quinta-feira, fevereiro 27, 2014

PRECIOSIDADES DA BIBLIOTECA ALBICASTRENSE

"SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA REGIONAL DE BEIRA BAIXA"
Nas minhas deambulações pela biblioteca  da terra albicastrense, tenho encontrado publicações que são autênticas delícias.
Estão neste prato de delicias (não gastronómicas), dois volumes que têm como títulos; “SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA REGIONAL DE BEIRA BAIXA”, editados em 1940 e 1950”, com direcção de J. Ribeiro Cardoso, pela Junta Provincial da Beira Baixa. Dois volumes que bem merecem ser saboreados, por quem gostar de conhecer melhor  a história da nossa beira baixa.
Para abrir o apetite a quem gostar deste tipo de menus, aqui ficam umas quadras populares retiradas de um trabalho de Luís Chaves, sobre as colchas de Castelo Branco.

Moreira & Moras
Fiz a cama na moreira,
com tenção de madrugar:
Veio o vento, abanou-me,
quem está bem, deixa-se estar.

Fiz a cama na moreira,
da mora fiz o encosto:
Namorei-me, fiz mui bem,
não fosses tu do meu gosto.

Ó alto pé da moreira,
onde canta a cotovia;
Já me vai querendo bem,
quem tão mal me queira.

Ó minha mora madurinha,
diz-me: quem de amadurou?
- Foi o sol, foi a lua,
foi calor que me apanhou.

Seda & Sirgo
Chamais-me moreira triste;
Por que razão me chamais?
A moreira cria o sirgo,
com que vós vos asseais.

Minha mãe, criai o sirgo,
que eu irei ripar a folha.
Ao ramalhete mais alto,
da moreira toda.

Minha mãe, criai o sirgo,
minha mãe, criai, criai,
que eu irei ripar a folha,
ás moreiras de meu pai.

Dados sobres as referidas obras: 
Obras impressas a duas cores com fotogravuras, contendo temas de etnografia, história medieval, transcrição de documentos foraleiros, arqueologia pré-histórica, história moderna, numismática, epigrafia, indústrias agrícolas (sericultura, tecelagem, etc), arquitectura popular, arquitectura religiosa, recolhas de cancioneiro, e outros temas.
O Albicastrense

terça-feira, fevereiro 25, 2014

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS – LXXXIII


A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940. A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).
O texto está escrito, tal como foi publicado.
Os comentários do autor estão aqui na sua totalidade.

(Continuação)
Logo três dias depois, em 20 de Março temos nova sessão. A respetiva acta reza assim:
Nesta Vereação apareserrão a mayor parte dos lavradores desta cidade e por elle foy requerido que querião se lhes concervasse os Boeyros que tinhão a rematado a Boyada no anno passado por terem satisfeitos as obrigaçoens da sua guarda e que estavão prontas a pagarlhe o mesmo presso com que tinhão a rematado no mencionado anno por cujo motivo se detreminou que se desse a guarda da Boyada aos mesmos Booeyros obrigandosse estes por termo que se lavrará no livro das a remataçoens à guarda da Boyada com as condiçoens do anno passado”.
Determinaram que se demarcasse a coutada da folha de Nossa Senhora de Mércules.
E de facto lá vem a seguir a demarcação da referida coutada, que começava na; “esquina da Tapada de Francisco da Fonseca”, seguindo pela “estrada adiante até à Terra das couves e chegar às estacas”; continuava por “metade da beirada sahindo à Terra que faz o Fradique”; seguia pela dita terra “a meter no Ribeiro da Fonte da mula partindo pelas estacas”; ia andando pelo caminho da Rebouça até um penedo que ficava ao cimo de uma terra que pertencia a José dos Reis, seguindo até à ”Lage das Canellas a partir da parte de baixo com o caminha do Semedeiro onde findão as estacas direito à Quegeira Redonda”; seguia “pela Lomba partindo pela terra de José Caldeira” e continuava até ao Penedo Grande da Terra de Francisco José de Carvalho” no sentido do Curral do Prego até enfrentar o Monte de Brito, cuja extrema ia seguindo até chegar a folha de S. Bartolomeu.
Alguns deste nomes desapareceram com o tempo, mas lá estão ainda hoje a Fonte da Mula, o caminho da Rebouça, o Semedeiro, o Curral do Prego, etc...
Quem conhece estes pontos, pode fazer uma ideia aproximada do que era a folha da Nossa Senhora de Mércules, dentro da qual há hoje excelentes propriedades, algumas das quais pertenciam aos Bens do Infantado, que foram vendidos, na aurora da mentira democrática liberal-constituição, por meia dúzia de vinténs.
(Continua)

