quinta-feira, janeiro 07, 2016

CARTAS DE PERDÃO MANUELINAS – (VI)

Diogo Mendes, morador na vila de Castelo Branco. Andando o suplicante um dia aos tordos nos olivais abaixo de Porta de Santiago com um seu cunhado, trazendo uma bestam um Diogo de Goes, seu inimigo e outros morador na mesma vila, se fora contra a fonte que era daquela parte a passara duas outras vezes por onde ande ele andava sem ter lá que fazer.
E por isso o Diogo de Goes o ter saltado com dois homens e o haver injuriado á sua vontade, como quisera, vendo ele como ele vinha para ali onde o suplicante estava sobre tenção por o assim ter injuriado, se não pudera ter e, tanto que se fora o tido seu cunhado, se lançara a ele abaixo da dita porta e lhe tirara com a besta uma seta que nele tinha, trazendo já a dita besta armada com a dita seta, sem mais outra alguma arma, somente a dita com que às vezes jogava a barreira e lhe dera com a dita seta uma “rascadurazinha”  muito pequena de que não houve mester nenhuma cousa, nem cura, pela qual razão Diogo de Goes querelara ás justiças régias, dizendo que lhe fizera de propósito e rixa velha e revindicta.
E se amorara, e andando amorado houvera perdão do quereloso por um instrumento público de perdão que enviou e recontava ser feito por Gonçalves Travassos, público tabelião em Castelo Branco, aos 7 de Março de 1499, no qual Diogo de Goes lhe perdoava todo o mal, dano e injuria que lhe fora feita e não o queria acusar nem demandar.

O rei perdoou-lhe contando que fosse servir um ano para a cidade de Ceuta, em Africa, e desse por fiança de duzentos cruzados, a qual logo satisfez como se via de uma certidão de Tomé Lopes, seu escuteiro e escrivão das finanças por especial mandado, feito e assinado aos 26 de Maio de 1501.
E que o suplicante nos dois meses primeiros seguintes da data da carta se apresentasse na dita cidade ao capitão que nela estivesse e se fizesse inscrever no livro dos homiziados. 
E a carta e os dois meses lhe eram dados para aderençar a sua fazenda e andar nos seus reinos e senhorios sem lhe ser feito nenhum desaguisado.
Data em Lisboa, 1501, Maio, 26
(chnc. De D. Manuel. Lº 45, fls, 105 v)

PS. O texto está escrito tal como foi publicado por Fernando Portugal, na revista; "Estudos de Castelo Branco".
O Albicastrense

1 comentário:

  1. Anónimo17:55

    Cartas de beirão sim senhor.Parece Angola 94% de votos na Caixa Agrícola. Sim Senhor.Bom ou óptimo seria o porquê destas trocas andanças. Que se terá passado no interior ? Um Caso ? Uns Casos ? É só troca de cadeiras ?.Ora expliquem lá que somos burros.

    ResponderEliminar

CCCCB, DEZ ANOS APÓS A SUA INAUGURAÇÃO

  UM EDIFÍCIO QUE DEVIA SER MOTIVO DE ORGULHO PARA A TERRA ALBICASTRENSE, ESTÁ COMO AS IMAGENS DOCUMENTAM.  QUEM PASSA À SUA PORTA E OLHA P...