quinta-feira, abril 30, 2009

COISAS DA MINHA CIDADE


O jornal “reconquista” publicou esta semana a notícia que aqui transcrevo.
A Câmara de Castelo Branco vai instalar no Centro Cívico da cidade, um novo espaço relvado que substituirá parte do passeio em pedra ai existente. A ideia é dar uma imagem mais acolhedora ao espaço intervencionado pelo Polis. Consideramos que com a colocação desse relvado de cerca de 600 metros quadrados, a zona central fica mais acolhedora, mais bonita e ficará com um design mais moderno e funcional”. A colocação da relva vai arrancar a curto prazo.
“ Consideramos que com a colocação desse relvado, a zona fica mais bonita e com um design mais moderno e funcional!...”
Meus amigos se tivesse lido esta notícia e não fosse habitante de Castelo Branco, pensaria ao lê-la que estava perante uma boa iniciativa da autarquia albicastrense. Como assim não acontece, só posso estranhar... como é que ontem estava tudo bem!…(quem criticou as obras feitas anteriormente neste espaço, foi acusado de ser anti-albicastrense), e que de repente se chegue á conclusão, que afinal é necessário colocar 600 metros de relva para dar ao local um ar “mais moderno e funcional”.
Não me vou alargar em comentários sobre este remendão, uma vez que entendo que tudo o que ali for feito, será sempre para melhorar a tristeza que por ali mora. Lembraria apenas os autarcas da nossa cidade, que
de futuro é preciso que quem nos governa, desça do pedestal e ouça aqueles que o elegeram, porque senão estarão a governar para o boneco meus amigos
O albicastrense

quarta-feira, abril 29, 2009

BIGODES E COMPANHIA.


-- Bigodes, a nossa cidade está numa correria tão acelerada, que dá ideia que se prepara para participar numa maratona de modernização descontrolada.
-- Pois… já cá faltava a má-língua do meu amigo Companhia!…
-- Má-língua Bigodes!? Apenas constato que quanto maior é a velocidade, mais estragos pode fazer o despiste.
-- Olha para este albicastrense despistado.
-- Que raio queres tu dizer Bigodes!?
-- Companhia tal como tu acabaste de dizer, apenas constato que de despistes tu és o maior!… pelas minhas contas já arrasaste pelo menos com meia dúzia de carrinhos.
-- Ora… não desconverses Bigodes, pois tu sabes muito bem, que eu sei que tu sabes do que estou a falar.
-- Já cá faltavam os trocadilhos meu amigo.
-- Bigodes, agora mudando de palestra…  já reparaste que o teu presidente é figura de proa semanalmente nos jornais da nossa cidade?
-- E com toda a justiça!… Pois, o homem farta-se de andar de obra para obra, para que os trabalhos caminhem o mais depressa possível.
-- Mas o teu primeiro, é presidente da nossa autarquia ou fiscal das obras que decorrem na nossa cidade?
-- Sabes o que te diga meu amigo… se a inveja matasse há muito que estavas encovado.
-- Olha para este!… Então agora já não podemos opinar sobre as correrias do nosso primeiro, sem que sejamos acusados de invejosos.
-- Companhia quem te conheça que te compre.
Bigodes, para Companhia.
-- Companhia como albicastrense atento ao que se passa na nossa cidade, que tens tu a dizer-me sobre os esplêndidos jarrões, que o nosso presidente mandou colocar no largo de S. João?
-- O primeiro é um génio.
-- Companhia estou espantado com esta tua concordância!…
-- Não sei porquê Bigodes!…
-- Ó homem… tu estás sempre no contra!… e agora estás ai numa de sim senhor.
-- Bigodes agora quem não está a compreender nada sou eu!…
-- Vamos por partes Companhia… quem é o génio afinal?
-- O teu presidente Bigodes…
-- Olha para este!… Companhia quando a esmola é grande o pobre desconfia.
-- Pronto eu confesso!… dias quando me entornei na tasca do Zé do Canto, onde pensas tu que despejei o que tinha bebido a mais!?
-- Companhia não quer acreditar que tenhas vomitado para dentro de um daqueles grandiosos jarrões.
-- Bigodes, até parece que não me conheces!
Eu era incapaz de fazer tal coisa…  apenas evacuei o que tinha absorvido a mais…
-- Hoje estás intragável meu amigo, vamos mas é beber o nosso branquinho na tasca do Zé do Canto.
-- Só um Bigodes!? Vamos antes beber dois ou três.
Bigodes e Companhia

segunda-feira, abril 27, 2009

A NOSSA VELHA MURALHA




A Velha Senhora

Após anos e anos de destruição, a velha muralha ergue-se e volta a mostrar-se aos albicastrense. Durante muitos anos os nossos antepassados tiveram como passatempo, a destruição deste nosso património!…
Felizmente o bom senso voltou às mentes dos albicastrenses e dos responsáveis autárquicos da nossa cidade. Metro a metro, a velha senhora vai-se recompondo dos maletas causadas pelos albicastrenses do passado, tornando-se numas das nossas maiores preciosidades do presente, e uma aposta segura para o futuro.

