça azeite de biscate sem dar parte aos juizes deste povo”;
- que nenhuma pessoa pudesse apanhar bolota em fazenda que não fosse sua nem tirasse lenha de tapumes;
- que, finalmente, se fizesse uma porta nova para a casa da Camara (em cada freguezia havia uma casa da Camara) e “o mais que lhe fosse necessario” .
Terminado o trabalho em Escalos de Baixo, passaram a Escalos de Cima e providenciaram a respeito de todas as faltas que encontraram sem contemplações para ninguém. Daqui seguiram para a Louza a acabaram com as estrumeiras, obrigaram os proprietários de “ fazendas ao pé do ribeiro a dar vazão às águas por onde he costume ” e puzeram termo a todos os abusos que encontraram. No dia 12 foram a Alcains. Aqui, reunidas varias pessoas na casa da Camara com os vereadores, todos (una voce) informaram que o seu povo por hora não necessitava providência alguma nem tinha nada que requerer”
Os vereadores ouviram mas lá lhes pareceu que o estado da povoação não havia de ser a beleza que os homens diziam que era e foram pessoalmente ver. Foram, e então foi o grito das almas. Aqui uma casa que tapava um pedaço de terra concelhia e obrigava-se o dono a entrar na ordem. Ali eram os esteios de uma latada que ocupavam um canto da Rua da Laranjeira e que se fazia sair para fora. Além era Jacinto Lopes Penedo que tinha ocupado uma porção de terreno na Devesa de Santo António e era obrigado a restitui-la. Noutra parte eram boeiros que se obrigavam a destapar, estrumeiras e remover, um nunca acabar de abusos a que ia pondo termo. Vê-se assim que os informadores eram… como tantos que ainda hoje por ai se encontram. Não havia necessidade de providências nem havia nada que requerer, porque todos eles tinham culpas no cartório. Encobriram-se uns aos outros. Saíram-lhes porém, os cálculos errados, porque os vereadores não quiseram jurar na fé dos padrinhos.
Depois da vistoria a Alcains… Não vale a pena dizer mais, senão que foram a toda a parte, providenciaram, castigaram os abusos, emendaram estes e fizeram tudo o que lhes pareceu bem a favor do povo. Fazia-se então isto, apesar de o povo não ser ainda soberano. Quando, passados muitos anos, lhe conferiram a soberania da cana verde… foi o que todos vimos…
(Continua) "Arc"
Ps – Mais uma vez informe os leitores dos postes, “Efemérides Municipais” que o que acabou de ler é uma transcrição fiel do que saiu em 1937. Modificar, emendar ou alterar estes artigos seria na minha perspectiva um insulto ao seu autor.
O Albicastrense

quarta-feira, março 11, 2009

A MINHA CIDADE


PRAÇA POSTIGUINO DE VALADARES
As obras na Praça Postiguinho de Valadares estão quase terminadas. Ao passar por aquele local, não pude deixar de pensar… se na parede lateral do que resta do antigo edifício da Portugal Telecom, que dá para a sede do Benfica, não ficaria bem algo que mudasse um pouco o quadro daquela enorme parede pintada de branco.
Depois de pensar e matutar durante algum tempo!… eis que as faíscas começaram
a brotar, e por pouco ia tendo um curto circuito que me ia fundido os circuitos todos.
A ideia aqui est
á!.. Naquela enorme parede, bem podia ficar algo que dissesse aos albicastrenses de hoje, como era a nossa cidade quando Duarte de Armas, a desenhou no seu Livro das Fortalezas em 1509, (o trabalho iria ficar conforme as fotografias mostram).
Aproveitar este mural para ali colocar esta ou qualquer outra ideia, seria com certeza uma forma de quebrar o excesso de cinzento, que ali vai ficar a habitar e tornar o local um pouco mais alegre.
PS. O albicastrense prescinde dos direitos de autor deste projecto de mural.

O albicastrense

terça-feira, março 10, 2009

A MINHA CIDADE


VELHAS PAPELARIAS E LIVRARIAS
De
CASTELO BRANCO
É costume ouvirmos dizer quando alguém ou alguma coisa desaparece ou se apaga, a seguinte expressão; “É a vida…”
Vem esta conversa, a propósito do eclipse de uma mão cheia de velhas papelarias e livrarias da nossa cidade nos ultimos trinta anos.