PS. Mais uma vez informe os leitores dos postes “Efemérides Municipais”, que o que acabou de ler é, uma transcrição fiel do que foi publicado na época.
O Albicastrense

sábado, fevereiro 22, 2014

OS NOSSOS POETAS



Lançamento do livro "Ecos do Trajecto seguido de Passo a Passo" de António Salvado.

O poeta e escritor albicastrense António Salvado vai apresentar no dia 25 de Fevereiro, terça-feira, às 18:30 no salão nobre da Câmara Municipal de Castelo Branco, o seu último livro “ Ecos do Trajecto seguido de Passo a Passo".
Esta obra, publicada pela A23 Edições, reúne um conjunto de poemas inéditos do poeta António Salvado nasceu em Castelo Branco (mais concretamente na Rua d'Ega) a 20 de Fevereiro de 1936. Poeta e escritor António Salvado é autor de uma extensa obra poética, de ensaios e antologias, tendo sido a sua obra reconhecida várias vezes com prémios nacionais e internacionais. Em 2010 foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Santiago da Espada.
A sessão conta com a presença do autor, de Fernando Paulouro Neves que apresentará o livro e do presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco Dr. Luís Correia.  

quarta-feira, fevereiro 19, 2014

A VELHA PISCINA DA TERRA ALBICASTRENSE


EU SÓ QUERIA ENTENDER....

Volto a um assunto que já aqui abordei várias vezes, estou a fazê-lo novamente porque ao passar hoje pelo local, não pude deixar de parar e olhar para a desgraceira que por lá mora.
As imagens aqui postadas, são reveladoras da triste situação a que a antiga piscina da terra albicastrense e todo o restante complexo chegou. 
Se a tristeza matasse, confesso que ao olhar para um espaço que durante muito tempo foi local de convívio de muitas famílias albicastrenses (entre as quais a minha), teria caído no chão e lá teriam que chamar o cangalheiro, para me transportar para a última morada. 
Palavra que me custa a compreender, que tendo os últimos responsáveis da autarquia albicastrense, sido responsáveis por algumas obras que muito engrandecem a terra albicastrense, tenham deixado chegar todo aquele complexo, ao estado miserável em que se encontra. 
Como foi possível deixar chegar todo aquele complexo (situado num lugar único da terra albicastrense), à situação em que ele se encontra? Perante o abandono e a degradação instalada no local, este “velho” albicastrense só pode mesmo confessar, que por vezes tem sérias dúvidas sobre a seriedade mental de muita gente que nos governa.
O Albicastrense

domingo, fevereiro 16, 2014

O HIPÓLITO COMENTA XVIII





Quarenta anos depois da publicação destes desenhos no antigo jornal “Beira Baixa”, aqui ficam mais dois desenhos do Hipólito.









Desenhos de Amado Estriga.
Textos de João de Mendonça.
O Albicastrense

quinta-feira, fevereiro 13, 2014

TIRAS HUMORÍSTICAS – CVII


Bigodes & Companhia

A dupla Bigodes & Companhia, galhofa com a segunda inauguração do Centro Rodoviário da terra albicastrense. 
Palavra que desta vez, também eu ainda não me tinha apercebido do ninho das cegonhas, ou será que o ninho das cegonhas, é apenas uma ilusão criada pela mente demasiada critica do Companhia? 

Boa inauguração! 
 (É o mínimo que aqui posso desejar às cegonhas...).

O Albicastrense

CADERNOS DE CULTURA - MEDICINA NA BEIRA INTERIOR - IV

 O AMOR E A MORTE... 

