domingo, março 31, 2013

O HIPÓLITO COMENTA - X


Quarenta anos depois da publicação destes desenhos no antigo jornal “Beira Baixa”, aqui ficam mais dois desenhos do Hipólito.





Desenhos de: Amado Estriga. 





Textos de: João de    Mendonça






O Albicastrense

quinta-feira, março 28, 2013

TIRAS HUMORÍSTICAS – CI

BIGODES & COMPANHIA

Eleições autárquicas de 2013 (1)

Os candidatos à autarquia da terra albicastrense, fazem bicha (perdão... fila), para ocupar o lugar que Joaquim Morão vai deixar sem dono na autarquia da cidade.
A dupla“Bigodes &Companhia”, sempre atenta às afirmações dos ditos cujos na imprensa da cidade, irá a partir de agora lançar postas de pescada sobre essas mesmas declarações.
Postas de pescada que não pretendem desfeitear quem quer que seja, mas antes brincar com algumas dessas declarações.
A dupla pede à meia dúzia de visitantes que costuma visitá-los, que não lhes arremessem ovos podres se não conseguirem fazê-los sorrir, todavia se quiserem, sempre podem deixar-lhes comentários na respectiva caixa.

A dupla, Bigodes & Companhia

quarta-feira, março 27, 2013

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS - LXXII


A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940. A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).

O texto está escrito, tal como foi publicado.
Os comentários do autor estão aqui na sua totalidade.

(Continuação)
À sessão de 24 de Maio de 1794 segue-se a de 15 de Junho. É um intervalo de três semanas e por isso era de esperar que nesta sessão houvesse muito que fazer. Pois, senhores, o nosso escrivão Aranha diz que foram os vereadores que assistiram à sessão e logo a seguir que “não houve que despachar”!

É esquisito, mas é assim que lá está.
Novo intervalo de três semanas, pois que a sessão seguinte se realizou no dia 6 de Julho. Tudo o que se resolveu aqui vai textualmente copiado:
"...ouverão por baldia as folhas dos restolhos desde o dia tres do corrente".
E mais nada. É curioso notar que a Câmara resolve no dia 6 dar “por baldia a folha dos restolhos” deste o dia 3. Antes de ser já o era, como a pescada.

Nova sessão em 20 de Julho. São nomeados avaliadores das ervagens Manuel Martins Más-barbas, Euzebio Ferreira e José Vaz da Cunha, que deram conta do recado na sessão seguinte, realizada três dias depois. As ervagens foram avaliadas em 1.316:000 réis, o que para o valor da moeda nesses tempos era alguma coisa.
A ervagem que se avaliou por preço mais alto foi a da Ribeiro de Ega: 80:000 reis. A mais barata foi a do “Val Longo”: 30:000 réis. As ervagens avaliadas foram em numero de vinte e sete.

O mês de Agosto passa perfeitamente em claro. Nem uma sessão para amostra. Só torna a reunir-se a Câmara no dia 21 de Setembro e nesta sessão foram no meados: para almotaceis, nos três meses seguintes, José da Silva Castelo-branco e Alexandre António Poderoso; Para juiz do ofício de pedreiros, João Martins da Fonseca e, para juiz do ofício de ferreiros, Simão Fernandes Leal. Depois de dar conta destas nomeações, a acta acrescenta: “E determinaram algumas pedições”. Que pedições fossem é que se não diz.
(Continua)

PS. Mais uma vez informe os leitores dos postes “Efemérides Municipais”, que o que acabou de ler é, uma transcrição fiel do que foi publicado na época.
O Albicastrense

domingo, março 24, 2013

ECOS DO PASSADO - II


SETENTA E QUATRO ANOS DEPOIS

No dia 24 de Março de 1939, faleceu em Angola, o ilustre albicastrense Luís Sampaio Torres Fevereiro. Capitão de Cavalaria do Exercito português, na situação de reserva. Desempenhou, em Castelo Branco, diferentes cargos públicos, entre os quais destacamos os de Professor interino, no Liceu Nuno Alvares e Governador Civil, substituto, por duas vezes. 
Monárquico, convicto, foi preso em Outubro de 1911, permanecendo, durante três meses no Forte do Alto do Duque. Libertado, exilou-se em Espanha. Julgado à revelia, foi condenado em oito anos de prisão, pena que não chegou a cumprir.
Luís Fevereiro fixou-se em Angola, em 1921, tendo sido reitor do Liceu e director da Escola Primaria Superior de Sá da Bandeira