No final da década de setenta foi-se a mítica livraria e papelaria Elias Garcia, que estava instalada bem no centro da cidade, (ao lado do café Avis),
Na década de oitenta a Artes Alves, à aproximadamente três anos a Ramalho, à dois a Gráfica de S. José e recentemente uma das mais antigas da nossa cidade: a Semedo.
Porém o flagelo não termina aqui!… as poucas que ainda restam estão com a corda no pescoço, (salvo seja para os respectivos proprietários). Restam actualmente na nossa cidade as seguintes papelarias livrarias; “Central” situada na rua D. Dinis, “Narciso” na Avenida 1º de Maio (que raramente abre) “Nogueira” na Rua João Carlos Abrunhosa.
Fui visitar esta ultima, e conversei com a esposa do proprietário, (António Batista Nogueira) ali fiquei a conhecer, um pouco da história desta velha papelaria e livraria da nossa cidade.
A historia desta papelaria não é com certeza muito diferente de todas as outras!… Abriu portas em 1943 pelas mãos do senhor Nogueira, (que actualmente se encontra adoentado), sessenta e cinco anos após da sua abertura, ainda hoje se mantêm à frente do negocio.
O seu dia a dia pelo que tive oportunidade de ver… está praticamente reduzidas á venda de revistas de bordados e ponte cruz, e “curiosamente” ao diálogo com quem por ali passa!… é comum as pessoas ao passar pela porta desta velha papelaria, entrarem para dar dois dedos de conversação e perguntarem sobre o estado de saúde dos proprietários.
O prenúncio do fim aproxima-se para este pequeno tipo de estabelecimentos, declamarão alguns que é sinal dos tempos que passam… Até pode ser que assim seja, porém, estou convicto que vamos ter saudades destas velhas papelarias e livrarias.
O Albicastrense

domingo, março 08, 2009

AVISO N.º 22/2009

Na passada sexta feira no café onde normalmente vou beber o café após o almoço, foi-me chamada a atenção por um amigo, para um aviso publicado no jornal “Correio da Manhã“.
Após uma vista de olhos, verifiquei que o aviso tinha sido mandado publicar pela nossa autarquia, e dizia respeito ao:
Plano de Pormenor da Cruz do Montalvão Norte, que abrange uma área de intervenção aproximada de 25ha, situada a Sul de Cidade, entre a ex-en 18 e o parque Urbano.
Das pessoas que na altura estavam no café, nenhum conseguiu ler fosse o que fosse deste aviso!… pois as minúsculas letras em que o aviso foi publicada tornam praticamente impossível a sua leitura.
A nossa autarquia cumpriu o estipulado na lei, que a obriga à publicação deste tipo de avisos, porém a questão não pode deixar de ser colocada.
É caso para dizer; Cumpriu-se a lei!… mas atenção, que isto não e para se ler… se quiseres ler, compra uma lupa para ficares a saber o que lá está registado. Meus amigos se fosse desconfiado, estaria neste momento a pensar, que alguém se prepara para adormecer alguém.
Aos responsáveis pela publicação deste anuncio só posso desejar-lhes que sejam possuidores de muito boa visão, (ou ter olhos de falcão), pois se assim não for… duvido que alguma vez o consigam ler.
PS. A única forma que encontrei para ler este aviso foi digitaliza-lo, para depois poder lê-lo
O Albicastrense

