quinta-feira, maio 19, 2016

CADERNOS DE CULTURA - "MEDICINA NA BEIRA INTERIOR". (II)

O AMOR E A MORTE... NOS ANTIGOS REGISTOS PAROQUIAIS ALBICASTRENSES.
Por Manuel da Silva Castelo Branco
(Continuação)
II - Em louvor do poeta João Rodrigues de Castelo Branco
Assento 4 (Ibid., fl.28v) - No dito dia (24.11.1549) eu, Jordão Fernandes clérigo, baptizei Bartolomeu filho legítimo de Vasco Gil e Francisca Pires. Padrinhos: João Roiz de Castelbranco e Diogo Gomes; Madrinhas: Violante Fernandes e Isabel Vaz. E, por verdade, assinei / Jordão Fernandes.
Assento 5 (Ibid., fi. 209) – Aos 14 dias do mês de Dezembro de 1574, faleceu Antónia de Andrade filha que foi de António Vaz de Andrade e de Beatriz Vaz de Castelbranco. Não fez testamento, tem legítima e jaz enterrada dentro da igreja.
Assento 6 (Ibid., fl.202v) - Aos 16 dias do mês de Julho de 1569,faleceu António Vaz de Andrade. Fez testamento e jaz enterrado na igreja.
Comentário 7
No Assento 4, aparece como padrinho do batizado um João Roiz de Castelbranco (6), nome do famoso poeta albicastrense de “Cancioneiro Geral” de Garcia de Resende. Contudo, não se trata do próprio mas de um sobrinho e homónimo...O nosso Poeta havia falecido pouco antes de 1532,ficando os seus restos mortais depositados na capela - mor da igreja de Santa Maria. No Assento 5, figura efectivamente sua filha, D. Beatriz Vaz de Castelo Branco, casada com António Vaz de Andrade cavaleiro-fidalgo da Casa Real, o qual faleceu a 16.7.1569 (Assento 6), sendo sepultado na sua capela do Espírito Santo, depois extinta (7)... Quanto a Beatriz Vaz, refere o Dr. Miguel Achiolida Fonseca que “ está enterrada com seu pai e tios na capela maior de Santa Maria do Castelo”. Ora, neste local só encontramos, actualmente, duas sepulturas com campas armoriadas pertencentes à família de D. Catarina Vaz Carrasco de Sequeira, mulher do poeta João Rodrigues (8). Daqui, suponho que este foi depositado numa delas...Manuel Rodrigues Lapa, ao tratar das composições do «Cancioneiro Geral» dedicadas ao Amor triste, da despedida, acentua:- “A mais formosa composição sobre o tema é a conhecida Cantiga sua, partindo-sede João Roiz de Castelo Branco. O que impressiona nesta poesia, ademais do seu ritmo singular, é a ideia formosa-mente expressa do que o amor, naquela hora derradeira, todo conflui para os olhos que se cravam apaixonadamente tristes no objecto amado”. (9) Em louvor do nosso Poeta, aqui evocamos a sua celebrada composição. (10)
Senhora, partem tão tristes
Meus olhos por vós, meu bem,
Que nunca tão tristes vistes,
 Outros nenhuns por ninguém.
Tão tristes, tão saudosos,
Tão doentes da partida,
Tão cansados, tão chorosos
Da morte mais desejosos
Cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes os tristes,
Tão fora d’esperar bem,
Que nunca tão tristes vistes,
Outros nenhuns por ninguém.
(Continua)
                                                O Albicastrense 

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