PS. A recolha dos dados históricos é de José Dias.
A compilação é de Gil Reis e foram publicados no Jornal "A Reconquista”.
O Albicastrense

quinta-feira, março 21, 2013

POETAS DA MINHA TERRA - V


Já aqui disse por variadas vezes, que tenho uma profunda estima pelo Dr. António Forte Salvado, apreço que vem dos tempos em que com ele trabalhei, no Museu Tavares Proença Júnior.
No dia em que se comemora o Dia Mundial da poesia, nada melhor que publicar neste blog, um poema do seu último livro.
                                          Imagem de V/Bispo - 1990
O Albicastrense

quarta-feira, março 20, 2013

ANTIGA RUA DO SACO - II

Na antiga rua do Saco, as obras continuam a bom ritmo como aliás se pode ver nas imagens aqui postadas.
Cento e muitos anos depois da oferta da antiga rua do saco a um particular, ela volta novamente à posse dos seus legítimos proprietários; os albicastrenses.
A restituição desta rua à zona histórica da terra albicastrense e aos albicastrenses, é sem duvida um acto de justiça, uma vez que a partir de agora, deixa de existir uma rua que em tempos passados era pública, mas que uns lerdaços nos finais do século XIX, resolveram entregar (com desculpa esfarrapada), a um particular.
Em 1890 António César de Oliveira de Abrunhosa, pediu à autarquia albicastrense a “supressão do beco denominado rua da Saco, no sitio em que uma das suas casas confina com o edifício dos Paços do Conselho”.
A apropriação do espaço, passou totalmente para foro particular, em Abril de 1927, após António Abrunhosa solicitar uma autorização para ”mudar um portão no seu quintal na Praça Luís de Camões, para o principio da pequena rua conhecida por rua do saco “ (1).
Tal como os nossos antepassados que em tempos passados por esta rua caminharam, também os albicastrenses do presente, dentro de pouco dias o poderão fazer.
Aos responsáveis autarcas da terra albicastrense que tornaram este facto possível, só posso mesmo dizer: bom trabalho meus senhores...
(1) Dados recolhidos no livro; “O programa polis em Castelo Branco”, da autoria de António Silveira, Leonel Azevedo e Pedro Quintela d'Oliveira.
O albicastrense

domingo, março 17, 2013

TIRAS HUMORÍSTICAS - C


A CENTÉSIMA TIRA

A centésima tira da dupla “Bigodes & Companhia”, só podia mesmo ser dedicada ao presidente da autarquia albicastrense, cargo que Joaquim Morão ocupou entre 1997 a 2013.
Muitas vezes aqui discordei de algumas das obras realizadas por ele na terra albicastrense, contudo, neste momento de quase despedida, (como não sou cego) só posso mesmo dizer, que independentemente das minhas discordâncias pontuais, o trabalho desenvolvido por ele em prol da minha terra, foi amplamente positivo.
No momento da quase despedida, o albicastrense só pode mesmo expressar: Bem-haja por tudo o que fez, pela terra albicastrense.

PS. O albicastrense pede desculpa pela casmurrice do Companhia. 

O Albicastrense

sexta-feira, março 15, 2013

ECOS DO PASSADO


CENTO E DEZ ANOS DEPOIS...

Faz hoje cento e dez anos, (15 de Março de 1903), entrava pela primeira vez em Castelo Branco, um automóvel
Eram três hora e meia da tarde, quando chegaram a esta cidade, tripulando um automóvel, os drs. Tavares de Melo, e Chmpalimoud, que tinham saído de Coimbra, no dia 14 de Março, às sete e meia da manhã, isto é, oito horas antes da chegada. Os festejados automobilistas lamentavam-se pelo estado degradado em que se encontravam as estradas, especialmente entre Penela e Figueiró do Vinho.
Depois de almoçarem em Castelo Branco, seguiram para Grândola via Elvas e Évora.
Era o maior percurso que jamais se tinha feito, em automóvel no nosso país.
PS. A recolha dos dados históricos é de José Dias.
A compilação é de Gil Reis e foram publicados no Jornal ”A Reconquista
O Albicastrense