sábado, março 07, 2009

Castelo Branco na História - XLVII

CASTELO BRANCO NA HISTÓRIA E NA ARTE
(Continuação)
A substituição da Comissão Administrativa da Câmara Municipal, em 1937, não permitiu a execução de todas as obras projectadas.
Nesse ano foram colocadas no recinto de entrada quatro painéis de azulejos e ainda se assentaram mais dois em cada um dos anos de 1938 e 1939. Ficaram porem, dez painéis por revestir. Não há uniformidade nas cercaduras por não ter havido nos anos de 1938 e 1939, o cuidado de fornecer à fábrica os elementos necessários para evitar a desarmonia dos painéis encomendados com os que tinham assentes em 1937.
Não se chegou a suprimir a entrada indirecta do jardim, que dá acesso ao passadiço sobre a Rua de Bartolomeu da Costa. O portão dessa entrada esteve primitivamente ao meio do passadiço para vedar a passagem do jardim para a horta ajardinada e foi mudada para a Rua de Bartolomeu da Costa, pela vereação municipal de 1911, no intuito de dotar o jardim com uma entrada privativa independente da horta que se encontra hoje transformada em parque. Foi então mudado também o sentido do lanço de escada que estabelecia a comunicação do jardim com a horta fronteira e que passou a servir para o acesso ao passadiço pela rua publica. Com a construção da nova entrada directa do jardim tornou-se inútil a existência do acanhado recinto de entrada estabelecido em 1911 e que apenas serve actualmente de depósito de imundices, dando azo a justos reparos dos visitantes.
É imprescindível, portanto, a conclusão das obras projectadas em 1936, para a qual falta a execução das seguintes:
1º Eliminação da entrada indirecta do jardim pelo passadiço, por se haver tornado desnecessário:
2º Reconstituição do lanço de escada para o restabelecimento da comunicação com a antiga horta ajardinada actualmente transformada em parque moderno:
3º Substituição dos frisos de massa, que contornam os painéis de azulejos , por frisos de cantaria:
4º Revestimento das paredes do recinto de entrada, estabelecido em 1936, com mais dez painéis de azulejos artísticos:
5º Uniformização das cercaduras dos painéis de azulejos assentes e a colocar:
6º Banimento das laranjeiras que foram plantadas no recinto de entrada em 1941 e que afrontam as suas paredes apaineladas; e finalmente:
7º Instalação da iluminação eléctrica no jardim, sem prejuízo da sua estética nem da sua harmonia.
As cantarias do portão a suprimir poderiam ser colocadas no que estabelece a comunicação do parque com o bosque, em substituição das outras modernas e extremamente pobres que destoam da Porta de Roma e que ali se colocaram no lugar das primitivas por estas terem sido aplicadas na porta férrea do novo recinto de entrada do jardim.
A existência de painéis de azulejos nas paredes do recinto de entrada, não obstante despertar a curiosidade dos visitantes, animar o ambiente e valorizar o jardim, tem sido objecto de algumas criticas discordantes. Enfileiram no reduzido número de detractores os candidatos varões que desconhecem a exuberância e a beleza dos azulejos decorativos nos jardins similares do século XVIII, nomeadamente no do Palácio Nacional de Queluz e no do Marques de Fronteira em Lisboa. Há, todavia a contrapor a tais opiniões inconsistentes as dos críticos abalizados em cujo número se contou Conttinelli Telmo, o saudoso Arquitecto chefe da Exposição do Mundo Português realizada brilhantemente em Lisboa em 1940.
Convidado pelo autor do projecto a emitir um parecer, aquele técnico ilustre concordou plenamente com a decoração do recinto com azulejos artísticos, não tendo posto objecções ao conjunto das obras.
É de lamentar, portanto que a louvável e invulgar iniciativa do antigo vereador Joaquim Martins Bispo não tivesse continuadores. É digna de louvores a Câmara Municipal por ter promovido a realização de importantes obras de urbanização que, embora incompletas, já melhoraram notavelmente a fisionomia da cidade; tornar-se-ia merecedora dos maiores encómios e credora de um profundo reconhecimento de todos os munícipes se deliberassem valorizar o património artístico citadino, com a execução das obras complementares da nova entrada do portentoso Jardim Municipal.
PS . O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal "Beira Baixa " em 1952
Autor. Manuel Tavares dos Santos
O Albicastrense

quinta-feira, março 05, 2009

A MINHA CIDADE

LARGO DA SÉ
Após alguns comentários aqui deixados, resolvi sondar e dar uma vista de olhos no Largo da Sé, (também baptizado pela dupla Bigodes e Companhia como o novo Largo dos reformados), para tirar a limpo o que por ali se passa.
Perante o que tive a oportunidade ver, é caso para dizer que a montanha pariu uma ratice!… então não é que o nossa autarquia, resolveu tirar aquela “espécie” de arbustos que ali existia! e plantar lá amores perfeitos…
Pensarão os nossos representantes que pelo facto de ali colocarem uns amores perfeitos, o largo irá ter melhor aspecto!? Até pode ser… que as várias cores das flores ali plantadas, possam dar mais alegria a este pobre e triste largo, no entanto estou como o outro: “Pobre sapateiro remendão… que por mais que remendasse ficava sempre com os pés de fora“. 
Que me desculpem os responsáveis pela colocação dos amores perfeitos neste largo, (flores de que aliás gosto imenso), este remendo é apenas um deitar de areia para os olhos dos albicastrenses. O verdadeiro problema deste triste e pobre largo, chama-se: Burrice na escolha do projecto para o local. O tipo de largo ali “implantado” em substituição do bonito jardim que ali existia, e que os responsáveis das varias vereações da nossa autarquia deixaram degradar pouco a pouco, ficaria bem com certeza!… em qualquer átrio de cemitério, e nunca num dos largos mais bonitos da nossa cidade.
Curiosamente após alguns comentários aqui e ali, cheguei a acreditar que a nossa autarquia iria dar a mão a palmatória e alterar de uma vez por todas a jumentada que ali cometeu.
Santa Ingenuidade a minha!…………
O Albicastrense