Aos responsáveis por este belíssimo trabalho, o albicastrense só dizer bem-haja… e pedir que a recuperação da velha muralha, continue por muitos e muitos mais metros.

O Albicastrense

domingo, abril 26, 2009

CASTELO BRANCO NA HISTÓRIA E NA ARTE - ( L )


IGREJA DA MISERICORDIA VELHA – (3)

(Continuação).

O Prior Manuel de Vasconcelos era também natural de Castelo Branco. Faleceu em Torres Vedras em 13 de Agosto de 1647, legando à Misericórdia da sua terra, por testamento feito naquela vila em 6 de Agosto do mesmo ano, toda a sua avultada fortuna, então avaliada em 50 contos.
No testamento impôs este benemérito, à Misericórdia a obrigação de construir e sustentar, na Praça Velha defronte da cadeia, uma capela para que os detidos pudessem assistir à missa. Não é conhecido o primitivo estatuto ou compromisso da Misericórdia. Em 1596 a Irmandade pediu a aprovação de um novo compromisso elaborado nos moldes do da Misericórdia de Lisboa instituída pela Rainha D. Leonor em 1498. Por alvará de 16 de Junho de 1596, do rei D. Filipe I, a Irmandade obteve a solicitada aprovação.
Em 1632 efectuou-se a reforma do compromisso, introduzindo-se-lhe as alterações que haviam sido feitas no dia da Misericórdia de Lisboa por ordem do Rei D. Filipe III. Desde os primeiros tempos da sua existência, a administração da Misericórdia nem sempre primou pelo zelo e pela honestidade: as suas numerosas propriedades distinguiam-se das outras pelo seu estado de abandono e pala incúria que revelavam. À medida que os bens da Misericórdia aumentavam mais se evidenciavam os abusos e os desmazelos.
A ambição e a falta de escrúpulos de alguns mesários eram causa de subornos e desinteligências nas eleições da Mesa. Para por cobro a tais anomalias a Irmandade fez, em 1610, a seguinte petição ao Rei D. Filipe II de Portugal e III de Espanha.
“Dizem os irmãos da Santa casa da Misericórdia da vila de Castelo Branco que Vossa Majestade mandou oferecer certidão autêntica da Misericórdia da cidade de Coimbra para se saber como se fazia a eleição, por despacho posto no cimo da perdição fôlha primeira, a que se referem folhas 3º verso e por ela consta fazer-se a eleição por escritos em vasos, os de maior condição em um e os outros de menor em outro: e destes um menino vai tirando os eleitos, ao quais, tomando juramento, elegem Provedor e Irmãos que aquele ano hão-de servir; e é costume santo e bom e por ele se evitam muitos subornos e escândalos que de se fazer doutro modo procedem a na Misericórdia da dita vila de Castelo Branco são mui contínuos e deles se espera grandes dúvidas e dissensões pelos subornos serem mui descobertos e antigos.
Pedem a Vossa Majestade, por serviço de Nosso Senhor, que lhes faça mercê mandar passar provisão para que a dita eleição, daqui para diante, se faça por escritos em vasos e deles por um menino se tirem os eleitos como se faz na cidade de Coimbra e outras partes e ser muito serviço de Deus e de Vossa Majestade e utilidade e quietação da dita Irmandade.”
(Continua)

PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.
Publicado no antigo jornal "Beira Baixa" em 1951
Autor. Manuel Tavares dos Santos.O Albicastrense

sexta-feira, abril 24, 2009

25 DE ABRIL DE 2009


O FUTURO

Isto vai meus amigos isto vai
um passo atrás são sempre dois em frente
e um povo verdadeiro não se trai
não quer gente mais gente que outra gente.

Isto vai meus amigos isto vai
o que é preciso é ter sempre presente
que o presente é um tempo que se vai
e o futuro é o tempo resistente.

Depois da tempestade há a bonança
que é verde como a cor que tem a esperança
quando a agua de Abril nós cai.

O que é preciso é termos confiança
se fizermos da Maio a nossa lança
isto vai meus amigos isto vai.

(José Carlos Ary dos Santos)
O Albicastrense

quinta-feira, abril 23, 2009

LARGO DE SÃO JOÃO



OS JARRÕES DA DISCÓRDIA
Conforme prometido, fui ontem ao largo de S. João para ver a recente florestação ali plantada. Palavra que fiquei sem pio perante tal espectáculo… a sensação com que fiquei, é que estava perante um tabuleiro de damas, em que o largo era o tabuleiro e os jarrões monstruosos, as peças para podermos jogar. Que me desculpem os responsáveis por este arranjo tão mal enjeitado, mas se o mau gosto fosse punido, estes pobres senhores há muito tempo que estariam a fazer arranjos por bandas bem distantes.
É costume dizer-se que: “A emenda é pior que o soneto” pois também desta vez assim aconteceu!... se a emenda era para corrigir a falta de arvoredo que neste largo fazia e faz falta, (coisa que nunca ninguém se atreveu a reclamar) o soneto, (perdão…), os jarrões desajeitados ali colocados, são uma solução completamente insuportável para este pobre largo. Perante tal estapafúrdia solução encontrada para tapar a burrice da falta de arvoredo neste largo, este albicastrense só pode desejar aos responsáveis por esta feiíssima solução encontrada, que de futuro ouçam mais os seus concidadãos quando da feitura de novas obras.
O Albicastrense