terça-feira, março 12, 2013

ANTIGO PELOURINHO DE CASTELO BRANCO

Nos finais do século XIX e princípios do seguinte, decidiram as vereações de determinados municípios, que os seus velhos pelourinhos, eram “símbolos de tempos passados que interessava mandar abaixo!...” vai daí, mandavam demolir aquilo que afinal mais não era, que um marco puro da passada autonomia municipal, secular padrão das suas antigas liberdades.
Os pelourinhos eram erguidos no largo principal das povoações, quando estas subiam à categoria de vila. Em Castelo Branco, o velho Pelourinho com alguns séculos de existência, não escapou à onda destruidora e, também ele foi mandado abaixo. 
Do livro; "Pelourinhos e Forcas" de Jaime Lopes dias, aqui fica um pequeno apontamento, sobre o antigo pelourinho da terra albicastrense.
CASTELO BRANCO
De origem remotíssima, Castra Leuca dos romanos, sucessora da Belcagia ou de castro mais antigo, Castelo Branco, Vila Franca no alvorecer da nacionalidade, povoação formosa que se reclina na esbelta elevação que se impõe e destaca no dilatado horizonte que corre da Gardunha às Talhadas e ultrapassa a fronteira, teve forais dados por D. Sancho I em 1188, por Pedro Alvitis, mestre da Ordem do Templo, em 1213, por Pedro de Sousa, grão-mestre da Ordem de Cristo, em 1495, e por D. Manuel em 1 de Junho de 1510. Vila desde a fundação, classificada de notável por D. João II, D. José elevou-a à categoria de cidade em 21 de Março de 1771.
Sede de Correcção, cabeça de Comarca, teve como não podia deixar de ter, com tais pergaminhos, o seu pelourinho na Praça, hoje conhecida por Praça Velha, em frente dos antigos Paços Municipais. 
Viu-o ainda, e em seus degraus se sentou o sr. dr. Augusto de Sousa Tavares, e com ele certamente pessoas de sua idade, que bem poucas são já hoje em Castelo Branco. Não é possível reproduzi-lo ou desgrave-lo em sua minúcia, mas pode em todo o caso, afirmar-se, segundo as absequiosas informações do sr. dr. Augusto Tavares, que a plataforma se compunha de dois degraus quadrados sendo a coluna, capitel e remate de arquitectura pobre.
A existência do pelourinho, e não só do pelourinho mas também da forca de Castelo Branco, é-nos atestada ainda pelo seguinte capitulo do Compromisso da Misericórdia, de 1 de Novembro de 1596, reduzido do da cidade de Lisboa, e mandado guardar por provisão de 17 de Junho de 1597, “Capitulo XXVII dos padecentes”.
Quando alguma pessoa houver de padecer por justiça, irão o Provedor e irmãos da mesa a acompanhá-lo, e irá a bandeira, a qual levará um irmão metido em um balandrao, e dois da mesma maneira com tocheiros acessos, e um irmão com uma vara junto à bandeira, e os Capellais da casa em precisão, e outro irmão com outra vara regendo, e o crucifixo, no couce da procissão, e quatro irmãos vestidos, com seus balandraos com tochas acesas e um dos enfermeiros levará as consolações convenientes para esforçarem o padecente, e mandarão lavar uma caldeira com água benta, e nesta ordem irão até à porta da cadeia, onde esperarão até tirar a justiça, o padecente, que virá metido em uma vestia branco de pano de linho, que os mordomos da Capella mandarão fazer quando tiveram recado que há-de padecer, mandando primeiro a campainha com a insígnia, que se costuma andar pelos padecentes, para ser notório aos que o quiserem acompanhar: elle em saindo se assentará em joelhos diante do crucifixo, e lhe darão a beijar, e se assentarão todos em joelhos, os Capellais começarão a ladainha, e não se levantarão até dizerem – Santa Maria – o que todos responderão – Ora pro nobis – e então se levantarão, e começarão a andar prosseguindo a ladainha na mesma ordem, em que vierão, passando os quatro irmão que iam detrás do crucifixo para diante junto aos Capellais, e ficará o padecente detrás do crucifixo; e os pregoeiros irão diante da bandeira de Nossa Senhora por não fazerem tumassa com os pregões ao padecente, e chegando a alguma Igreja pôr-se-ão todos de joelhos, e dirão três vezes em voz alta – Senhor Deus Misericórdia – e em se levantando o que levar o crucifixo dá-lho a beijar nos pés ao padecente, e chegando à Igreja do Espírito Sancto osterá uma missa presta para nella, de fora, ver a Deus, e lhe pedir perdão de seus pecados, e irão continuando até ao lugar onde houver de padecer; e então neste aperto, começarão os ditos Capellais a cantar o: Ne recorderis pecato mea Domine – lançando água benta sobre o dito padecente até dar sua alma a Deus, que a criou, e remiu com o seu precioso sangue.