quarta-feira, março 04, 2009

BIGODES E COMPANHIA - Entrevistas


QUINHENTOS POSTES DEPOIS
Bigodes e Companhia empenhados em cair nas boas graças do albicastrense, resolveram entrevistá-lo para celebrar a publicação do poste número 501.
Companhia para Bigodes.
-- Bigodes… ele anda á 500 postes a dar música á maralha, hoje vai receber o retorno para ficar a saber como elas molestam.
-- Companhia vai com calma… não vá ele mandar-te entrevistar alguma alma atormentada.
-- Olha… até aqui tem sido ele a enviar-nos a entrevistar torres, muralhas, defuntos e até gaiolas… chegou a vez dele saborear as nossas maluquices.
-- Não te exaltes homem !…
"Chegados ao local onde se cozinham os postes, os nossos patuscos amigos empunharam o gravador e toca a fazer perguntas".
-- Caro albicastrense… a dupla Bigodes e Companhia em homenagem aos 500 postes do nosso blog, resolveu fazer-te uma entrevista.
-- Meus amigos… é uma honra poder ser entrevistado por bonecos tão patuscos e sem graça.
Companhia para Bigodes.
"Bigodes… Ainda agora começamos, e já nos está a chamar-nos patuscos… Quem pensa ele que é? Calma Companhia!… Ele julga ser mais finório do que realmente é… vamos aguardar para lhe dar resposta".
-- Achegado albicastrense como nasceu esta ideia estapafúrdia de aleitar um blog?
-- Boa Companhia… eu não encontraria melhor expressão para irritar alguém. Olha… tudo começou quando um dia resolvi visitar o blog do meu amigo Joaquim Batista, (O Idanhense), e pensei para com os meus botões… que talvez fosse interessante criar um na nossa cidade.
-- Ajeitado albicastrense ainda te recordas do primeiro poste?
-- Estou a agourar problemas Companhia!.. Respondendo a tua pergunta: Foi um poste sobre o antigo parque da cidade, a que dei o titulo “Ao Parque da Minha Infância” e foi publicado no dia 5 de Setembro de 2005.
-- Mudando de conversa… dos 500 postes que escreveste, qual foi o mais gozo fazer?
-- Eu não escrevo Companhia… quando muito emparelho algumas palavras de forma a dar-lhe algum sentido. -- O que mais prazer me vai dar a fazer é o 999.
-- O 999... Mas o amigo albicastrense ainda só afixou nesta espécie de blog 500?
-- Companhia… o melhor é deixares ser o bigodes a fazer as perguntas não vá o diabo tentar-me. -- Olha será o 999, porque esse poste será sobre a tua exterminação Companhia.
-- Não precisa de ser agressivo homem… eu só estou a cumprir o meu papel de boneco patusco.
-- Já vi que ficaram ofendidos comigo por vos ter chamado “bonecos patuscos sem graça“. -- Peço desculpa se vos ofendi.
Bigodes para Companhia.
"Companhia… deixa-me fazer algumas perguntas, senão ainda entornas o caldo".
-- 500 postes depois qual é o balanço que fazes das más línguas em que tem andado metido?
-- Também tu Bigodes!… eu não encontraria melhor expressão para irritar alguém! Olha o balanço não é mau… mas podia ser melhor.
-- Pois podia… se fossemos nós a decidir aquilo que se devia publicar no blog.
-- Não percebi o que disseste tu Bigodes?
-- Nada!… Estava a pensar em voz alta… Qual o critério que o albicastrense veste para a colocação dos postes no nosso blog?
-- O critério da pesquisa e da procura… por vezes também utilizo o critério do faz de conta.
-- O critério do faz de conta!?
-- Sim Bigodes... Sento-me no sofá e faço de conta que estou a pensar, porém estou a tirar uma roncada.
Bigodes para Companhia.
"Está a dar-nos musica Companhia!… ele já vai ver como elas lhe mordem. Calma Bigodes… Olha que ele é rato manhoso".
-- Amistoso albicastrense… a dupla “Bigodes e Companhia” tem conhecimento de acusações feitas por vários visitadores do blog de ser um vira casacas, pois tão depressa está com o primeiro, como está contra o primeiro!... A pergunta por mais que nos custe… não pode deixar de ser colocada. -- Afinal de que lado está o albicastrense?
-- Queridíssima ex. dupla de patuscos! com amigos como vocês eu não preciso de inimigos para me aborrecerem os neurónios. -- A resposta á vossa pergunta é muito simples… estou sempre ao lado da minha cidade.
-- Companhia… o melhor é desatarraxarmo-nos para outras bandas, senão ainda deixamos de aparecer no blog do albicastrense, e aparecemos na secção obituária do jornal Reconquista.
Bigodes e Companhia