quarta-feira, abril 22, 2009

A VERDADE DOS FACTOS



Existem dois assuntos sobre os quais tenho alguma alergia em falar. A guerra do antigo ultramar onde estive entre 1973/75 e o museu Francisco Tavares Proença onde trabalhei entre 1976/2003.
Se no que diz respeito à guerra do ultramar a hipersensibilidade está mais ou menos justificada, em relação ao nosso museu ela é justificada pelo facto de ali ter trabalhado vinte e sete anos, e não gostar de discutir os assuntos desta grande instituição albicastrense na praça pública.
As afirmações da actual directora do nosso museu ao jornal “povodabeira” da passada terça-feira, obrigam-me a meter a alergia na gaveta, e vir a público repor a verdade, pois se não o fizesse seria conivente com o que ali vem escrito.
Diz a actual directora: ”Que acredita que o museu possa registar um total de 20 mil visitantes em 2009” e acrescenta: ”Se conseguirmos atingir este número, que foi ultrapassado apenas uma vez, na altura em que António Salvado foi director, posso considerar que será um recorde
Quanto aos 20 mil visitantes que a actual directora do nosso museu espera conseguir receber em 2009, este albicastrense só pode desejar muito êxito nesse objectivo, e acrescentar que ficará muito satisfeito com o êxito alcançado pelos trabalhadores do museu.
Quanto ao número de 20 mil visitantes que diz ter sito ultrapassado apenas uma vez!… Só posso contar aqui uma história, (que aliás já aqui contei). Na década de 80 fui convidado a fazer uma intervenção num congresso da União dos Sindicados do Distrito de Castelo Branco, que se realizava na Covilhã. A intervenção tinha por fim dar a conhecer o trabalho cultural, desenvolvido pelas várias entidades culturais da nossa cidade.
Como não me sentia capaz para fazer esta intervenção, declinei o convite dando no entanto alguns dados sobre o trabalho cultural desenvolvido pelo museu, assim como o número de visitantes nos vários anos da década de 80.
Curiosamente ainda hoje tenho na memória os números que então dei á pessoa que fez a intervenção sobre esta área! … Cerca de 50.000 tinha sido o número de visitantes, que o nosso museu tinha tido no ano anterior ao do congresso da U.S.C.B.
Posso igualmente dizer que durante toda a década de 80, o número de visitantes foi sempre muito superior aos tais 20 mil que a senhora directora diz querer atingir para este ano de 2009.
Não se pense porém, que este número de visitantes foi filho do acaso!… foi antes o resultado de um trabalho iniciado em 1975, que produziu na década de 80 resultados que tornaram o museu Francisco Tavares Proença júnior, um dos museus mais prestigiados do nosso pais na referida década.
Era costume dizer-se;
"Que vir a Castelo Branco e não visitar o nosso museu, era como ir a Roma e não ver o Papa".
Para demonstrar que falo verdade… lembrava aqui as filas e filas de autocarros á porta do museu nos fins-de-semana, das visitas das turmas da disciplina de história das escolas da nossa cidade, (e não só), das muitas exposições que traziam centenas e centenas de visitantes ao museu, dos concertos, das palestras, do teatro, por fim das visitas á Escola Oficina de Bordados de Castelo Branco, (quando a Oficina Escola de Bordados, ainda era “A” Oficina Escola de Bordados…).
Muito mais poderia acrescentar sobre a década de 80, porém fico-me por aqui… lançando apenas uma pergunta.
Será necessário esquecer ou omitir parte de um passado recente, para podermos demonstrar ou valorizar nosso trabalho?

Responda quem souber e quiser.

O Albicastrense

terça-feira, abril 21, 2009

CURIOSIDADES DO PASSADO

NOTÍCIAS DE OUTROS TEMPOS
(4o4 anos depois)
A 30 de Abril se 1605, Frei Bartolomeu da Costa grande benfeitor da Santa Casa de Misericórdia de Castelo Branco, deixou em testamento todos os avultados bens que possuía a esta instituição, a fim de ser construído um “Hospital de Convalescentes”.
Este Hospital viria a ficar instalado na Rua d’ Ega, que era a sua própria residência e que ficou conhecida como ”A Casa do Tesouro Santo”. Os bens que Frei Bartolomeu da Costa legou, eram constituídos por cinco casas de habitação; duas vinhas; seis terrenos de oliveiras; 92 terras de semeadora e um padrão de juros, de rendimento anual, no valor de 240 mil réis, que eram pagos pelo Almoxarife de Castelo Branco.
PS. A recolha dos dados históricos é de José Dias.
A compilação é de Gil Reis e foram publicados no Jornal ”AReconquista”
O Albicastrense