E porque a Misericórdia de Deus a todos abrange, é bem que os que padecem não sejam de todos esquecidos, se ordenou pelo irmão, e fundadores desta casa, que o ano que houver padecentes se faça memoria delles pelo dia de todos os Santos, e depois da missa do dia mandará o mordomo da Capella a insígnia pela Vila para que se ajuntem os irmãos na casa da Misericórdia para depois de vésperas irem em procissão vestidos com seus balandraos, e círios nas mãos, com bandeira e crucifixo, e uma tumba buscar a ossada dos que tiveram padecido, e tornando à Misericórdia, e posta a tumba no meio da igreja haverá pregação, e ele acabado enterrarão a ossada.
E o que padecer por justiça no pelourinho, ou em outros lugares particulares, terá o mordomo da Capella cuidado de o mandar enterrar quando forem horas, conforme seu regimento, e se alguns morrerem queimados por justiça, morrendo na Fé Católica, logo naquele dia à tarde em que padecem, o mordomo da Capella mandará um servidor da casa, que vá ajuntar a ossada que ficar por queimar do tal padecente, e o trará em um lençol para se enterrar em lugar sagrado, porque a caridade que Nosso Senhor deixou encarregado que usássemos com nossos próximos será de todo cumprido com os padecentes”.
Sobre a data da destruição, lavada a efeito em consequência de edificações em redor da Praça e para regularização da mesma, nada conseguimos averiguar ao certo.
Em todo o caso, a avaliar pelo que escreveu o Bispo de Angra, D. João Maria Pereira de Amaral e Pimental (obr. Cit., pág. 221) deve ela ter-se efectuado posteriormente a 1880. Diz assim, o venerando antiste:
Nem esta moda está tão vulgarizada que se envergonhem de possuírem seus pelourinhos, a Sertã, cabeça de comarca, Castelo Branco, cabeça de distrito, e Lisboa, capital do reino.... Oleiros quis, porém avantajar-se a estas terras, e no dia 22 de Março do corrente ano de 1880, fez apear o padrão da sua maior gloria”.
Em resposta à circular da associação dos Arqueólogos, de 19 de Junho de 1900, já atrás referida, disse a Câmara Municipal do Conselho de Castelo Branco, em 4 de Julho do mesmo ano, que no território do município não existiam pelourinhos. Das transcrições feitas é fácil concluir que: Castelo Branco teve pelourinho e forca, aquele destruída há mais de 50 anos; e que o caminho para a forca, se fazia pelo Espírito Santo, capela em que os padecentes pediam pela ultima vez perdão a Deus. Localização exacta? Pergunta para qual eu não consegui resposta e que aqui deixo com sincero desejo de que algum mais feliz investigador, possa esclarecer.
Jaime Lopes Dias
PS. Sessenta e muitos anos depois da publicação deste artigo, o tal investigador que Jaime Lopes Dias esperava que um dia aparecesse para fazer luz sobre o destino que teria sido dado ao velho Pelourinho da terra albicastrense, nunca apareceu, continuando tudo na mesma. As imagens publicadas nesta publicação, são da autoria do aguarelista, Fernando Perfeito de Magalhães, publicadas no livro; "Pelourinhos e Aguarelas", editado pelo Museu Francisco Tavares Proença Júnior em 1977.
                                                                           O Albicastrense

sexta-feira, março 08, 2013

KIOSK VIDAL

MEIO SÉCULO DE EXISTÊNCIA








Numa época em que assistimos diariamente ao encerramento de velhos estabelecimentos comerciais na terra albicastrense, não posso deixar de aqui mencionar, o quinquagésimo aniversário que o Kiosk Vidal comemora este ano.
Aos atuais responsáveis pelo Kiosk Vidal, este albicastrense só pode mesmo dizer-lhes, que tenham engenho e arte, para que este se mantenha na terra albicastrense, pelo menos mais meio século.