segunda-feira, março 02, 2009

A MINHA CIDADE

Zona histórica de Castelo Branco

Voltei hoje ao castelo, e qual não foi o meu espanto … quando ao passar pela rua D’Ega sinto um cheiro a urina!.. Tentei perceber de onde vinha tal cheirete!… e depressa me apercebi da existência de um rego de água com cheiro a mijo, que passa no lado esquerdo da rua para quem a desce.
Armado em Sherlock Holmes procurei o nascente de tal cheiro, (perdão… do rio de água com cheiro a mijo) subi a rua D’Ega até á Travessa da rua do Muro, local de onde vinha o respectivo rego de água com cheiro mijo. Continuei pela dita cuja até ao fim... e o rego continuava, (conforme as fotografias documentam), entro na rua do muro e depressa me apercebo da nascente do pestilento cheiro. Rente às paredes de um velho solar em ruínas, (de que hoje em dia só restam as paredes), e conhecido em tempos como a casa do China, está uma velha caixa de esgoto de onde sai esta pestilenta água, que depois desce até á rua dos Ferreiros.
Curiosamente a indiferença parece morar por aquelas bandas, pois tirando uma ou duas pessoas ninguém parece interessar-se por ter um rio malcheiroso á porta.
Duma coisa tenho a certeza, o dever de cidadania è cada vez mais, uma miragem… pois nada daquilo que se passa no castelo e em Castelo Branco, parece interessar aos albicastrenses de hoje.
Será que uma estranha doença parecida com a descrita por José Saramago no seu livro, “Ensaio sobre a cegueira” se apoderou da mente da grande maioria dos albicastrenses, e lhe roubou o direito á indignação!?

O albicastrense

PS. Passei hoje dia 4 de Março pelo local, para saber se ainda se mantinha a situação descrita por mim no dia dois. Felizmente o problema já estava resolvido, aos responsáveis o albicastrense agradece prometendo que irá ficar atento a situações futuras.

domingo, março 01, 2009

GIORGIO MARINI - I


O texto que vão ler é sobre Giorgio Marini, pintor italiano que um dia resolveu vir morrer a Castelo Branco. Não sei quem o escreveu, (pois não está assinado), nem quando foi escrito, nem como me veio parar as mãos! Porém, mais importante que saber quem foi o seu autor… interessa em meu entender dar a conhecer um pouco da vida deste italiano, que um belo dia resolveu meter pernas a caminho e vir acabar a sua vida em Castelo Branco. A publicação deste texto é uma homenagem do albicastrense, ao anónimo autor do trabalho sobre Giorgio Marini, anónimo que embora não tenha conhecido o pintor, resolveu também ele homenageá-lo com este pequeno texto que designou como: “Um esboço de uns sombreados”.