domingo, abril 19, 2009

Poetas de Castelo Branco - II


Tal como aqui tinha anunciado decorreu na Biblioteca Municipal, o lançamento do novo livro do poeta albicastrense António Forte Salvado.
Estive lá, e confesso que fiquei comovido com o que ali se passou. Gostaria de ter palavras para poder descrever o que ali senti, na falta delas apenas posso dizer;
Afortunada terra que tal filho tem. A este grande albicastrense, este modestíssimo albicastrense só pode desejar muita saúde, para que nos possa continuar a presentear com mais livros como este.
Aqui fica um dos muitos poemas que podemos saborear neste magnifico livro.


( Nuvens brancas, errantes,)

Trapos ensanguentados.
Em pedaços os corpos
aproximados ao fedor do nada,
subtraídos à alma que também
sucumbiu ao canhão,
ali estão como furna d’excrementos
sem aguardarem corvos
que devorem a carne retalhada
(eles se banqueteiam
ao mesmo tempo que enumeram quantos
amanhã morrerão
p’ra que mais corpos haja
a sombrear o sol --
facinorosos corvos
de plumagem diferente)
Trapos embeberados
dos ódios dos interesses.
A sua derradeira obediência
à voz do assassínio.


O Albicastrense

sábado, abril 18, 2009

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS - XV



(Continuação)
A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940. A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Ribeiro Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes.
O texto foi escrito neste blogo, tal como foi publicado em 1937.
Os comentários do autor estão aqui na sua totalidade.

Comentário do autor: Depois de ter regulamentado as vindimas, que só se poderiam fazer depois de a Câmara ter mandado “ anssar prega”, como vimos, entendeu esta que não devia ficar por aí e resolveu, em sessão do primeiro dia de Outubro de 1768, ir em socorro da saúde dos bebedores, impedindo quanto possível que os obrigassem a beber em lugar do genuíno sumo das uvas, já vinho a valer, qualquer coisa que o vinho só tivesse o nome. A respectiva deliberação reza assim:
Acta de 1768: “que nenhuma pessoa desta villa ou fora della venda vinho novo ou Agoa pé antes de se dar lissenssa por este senado com pena de seis mil rs a toda a pessoa que o vender aplicados para este conselho e o arrematante ficará sujeito á mesma pena achando-se que mete vinho novo e agoa pé nas tabernas ainda que seja misturado com velho, e mandarão que fosse publicado o que foi satisfeito do que dou fé”
Comentário do autor: Hoje também a lei não permite que se venda vinho novo antes de certa data. Pelo menos a proibição figura no papel, mas é como se lá não figurasse, porque cada um faz o que pode para a iludir, quando nisso vai o seu interesse. E os bebedores também ajudam, especialmente se vendem por preço um pouco mais baixo as zurrapas que lhes impigem.
Em 23 de Dezembro deste mesmo ano, foi apresentada na Câmara:
Acta 1768: “numa carta de El Rey Nosso Senhor e sendo aberta se achou participar a esta Camara a noticia do feliz nascimento de uma Infanta que a Princesa do Brazil Nossa Senhora deu á luz no dia 15 de Dezembro deste anno. E para solenizar tão fausto acontecimento, a Câmara deliberou que:
Acta 1768: “se fizessem os festejos e demonstrações de aplauso e contentamento que em semelhantes ocasiones se costumam fazer, pondo luminárias três dias e fazendo os mais festejos costumados e mandarão se passassem ordens para os lugares de termo assim observarem tão bem”