    NOS ANTIGOS REGISTOS 
PAROQUIAIS ALBICASTRENSE


O Albicastrense

segunda-feira, fevereiro 10, 2014

TIRAS HUMORÍSTICAS - CVI

"BIGODES & COMPANHIA"
A dupla “Bigodes & Companhia”, diverte-se com as declarações dos vereadores do PSD, ao jornal “Povo da Beira”. 
Segundo parece, o Companhia é partidário:Do cá se fazem, cá se pagam
O Albicastrense

quinta-feira, fevereiro 06, 2014

Santa Casa de Misericórdia de Castelo Branco

CINCO SÉCULOS AO SERVIÇO
DA
TERRA ALBICASTRENSE
No próximo dia 16 a Santa Casa de Misericórdia de Castelo Branco, comemora 500 anos de existência.
Para comemorar este acontecimento, não posso deixar de aqui postar dois documentos sobre a fundação da Misericórdia, instituição à qual a terra albicastrense e os seus habitantes muito devem. Manuel Tavares dos Santos publicou na sua monografia: “Castelo Branco na Historia e na Arte”, as duas cartas aqui postadas.
Em 1514 o Rei D. Manuel I instituiu a Misericórdia de Castelo Branco, cuja instalação foi feita numas casas anexas à Igreja da Rainha Santa.
Pretendendo aquele monarca saber com o que poderia contar para a fundação da Misericórdia dirigiu de Almeirim ao ouvidor do Mestrado da Ordem de Cristo a seguinte carta:
Ouvidor! Nós, El-Rei, vos enviamos muito saudar. Nós somos informados como pela pobreza e pouca esmola da confraria da Misericórdia de Castelo Branco a dita confraria não andava ordenada como cumpria ao serviço de Deus e bem da vila havia três confrarias de Santo André, da Santo Logo e outra de S. João que tinham muitos bens de que se mantinha um Hospital e diziam certas Missas e que, alem disse, sobejava renda e desse sobejo se podia prover e reparar a dita confraria da Misericórdia. E porque queremos saber como isto está, se é assim como nos disseram e se alem das despesas ordenadas sobeja alguma renda, vos mandamos que vades à dita vila e nos informeis de tudo bem declarado para provermos a isso como bem nos parecer. Escrita em Almeirim a 16 de Fevereiro de 1514. Gaspar Roiz a fez, Rei”.
Foi o rei informado de que a população de Castelo Branco se propunha organizar a confraria da Misericórdia, pois decorridos seis meses foi recebida na vila a seguinte mensagem:
Juízes, Vereadores, Provedor, Oficias e Homens Boa da Nossa Vila de Castelo Branco: Eu, El Rei, vos enviamos muito saudar. Nós vos temos escrito quando prazer e serviço receberíamos nessa Vila se ordenasse e fizesse a confraria da Misericórdia como em outros lugares principais dos nossos Reinos se faz. E posto que tenhamos sabido que vós o vareis assim e com toda a boa vontade, pois que com ela se faz tanto serviço a Deus, todavia vos quisemos escrever e fazer lembrança quanto obrigação temos a cumprir as obras de Misericórdia que em especial nos são tão recomendadas por Nosso Senhor e que tanto serviço de Deus quanto nela se fará a Ele e a Nós nenhuma pessoa s deve escusar de nela entrar e servir o tempo que for eleito e ordenado por principal e honrado que seja, porque por esses que sabem e podem de há-de ela ordenar e servir como em todos os lugares dos nossos Reinos se faz. E portanto vos recomendamos muito a quase todos e a cada um em especial que, olhando quando todos somos obrigados ao serviço de Deus, folguemos todos de entrar na dita confraria e a servir e ordenar e quanto mais honrado tanto com melhor vontade o deve fazer e não se querer escusar quando for eleito e ordenado porque se assim o fizer recebemos nisso muito desprazer e desse serviço. Escrito em Lisboa a 19 de Agosto de 1514. André Pires a fez, Rei.
O Albicastrense