GIORGIO MARINI
(1836-1905)

Não pretendo ser biográfico o que escrevo, nem sequer é um traço de singelo perfil. Talvez apenas o esboço de uns sombreados, nele apresento o pintor italiano Giorgio Marini, nado em Florença no recuado ano de 1836. Viveu intensamente, a vida do seu pais num período glorioso em que a vida dava ganas ser vivida, e viajou febrilmente pela Europa. Interrompendo os seus estudos na Escola de Belas-Artes da terra nata, veio a Portugal, pela primeira vez, em data que não se conhece a visitou apenas Lisboa e Porto, onde acompanhou sua irmã, prima-dona de uma companhia de Opera. Cumprido o contrato, que Marini queria ver chegar ao final, apressadamente deviam ter feito as malas para regressar á pátria, onde acontecimentos importantíssimos se estavam desenrolando. Todo o italiano que se prezava e que vivia no estrangeiro voltava à península para, de qualquer modo, tomar parte na batalha de que resultou e edificação da Itália moderna. Estava-se em pleno Ressurgimento e é de crer que lhe fervia o sangue nas veias. Havia agora alegria nos corações das patriotas, a época das perseguições das prisões, dos desterros, dos exílios, das deportações, dos fuzilamentos estava chegando ao fim. Os imperais austríacos acabavam de ser cilindrados em Solferino.
Quando regressou a Florença verificou que havia as maiores esperanças numa próxima libertação total do Pais. Estrangeiros e absolutistas nacionais estavam, os primeiros em fuga e, os segundos, desesperados. Viam-se já por toda a parte as camisas vermelhas dos milicianos de José Garibaldi e espalhavam-se e liam-se com avidez as edições das Minhas Prisões de Sílvio Pélico. Por toda a parte, nos salões, como nos cafés ou nos teatros liam-se e declamavam-se com entusiasmo e calor nunca vistos os poemas do grande poeta nacional e extremo patriota que tanto padeceu às mãos dos polícias austríacos até à sua soltura de tenebrosa fortaleza de Spielberg.
Marini não escapou nem podia escapar a esse contagiante entusiasmo. Ele próprio revelou-se sempre, nos contactos que manteve com portugueses, um genuíno meridional, fogoso irrequieto, de sangue vulcânico, diabolicamente temperamental. Não negou, queremos acreditar… e, essa justiça lhe fazemos… o seu contributo à luta. Lutou, estudou e pintava sempre, voltou a frequentar as aulas da Escola de Belas-Artes dessa cidade museu que é Florença, escrínio da arte que é um convite permanente ao estudo. Não estudou só arte, pintura muito principalmente, cultivou-se largamente, os conhecimentos que revelava, não eram os dum simples auto-didacta, ou de um vago diletante. Este homem, que se evidenciou como um artista de mérito, era, na verdade de uma cultura assombrosa.
Viajou muito e deve ter percorrido toda a Europa. O seu espolio, que desapareceu, por muito que parece, em Castelo Branco, cidade onde nada desaparece, exibia colecção notável de cartas, autografadas, documentos vários, daguerreótipos e fotografias de cardeais, príncipes, sábios, artistas plásticos e músicos. Nas suas deambulações voltou a Portugal e por cá ficou. Não se sabe que lapso de tempo mediou entre as duas vindas ao Pais. Como inveterado viajante, percorreu o território de lés a lés, continente e ilhas. Gostou da terra Portuguesa e do nosso povo e cá permaneceu. Aqui envelheceu e cá morreu. Andou de terra em terra espalhando o seu talento, enriquecendo os outros com a sua cultura.
No Porto gozou da protecção do Conde de Monfalim que o hospedou generosamente no seu palácio. Pintou muito, pintou com cuidado e com mestria quando se encontrava em melhor posição material e amparado pelos seus generosos hospedeiros e mercenariamente quando, necessitado, prospectava o pão-nosso de cada dia. Encontrava-se em Évora já há muito, quando uns parentes de pessoas residentes em Castelo Branco o credenciaram para esta cidade e, por volta de 1902, aqui chegou o florentino. Faltava-lhe ainda conhecer a pátria de João de Roiz de Castelo Branco, de Amato e de Henriques de Paiva. Numa bela tarde desembarcou vindo de comboio ou de diligência e esta etapa, mal suponha (ou ele já adivinhava), foi a ultima na sua peregrinação europeia. Acolhido com cortesia começou logo a trabalhar e pintou dezenas de quadros que se espalharam por inúmeras terras da província da Beira Baixa. Retratos às dezenas. Encomendas sobravam-lhe. Na paz podre de Castelo Branco de 