Comentário do autor: Ninguém achará que a Câmara procedesse mal. Fez o que era costume e o que era razoável que se fizesse. O Rei estava satisfeito, a Câmara associava-se ao contentamento do Chefe do Estado e providenciava no sentido de vila e termo tomarem parte nas manifestações de regozijo que o acontecimento provocava. Mas aqui há coisa que nos dá no goto: É aquilo das “demonstrações de aplauso” pelo bom sucesso da princesa. Que se alegrasse a Câmara está bem, mas que aplaudisse! … Naturalmente aplaudiu, porque lhe constou que a Princesa tinha dado conta do recado; se não tem dado de si tão boa conta em tão crítico momento, eram capazes de… dar pateada. Castelo Branco, até aqui vila, com o título de notável conferido por D. João II, foi elevada á categoria de cidade em 15 de Agosto de 1771 e, paralelamente, sede do bispado. Foi um acontecimento, mas, como isso não há ninguém que o ignore, e a carta da cidade, escrita em pergaminho que se encontra guardada juntamente com o ultimo foral, belíssimo exemplar escrita em letra gótica, não há ninguém que não a conheça, não vale a pena estarmos a gastar tempo e papel a reproduzir o que a tal respeito está dito e redito e por isso vamos andando.
O furto de azeitona nos olivais, que ainda hoje é o pão-nosso de cada dia em algumas povoações do concelho, tinha atingido tais proporções que bem se pode dizer que os proprietários quase o eram apenas de nome e para pagar as contribuições. Os larápios apanhavam a tordo e a direito, os lagareiros moíam da melhor vontade a azeitona que lhes lavavam e até da melhor vontade a iam buscar a casa dos receptadores, porque estes não se queixavam da maquia, por mais que esta fosse. E a respeito de providências…
Até que os clamores dos donos das oliveiras soaram um pouco mais alto e a Câmara não teve outro remédio senão providenciar. Em sessão de 22 de Novembro de 1775, foram impostas multas a todos os que entrassem em qualquer olival sem consentimento do seu dono; o dono e “seus familiares ” podiam “ fazer apreensão nas pessoas que acharem cometendo qualquer dos ditos furtos”, levando-as desde logo ao juízo de fora, que se encarregava de as punir exemplarmente, e alem disse
Acta de 1775. “para arrancar pela raiz hum tão pernicioso uso que tem havido do furto da dita azeitona determinarão que os recetadores dela e os lagareiros que a recebam ou moam a azeitona que lhe levarem ou mandarem ou a forem elles buscar a casa destes recetadores ou depessoas, que a não tenhão de seu, serão condenadas tanto os recetadores, ou lagareiros em Seis mil reis pagos da cadea”.
Comentário do autor: Tiveram razão os vereadores. Se os receptadores iam furtar a azeitona dos outros, os lagareiros que lha moíam com a melhor das vontades convertiam-se em cúmplices ou encobridores dos larápios, por isso, como tão ladrão é o que vai á vinha como o que fica ao portal, castigo igual para uns e para outros, seis mil réis de multa pagos da cadeia. Se a medida da Câmara deu então resultado que se visse, não o podemos nós dizer sem receio de errar, mas, passado século e meio vamos lá com Deus, estamos quase na mesma ou pior ainda quanto a cúmplices e encobridores. Em 1771 eram só os lagareiros que recebiam de braços abertos os que lhe iam levar para moer azeitona sem a terem de seu; actualmente são alguns lagareiros, em certas povoações rurais especialmente, e são ainda os compradores de azeitona que não estão para se ralar e compram a tordo e a direito o fruto sem se preocuparem com o facto de haver vendedores que não têm sequer um pé de oliveira. Que se lhe há-de fazer? O mundo é o mundo… a gente o que quer é governar-se. Mas adiante, que não havemos de ser nós quem endireite o mundo.
Ps – Mais uma vez informe os leitores dos postes, “Efemérides Municipais” que o que acabou de ler é uma transcrição fiel do que saiu em 1937.
Modificar, emendar ou alterar estes artigos seria na minha perspectiva um insulto ao seu autor.
(Continua)
O Albicastrense

Tiras Humoristicas


Bigodes e Companhia honram o jornal ”Diário XXI” pela sua rubrica.
nainternet
O Albicastrense

terça-feira, abril 14, 2009

Poetas de Castelo Branco



António Forte Salvado

ODES

NOVA OBRA DE ANTÒNIO SALVADO

A Câmara Municipal de Castelo Branco e a editorial Caixotim vão, no dia 17, Sexta–Feira, pelas 21h 30m, na Biblioteca Municipal, apresentar o novo livro de António Salvado. Paulo Samuel, ensaísta e Director da Fundação Eugénio de Andrade, Pérez Alencar, poeta e professor na Universidade de Salamanca e a Professora Maria de Lurdes Barata procederão à apresentação do livro “Odes” do poeta albicastrense. Enquadrado na série “da palavra o fruto” da Caixotim, apresentam-se também no livro, pinturas do grande artista plástico Costa Camelo.
António Forte Salvado nasceu em Castelo Branco em 1936. Licenciado em Letras dividiu a sua vida profissional entre o ensino e a museologia. Foi Director-Conservador do Museu Francisco Tavares Proença Jr. (Castelo Branco). É membro da Cátedra de Poética Fray Luís de Léon da Universidade de Salamanca). Foi um dos fundadores das Folhas de Poesia (Lisboa, 1957-59) e é elemento do Conselho Consultivo do “Gazeta do Interior” desde a sua fundação. Obteve várias distinções, em Portugal e no estrangeiro. Autor de mais de meia centena de títulos de poesia, tem ainda dispersa e vasta colaboração em antologias, revistas literárias e suplementos de jornais. As suas obras têm sido traduzidas para castelhano, francês, italiano e inglês. António Salvado é um dos nomes referenciais da poesia portuguesa contemporânea.
De “A Flor e a Noite” de 1955 a “Essa Estória” de 2008 o poeta desenvolveu, em mais de meio século, uma apurada e constante oficina poética. Como diz, no prólogo, Paulo Samuel: «A poética de António Salvado — no fremir de quem possa ou queira atender aos sinais da alquimia dos sentidos — filigrana uma geografia sentimental que por um triz não plasma versos símiles de indícios de oiro, esmaltando como o moderno e luso aedo de Orpheu, na epiderme táctil do verso, o ígneo estigma do divino. « E acrescenta «É do saber dos poetas que o ser humano adensa as teias que o destino tece.. Volvê-las em fio de Ariadne é o propósito da filosofia e da arte poética.» Tudo o que faz António Salvado.
O Albicastrense