segunda-feira, fevereiro 03, 2014

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS – LXXXII


A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940. A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).
O texto está escrito, tal como foi publicado.
Os comentários do autor estão aqui na sua totalidade.
(Continuação)
Temos a sessão de 12 de Março de 1796. Do que nela se passou, depois do intróito da praxe, dá-nos conta a acta nos termos que vão ler-se:
E sendo ahi presentes a Nobreza e Povo que tinham sido convocados por Pregoens públicos lhe foy proposto pello dito Menistro (este ministro era Juiz de fora) hum requerimento assinado por Jozé de Andrade Theamudo, representando a nulidade com que o Rev, de Vigário Geral deste Bispado tinha aforado quatro propriedades à Santa Casa da Misericórdia não só em razão do diminuto preço de mil e duzentos para huma e três outra por cinco mil, mas não terem precedido as formalidades que a ley prescreve e pede a S. Magestade que ou as ditas propriedades se tornem a restituir à mesma Santa Casa ou se aforem a ele Sup. e pela quantia de vinte mil reis que offereçe ou alias se ponhão em prassa para se a rematarem a quem mais der por ellas.
A cujo o requerimento foi respondido pelo Vereador Jozé Caldeira de Ordaz e por todas as pessoas do Povo que se achavão prezentes que ellas ignoravão as formalidades que tinhão precedido para este e por isso não sabião que este estava ou não valido, mas que he certo que não tinha sido leziva á santa Casa da Misericórdia pela razão que as Propriedades aforadas estavão muito a arruinadas no tempo em que o reverendo Vigário Geral as aforrou as quais suposto que hoje produzão moyor rendimento procede das muitas bemfoeitorias que o mesmo lhe tem feito, sendo tambem certo por outra parte que o maior rendimento das mesmas em Beneficio da Santa Casa da Misericórdia cede em Beneficio dos doentes que se aplicão estes Bens: Em cuja resposta conveyo o Vereador Diogo da Fonseca Barreto Mesquita com a diferença de dizer que não tinha mayor conhecimento das propriedades de que se trata e por isso ignorava se o aforamento tinha sido ou não lezivo à Santa Casada Misericórdia.
E logo pelo Procurador do Conselho Jozé Agostinho Pancas e pello Vereador mais velho Jozé Martins Goulão foy respondido que este afloramento não estava nullo porque para elle não tinhão precedido nenhuma daquellas solenidades que a ley expreçamente determina em semelhantes cazos mas era lezivo á Santa Casa da Misericórdia por ser muito mayor o valor das propriedades como he publico e notório nesta cidade e que sem duvida nenhuma era util á mesma Santa Casa o aumento da renda destas propriedades na forma que a ofereceu e requeria Jozé Andrade sendo feito o aforamento com as seguranças nescessarias.
E como assim o disserão assignarão”:
Seguem-se catorze assinaturas: a do Juiz de Fora, as de três vereadores, a do Procurador do Conselho e nove de representantes do povo. Da nobreza da época, conhecida de sobra pelos nomes e apelidos, não aparece lá nenhuma. É fora de duvida, que bastantes anos depois, houve o que quer que fosse com este aforamento, porque andou mão estranha a procurar viciar a parte da acta que fica transcrita.
Em letra muito diferente e com tinta retintamente preta (a da que o escrivão Aranha se serviu aparece bastante amarelada), que ao primeiro exame diz logo que foi para ali bastantes anos depois, aparecem entrelinhas e uns riscos sobre palavras do texto, aqui e ali, que levam água no bico. Mas a sessão ainda não ficou por aqui. Depois de assinada a acta na parte transcrita, encontra-se mais o seguinte:
Em vereação de 17 de Março de 1976 sendo junta a Nobreza e Povo nas Casa das Camara desta cidade lhe foy proposto pellos Doutor Juiz de Fora Cervasio Jozé Pacheco de Valladares um requerimento dos Relligeozos do Convento de Santo António no qual pedião a S. Mag. que lhes conceda Provizão para poderem apascentar Gado Cabrum na Ervagem dos coutos que a mesma Camara lhe tinha concedido para pasto de Carneyros.
Ao qual requerimento responderão todos uniformemente que era justo a suplica dos requerentes pois que este Género de Gados não cauzava prejuízo ao publico. E de como assim o disseram assignarão”.
E lá se seguem as mesmas assinaturas e mais uma de um representante autêntico da nobreza do tempo.
(Continua)
PS. Mais uma vez informe os leitores dos postes “Efemérides Municipais”, que o que acabou de ler é, uma transcrição fiel do que foi publicado na época.
O Albicastrense