1902, de vida sorna e tristonha, o folgazão Giorgio Marini, já entrado na casa dos 60, mas suando euforia italiana por todos os poros, foi, com a sua numerosa roda, um caso de alegria. Em 1903 adoeceu e deu entrada no hospital. Não perdeu a boa disposição de sempre e os amigos, nesse tempo ainda havia amigos, não o largavam e a expensas suas ali se manteve dois anos. Nesses dois longos anos, em que disfarçou o sofrimento com estoicismo, trabalhou afinamento mesmo quando as suas mãos doridas e torcidas pela gota, mal empunhavam a paleta e o pincel. Do seu quarto, de todo o hospital, fez um atelier frequentado por doentes e sãos. A portaria da Misericórdia era franqueada por torrencial romaria diurna e nocturna. A devoção e a arte podem por vezes fazer tábua rasa dos compromissos. A rigidez de cumprimentos podia ser atentatória da arte e da devoção por ela.
Giorgio Marini só estava desacompanhado quando dormia e nem mesmo assim, pois este filho de Florença devia sonhar muito em coisas belas. Bastava que sonhasse com a sua citá, com os seus entes queridos, com os amigos que lhe apareciam de novo, consigo falando sobre a ponte velha ou á sombra da catedral. Para o verem pintar, para o ouvirem contar maravilhas da sua Itália vecchia, agora renovada, peripécias das suas viagens, episódios picarescos, anedotas picantes, ditas cheias de chiste e de muito sal ou então para o ouvirem tocar viola e cantar cançonetas alegres ou de calor napolitano, os amigos não arredavam pé. Outras vezes, nos períodos de alta, era ele que saia do hospital e cirandava pelas casas dos amigos.
E a festa era idêntica. Se no Porto circulava de cálice em cálice, então o caso era falado, pois Marini, italiano e artista, o que é a mesma coisa, não escondia a sua paixão por esse sol engarrafado das encostas durienses. Se pintava ou esculpia, na música não desconhecia qualquer instrumento. Enchia-se a Igreja da Misericórdia, se fosse anunciado um serviço religioso em que ele tocava órgão e cantava. Contou-me bastante da sua vida José Batista Figueira, que conheci já velho e que em novo, conheceu Marini. Assistiu-lhe desveladamente no hospital como enfermeiro e o velho artista votou-lhe, como gratidão, um grande afecto. Quase quarenta anos depois da sua morte, José Figueira ria até às lágrimas recordando as inúmeras pilharias do italiano ditas em português com forte acento italiano. Notei sem espanto, que muitas dessas lágrimas eram também de mágoa e de saudade.
Corria o ano de 1905 e em 8 de Julho finou-se repousando sob o manto da terra albicastrense. No conservatório do registo civil de Castelo Branco, no livro de registos de óbitos do ano de 1905, a folha 23, (como salientei anteriormente), faleceu com 69 anos de idade, o súbito italiano Giorgio Marini, filho de Fernando Marini e de Theresa Franchezone.
(O texto está aqui escrito tal como o autor o escreveu)
Ps. Aos visitantes albicastrenses deste post, lançava aqui um desafio! … Gostaria de colocar nesta página o nome do autor do texto. Porém, tal só será possível com a colaboração de gente interessada em prestar homenagem, a quem prestou tributo a uma pessoa de quem só tinha ouvido falar.
As pistas para descobrir o autor do texto são as seguintes: O autor diz a determinada altura do texto, que falou com José Batista Figueira, (já velho) e que em novo teria assistido Marini… acrescentando de seguida o seguinte: ”40 anos depois ainda ria das pilharias do italiano”. Podemos concluir que o autor terá falado com José Figueira, cerca de 40 anos depois da morte de Marini, (1905) ou seja por volta de 1944. Ora podemos nós concluir, que o texto poderá ter sido escrito por essa altura? José Batista Figueira antigo enfermeiro no velho hospital albicastrense, já velho em 1940, deverá ter morrido alguns anos depois! Existirão descendentes seus na nossa cidade, a quem ele possa ter contado essas histórias? Terão eles conhecimento das conversas com o misterioso autor do texto?
Perguntas e interrogações sem resposta por agora, mas que espero poder vi a solucionar com a ajuda de alguns visitantes. Fico a aguardar ajuda dos visitantes… que a podem deixar na secção de comentários.

O Albicastrense

ANTÓNIO ROXO - DEPOIS DO ABSOLUTISMO - (12)

"MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE" Espaço da vida político-social de Castelo Branco, após a implantação do regime constitucional. U...