RUAS DA MINHA CIDADE


RUA DO RELÓGIO

Como já aqui disse por várias vezes, uma das minhas paixões é poder caminhar pela nossa zona histórica e ver toda aquela zona da nossa cidade em agitação acelerada. Estes meus passeios são por vezes surpreendidos com “obras” que por mais que tente compreendê-las, sou eu o surpreendido pelo desplante de certos responsáveis por algumas das obras ali realizadas. A situação que aqui trago hoje é de uma consternação total!… na rua do Relógio, (antiga rua da Estalagem), foram recentemente restauradas as fachadas de três prédios, (conforme as fotografias demonstram).
Boa… dirão alguns perante as fotografias aqui mostradas, o pior vem quando passamos por aquela rua, e verificamos que afinal as obras mais não foram que uma grande patranha!… os senhores responsáveis por este trabalho, limparam a cara a alguns prédios ali existentes, e esqueceram-se que dentro deles existe um espaço dividido por paredes e placas, que também necessitavam de ser restaurados para que ali possam viver pessoas. Ou seja… a fachada dos ditos cujos estão um brinquinho, o arranjo do interior fica para quando o rei fizer anos.
Meus amigos se eu fosse mauzinho, diria que alguém tenta ou tentou, esconder dos olhos dos albicastrenses o estado deplorável em que estes prédios se encontravam, rebocando e pintando as respectivas fachadas, para dar a impressão que por aquelas bandas tudo corre às MIL MARAVILHAS.
Pensava eu que a recuperação de determinados prédios da nossa zona histórica, se fazia para que as pessoas pudessem viver dentro deles!

Santa ignorância a minha!…

O Albicastrense

segunda-feira, abril 13, 2009

Tiras Humoristicas


O Albicastrense

CURIOSIDADES DO PASSADO


Notícias de outros tempos
(14 – 04 – 1912)
Em Castelo Branco, no campo de jogos do Montalvão integrado nas festas académicas que tiveram lugar neste mesmo dia, realizou-se um torneio de tiro aos pratos, corridas de atletismo, de sacos, saltos em altura e em comprimento, lançamento de pese, de disco e de dardo, bem como corridas velocípedes.
Em fim de festa, teve lugar um renhido jogo de futebol, entre duas formações que alinhavam com equipamentos brancos e amarelos, tendo vencido a equipa canarinha, por três bolas a duas, razão porque recebeu uma taça de prata, que foi oferecida por damas Albicastrenses.
É a noticia mais antiga, respeitante a um jogo de futebol, realizada em Castelo Branco.
PS. A recolha dos dados históricos é de José Dias.
A compilação é de Gil Reis e foram publicados no Jornal ”A Reconquista”
O Albicastrense

sexta-feira, abril 10, 2009

Velhas ruas da minha cidade

RUA DO SACO
Se perguntarmos a um qualquer albicastrense onde fica a rua do Saco, estou convicto que a grande maioria responderá que não tem a mínima ideia!... Esta rua situada situada nas traseiras do Governo Civil, não deixa no entanto de ser uma das preciosidades da nossa zona histórica. Esta pequena rua, é curta, estreita e sem saída, e nela existem ainda três portados quinhentistas, além de algumas velhas casas com algum interesse. O porquê do nome de Rua do Saco não consegui descobrir, porém, na nossa zona histórica existiu em tempos remotos uma rua com este mesmo nome, será que quem deu o nome a esta velha rua, pretendeu perpetuar na memória dos albicastrenses o nome da antiga rua do Saco? Ou o nome desta rua tem unicamente a ver com a sua configuração específica? Seja como for… o facto de ter passado por esta rua e ter tirado algumas fotografias, obrigou-me e tentar saber mais alguma coisa sobre e antiga rua do Saco. Após alguma busca encontrei no livro: “O Programa Polis em Castelo Branco – Álbum Fotográfico” da autoria de António Silveira, Leonel Azevedo e Pedro Quintela d’ Oliveira - Edição Sociedade Polis Castelo Branco em 2003, alguns dados sobre a velha rua.
Aqui ficam algumas palavras de Pedro Quintela d’ Oliveira, sobre a extinta rua do Saco.