PS. Se concorresse ao concurso promovido pelo Kiosk Vidal, o meu slogan só poderia ser o seguinte:
Kiosk Vidal, meio século de existência, continuamente ao serviço dos albicastrenses.

O Albicastrense

terça-feira, março 05, 2013

ELOGIO FÚNEBRE A FRANCISCO TAVARES PROENÇA JÚNIOR


 (Feito por Maria Emília Louraça, directora do Jornal; “A Aurora”.)

Na terça feira pretérita saia a cidade por momentos da sua inercia habitual. Circulava nas bocas de todos os seus habitantes uma tristíssima noticia.
Ia chegar de Lauseanne (Suissa) para recolher ao jazigo da família o cadáver do nosso querido patrício Sr. Francisco Tavares Proença Júnior falecido em plena mocidade.
Muito antes da chegada da locomotiva que trazia aqueles preciosos despojos, começou o povo a caminhar em grupos para a estação do caminho de ferro, onde se acumulou, misturando-se ali sem distinções todos aqueles, que queriam render o seu preito respeitoso àquele morto ilustre. Passando algum tempo poz-se o cortejo em marcha percorrendo silencioso o trajecto que vai da Estação à Igreja Matriz onde foi depositada a urna em magnifico catafalco.
Em todos os rostos se divisava a tristeza da solenidade do momento, deixando-nos a dolorosa impressão duma perda irreparável.
Ontem realizou-se o enterro que escusado é dizer revestiu um carácter imponente; tudo o que de Castelo Branco tem de melhor estava ali representado não falando no povo que se apinhava em massa em extensão compacta. 
Enaltecer as qualidades do morto não pertence a mim fazê-lo, por ser medíocre na arte de escritora, deixo isso a quem tiver competência para o fazer; direi apenas que o Sr. Proença Júnior, era moço distinto de excelentes qualidades e um belo carácter.
Castelo Branco está de luto por ter falecido um dos seus filhos mais diletos; neste pequeno torrão que o viu nascer no palácio dos seus maiores, teve o Sr. Proença Júnior o seu berço de oiro.
Parecia que nada lhe faltava para ser feliz; tinha um pai que o adorava e uma mãe que o estremecia; em sua carinhosa irmã a Sr. D. Barbara Tavares de Proença colhia ele um verdadeiro amor fraternal: o dinheiro tinha-o sempre à farta, e não lhe faltavam amigos em cada pessoa que conhecia. 
De repente acontecimentos políticos lavaram-no para longe de nós, e actualmente para achar alivio à doença que há muito o vinha martirizando via-se obrigado a viver na Suíça onde os seus não o podiam acompanhar por a saúde de seu pai ser também muito precária.
Ultimamente agravaram-se os sofrimentos do simpático moço, e lá morreu longe da terra que o viu nascer, e da pátria que muito amava.
Triste odisseia duma existência que parecia tão florida, e ainda mais triste o desenlace, que a todos acabrunhou deixando-nos um vácuo tarde ou nunca preenchido porque a sua saudosa memoria ficara na alma de todos.
Os albicastrenses que esperavam abraçá-lo um dia cheio de vida e mocidade, apenas puderam ter a consolação de acompanhar os seus restos ao jazigo da família onde ficaram depositados.
Que descanse em paz o nosso querido, e nunca assás chorado patrício e amigo, e a sua família enlutada as suas sentidas condolências lhe enviam os colaboradores e a redacção do Jornal “A AURORA” .

PS. O texto está tal como foi escrito na época.
 (Jornal. "A Aurora", nº 2, de 15-10-1916).
O Albicastrense

ANTÓNIO ROXO - DEPOIS DO ABSOLUTISMO - (12)

"MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE" Espaço da vida político-social de Castelo Branco, após a implantação do regime constitucional. U...