sábado, fevereiro 01, 2014

POETAS DA MINHA TERRA


JOÃO DE SOUSA TEIXEIRA – "Biografia"
Em meados da década de sessenta, João de Sousa Teixeira começou a escrever arremedos do que havia de ser poesia e as pessoas acharam-lhe graça. Em 1972, por conta própria e empenhamento de muitos amigos, publica os seus dois primeiros livros de poesia: Ro (s)tos do Meu País em 1972 , e Terra Alheia no ano seguinte.
Veio a guerra, mas ficou ao abrigo do ar condicionado: foi colocado em Cabo Verde. Por ali foi escrevendo em folhas de jornal. No caso o “Novo Jornal” até à independência do Arquipélago, em 5 de Julho de 1975. Em Portugal havia coisas mais importantes que a sua poesia e começõu a lutar por coisas melhores, o que ainda hoje acontece, pese a desilusão e… a idade. Ah, e havia os seguros em que trabalhou durante 29 anos. João de Sousa Teixeira só em 1980 voltaria a editar e logo três livros de poesia: Ultrapassar os Limites em 1980, Poesia de Costumes dois anos depois e Corpo de Poema em 85. E acabaram-se, aí, as edições de autor.
Voltou aos jornais, às revistas e também às colectâneas. Coisas de entreter e sustentar o vício. Em 1988, a Editora Vega editou-lhe “Alegria Incompleta” que, aliás, fora contemplado com o Fundo de Apoio à Edição de Autores Portugueses da A.P.E., patrocinado pela Fundação Kalouste Gulbenkian. Só 20 anos depois soube que Fernanda Botelho gostou do que leu e disse-o na Colóquio/Letras, com o título de “Poesia do coisismo”. Em 1991, a Câmara pagou-lhe a edição de E(n)cantos de Castelo Branco.
Em 1999 deixou a Beira Baixa, os seguros e coisas menos relevantes e rumou ao Alentejo. Viana do Alentejo. Coisas bem, coisas assim-assim e coisas do arco-da-velha, emprego na Câmara Municipal e novo livro. Agora era ficção, “Mar de Pão”, onde João de Sousa Teixeira se rende à província do Alentejo de alma e coração. A Campo das Letras editou o texto, em 2003.
Com a mania de ter opinião sobre tudo o que acontece não deixou de escrever uma crónica mensal no Ensino Magazine, da editora RVJ, ofício que tinha desde a sua fundação há doze anos. Em 2008, quiseram estes amigos editar-lhe “Rebuçados, Caramelos & Sonetos”, poesia. Descobriu recentemente a blogosfera para uso pessoal e agora, tem um blogue homónimo de um dos seu livros: Corpo de Poema. Finalmente, e voltando ao discurso directo, acrescenta, de forma irónica, o autor: "Quando em 1952 nasci, em Castelo Branco, os meus pais não suspeitaram nada do que acabo de contar.
Talvez por isso me tratassem sempre bem. A mim e aos meus quatro irmãos."
Dados recolhidos em; "corpodepoema,blogspot.se”.

GENTE ILESA

A vida nem sempre é como se vê;
às vezes contradiz-se na aparência:
há dias em que a calma cansa, não sei porquê,
outros em que se chora a sua ausência.

Pior ainda é com a temperatura:
se o tempo aquece e o sol é um tição,
pede-se o frio. Mas se este vem e dura,
volta o apelo: quem me dera o verão!

É mau feitio querer sempre o que é diferente!
Mas como não ter em nós estes defeitos,
se somos o resultado de quem, exactamente,
nos compôs, em síntese, ao sermos feitos?

PS. Ao João Teixeira este albicastrense só pode mendigar, para que ele continue a presentear-nos com muitos e belos poemas. 
O Albicastrense 

ANTÓNIO ROXO - DEPOIS DO ABSOLUTISMO - (12)

"MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE" Espaço da vida político-social de Castelo Branco, após a implantação do regime constitucional. U...