ANTIGA RUA DO SACO
A designação toponímica desta ateria deve-se, muito provavelmente, à sua configuração específica - abre em ângulo recto a partir da fachada lateral da antiga biblioteca municipal, (Praça Camões), e não tem qualquer saída, formando um L invertido, por esta razão assemelha-se a um saco, dai a sua dominação. Este arruamento pertence, provavelmente ao século XVI, embora o registo documental mais antigo remonte a um processo inquisitorial de 1628. Esta artéria desviou o curso normal da sua história, como espaço público, quando um vereador em exercício, António César de Abrunhosa, requereu em 1890 a supressão do beco denominado rua do Saco (…) no sitio em que uma das suas casas confina com o edifício dos Paços do Concelho. Na origem deste pedido está a aquisição de todos os prédios com servidão desse local, pelo conhecido comerciante da praça albicastrense. A Câmara discutiu o assunto e aceitou a perdição. Em 1927 o espaço passou de vez para a posse da família Abrunhosa, com a autorização dada pela nossa autarquia para a instalação de um portão na entrada da velha rua.
Resta acrescentar que nesta rua apagada da memória dos albicastrenses, terá nascido um dos mais ilustres Albicastrenses de sempre. Segundo J. D. Porfírio Silva no seu livro.”Memorial Cronológico e Descritivo Da Cidade de Castelo Branco” editado em 1838, consta o seguinte sobre esta rua: “O Cardeal da Mota, que nasceu na rua do Saco em umas casas próximas ao celeiro da comenda, aos 4 de Agosto de 1685”.
O Albicastrense

segunda-feira, abril 06, 2009

CASTELO BRANCO NA HISTÓRIA E NA ARTE - (XLIX)


CASTELO BRANCO NA HISTÓRIA E NA ARTE
IGREJA DA MISERICORDIA VELHA – (2)
(Continuação).Foi o rei informado de que a população de Castelo Branco se propunha organizar a confraria da Misericórdia, pois decorridos seis meses foi recebida a seguinte mensagem: “juízes, Vereadores, Provedor, Oficias e Homens Boa da Nossa Vila de Castelo Branco:
Eu, El-Rei, vos enviamos muito saudar. Nós vos temos escrito quando prazer e serviço receberíamos nessa Vila se ordenasse e fizesse a confraria da Misericórdia como em outros lugares principais dos nossos Reinos se faz. E posto que tenhamos sabido que vós o vareis assim e com toda a boa vontade, pois que com ela se faz tanto serviço a Deus, todavia vos quisemos escrever e fazer lembrança quanto obrigação temos a cumprir as obras de Misericórdia que em especial nos são tão recomendadas por Nosso Senhor e que tanto serviço de Deus quanto nela se fará a Ele e a Nós nenhuma pessoa s deve escusar de nela entrar e servir o tempo que for eleito e ordenado por principal e honrado que seja, porque por esses que sabem e podem de há-de ela ordenar e servir como em todos os lugares dos nossos Reinos se faz. E portanto vos recomendamos muito a quase todos e a cada um em especial que, olhando quando todos somos obrigados ao serviço de Deus, folguemos todos de entrar na dita confraria e a servir e ordenar e quanto mais honrado tanto com melhor vontade o deve fazer e não se querer escusar quando for eleito e ordenado porque se assim o fizer recebemos nisso muto desprazer e desse serviço. Escrito em Lisboa a 19 de Agosto de 1514. André Pires a fez, Rei.”
Secundando os desvelados esforços do soberano, as autoridades de Castelo Branco organizaram a confraria da Misericórdia com os bens das outras confrarias, que se compunham de casas, terras de cultura, vinhas e olivais e cujos rendimentos anais eram os seguintes: Da confraria de Santo Andre, 6$185 réis e duas galinhas; da confraria de Santo Iago, 7$127 réis; da confraria de S. João, 4$821 réis; e da confraria de S. Pedro, 3$620 réis. Totalizaram estes rendimentos, portanto, a quantia de 21$753 réis, muito diminuta mesmo naquela época. Durante o século XVI foram um pouco aumentados os rendimentos com os legados de alguns benfeitores. Foi, porem, no século XVII que a Misericórdia consegui uma situação prospera com os rendimentos de avultados bens que lhe foram legados por algumas dezenas de beneméritos. Entre estes distinguiram-se, pela elevado valar dos legados, o Dr. Bartolomeu da Costa, tesoureiro mor da Sé de Lisboa e o Padre Manuel de Vasconcelos, prior da freguesia se S. Pedro de Torres Vedras. O Dr. Bartolomeu da Costa, a quem a Igreja deu o nome de Venerável, nasceu em Castelo Branco em 24 de Agosto de 1553. Pertencia à família do célebre Cardeal de Alpedrinha, D. Jorge da Costa. Faleceu em Lisboa 27 de Março de 1608, deixando todos os seus haveres à Misericórdia, por testamento feito naquela cidade em 30 de Abril de 1605, para a instituição de um Hospital de Convalescentes a instalar na casa da sua residência situada na Rua de Ega e que ficou conhecida pela designação de Casa do Tesoureiro Santo. Os seus bens constavam de duas casas, duas vinhas, seis olivais, noventa s duas terras de cultura e um padrão de juro de rendimentos de 240$000 reis pago pelo almoxarifado da Comenda de Cristo.
(Continua)
PS. O texto é apresentado nesta página, tal qual foi escrito na época.Publicado no antigo jornal Beira Baixa em 1951 - Autor. Manuel Tavares dos SantosO Albicastrense

sábado, abril 04, 2009

BAIRRO DO VALONGO



Telegrama On-Line
ASSUNTO: Os Passeios do meu Bairro
Exmos. Senhores autarcas da minha cidade.
O dicionário da “Língua Portuguesa On-Line” presenteia-nos com a seguinte alegação sobre a designação da palavra passeio:
“Passeio”
1. O acto de passear, de percorrer ou fazer percorrer uma certa extensão de caminho por distracção ou para fazer exercício.
2. O sítio ou lugar onde se passeia.
3. Caminho percorrido por quem passeia.
4. Distância curta.
5. Pequena jornada.
6. Parte lateral das ruas para os peões.
7. Movimento de vaivém de uma peça de qualquer máquina.
8. Dar um passeio: passear.
É costume dizer-se que: “Só não se sente, quem não é filho de boa gente”.
Perante a contradição entre o que diz o dicionário de “Língua Portuguesa On-line“, e a realidade existente no Bairro do Valongo, (onde moro à 21 anos), venho por este meio reclamar do indigno estado dos passeios, (e não só), do meu Bairro. Passear, percorrer por distracção, ou para fazer exercício, e por fim; parte lateral da rua para peões, (diz o dito cujo) !?
Como são agradáveis esta palavras!… o pior vem quando procuramos os passeios para pôr em prática estes ensinamentos, e encontramos o que as fotografias documentam!… Todas as semanas tenho oportunidade de ler nos jornais locais, declarações dos nossos autarcas elogiando o trabalho feito na nossa cidade.
Como albicastrense que mora no Bairro do Valongo, (situada na cidade de Castelo Branco), pergunto a vossas excelências se este Bairro é filho de pleno direito da cidade, ou se pelo contrário é apenas… um filho bastardo?
Será que para os albicastrenses é mais importante fazer-se mais um parque de estacionamento no centro cidade, que dotar os bairros da nossa cidade de ruas e passeios dignos!? Este albicastrense sempre pensou!… que em primeiro lugar estavam as pessoas, em segundo lugar eram as pessoas, e em terceiro lugar novamente as pessoas, e só depois as outras obras.
Que ingenuidade a minha!………

O Albicastrense

sexta-feira, abril 03, 2009

ALBICASTRENSES ILUSTRES - XIV

Filipe Rodrigues Elias Luna de Montalto
(1567 – 1616)
O médico Filipe Montalto nasceu em 1567 na cidade de Castelo Branco, filho de António Aires e de Catarina Aires, neto materno de Filipe Rodrigues, irmão de Amato Lusitano. Foi baptizado na igreja de Santa Maria em 6-10-1567 com o nome de Filipe Rodrigues. Estudou na Universidade de Salamanca, onde tirou o grau de bacharel em Artes, em 1586, concluindo pouco depois, em 1588, o curso de Medicina. De regresso à terra natal casou com Jerónima da Fonseca, filha de Lopo da Fonseca, físico da rainha D. Catarina. Aqui exercitou clínica e lhe nasceram dois filhos: António e Rafael; mas, receando as perseguições do Santo Ofício, pois eracristão-novo, emigrou para a Itália, onde já se encontrava em 1599, como indica o Dr. Augustod’ Esaguy em Comentos à vida e obra de Elias Montalto. Com efeito, convertido ao judaísmo, uso uno exílio o nome de Filipe ou Elijah, Elias, Eliau deLuna Montalto. Em Novembro de 1606 publicou em Florença o seu primeiro livro “Optica”, no qual se assina por ‘’ Philipp Montalto, Lusitani Medicine doctoris’’ e, segundo afirma na Dedicatória, tivera já contacto com a família Médicis e a rainha Maria de França, durante uma curta estadia em Paris, onde fora alvo dos favores régios e disfrutara de grande consideração. Em Itália foi médico do Duque Fernando I de Florença, afirmando alguns autores que servira também na Universidade de Pisa, como professor de Medicina. A pedido da raínha Maria de Médicis desloca-se novamente a França, vindo a falecer em Tours, a 19.2.1616.
Por ordem de Maria de Médicis, o corpo de Montalto é embalsamado e levado para Amsterdão por Josué de Luna, parente do falecido e por
Saúl Levi Morteira. É enterrado no cemitério de Oudekerk, que tinha sido comprado na altura pela comunidade judaica.
Os livros que escreveu, tornam-no segundo autores alemães o precursor da psiquiatria, neurologia e psicologia moderna.
O albicastrense

ANTÓNIO ROXO - DEPOIS DO ABSOLUTISMO - (12)

"MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE" Espaço da vida político-social de Castelo Branco, após a implantação do regime constitucional. U...