segunda-feira, outubro 31, 2016

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS – CXIII


A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940.
A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).

(Continuação)
Temos agora a sessão de 2 de Outubro, com a assistência dos misteres, nobreza e povo. O assunto a tratar consta do seguinte requerimento, que fielmente transcrevemos:
Ilustríssimos Senhores – Reprezentão  a Vossas Senhorias os Procuradores do Povo desta cidade o deplorável estado em que se acha a maior parte dos olivais,  secos e sem outros alguns arrebentos mais do que no fundo que só podem vir a ser arvores vedando-se toda a qualidade de gados Vossas Senhorias pertense dar as  providencias necessárias para a conservação e aumento de hum dos ramos que faz o fundo principal do paiz alem de ser género de primeira necessidade nós temos Provizoins, e Alvaras  que prohibem a entrada dos gados nos olivais se algumas vezes por justas cauzas se não tem executado hoje devem por-se em viva observância, porque assim o pede o bem Publico todo o povo clama e os suplicantes o representam e requerem.
Pedem a Vossas Senhorias Ilustríssimo Senhor Prezidente e mais Senhores da Camera que sem demora mandem observar o Alvará chamado o grande, e Provizoins a que elle se refere ajuntando justas Providencias com que se acautele hum prejuízo imcalculavel que merese a atenção e zello deste Ilustre Senado. E receberá Merecê”.
Vereadores, misteres, nobreza e povo acharam que o que se pedia tinha de ser atendido, “porque pello insedente das grandes neves ficarão as ouliveiras queimadas, cujos rebentoins sómente agora vem pello pé faceis a serem cómidos por toda a qualidade de gado”.
Por esse motivo, além das penas de que falavam os alvarás e provisões, determinou-se:

a) que o gado miúdo que fosse encontrado nos olivais seria conduzido ao curral do concelho, pagaria 6.000 réis de multa e o pastor teria três mil reis de multa e trinta dias de cadeia;
 b) que as “éguas”, jumentos e mais bestas encontradas a pastar nos mesmos olivais teria, a multa de 1.000 reis por cabeça;
c) que os próprios bois da lavoura só poderiam ir soltos pelos caminhos e nos olivais só entrariam “presos e junguidos”;
d) que o gado não sairia do curral enquanto a coima não fosse paga e os donos dos olivais poderiam acoimar com uma só testemunha:

Tratava-se de maior riqueza do concelho, todo o cuidado era pouco.
A ata da sessão anterior é encerrada na folha 401 do respetivo livro, e daqui por diante, até folhas 598 (as que o livro tem), aparecem todas em branco, sem uma letra, a não ser a numeração das folhas e rubrica do escrivão. 
É esquisito.
Mais esquisito, porem, é que o livro seguinte das atas das sessões da Câmara começa pela sessão de 9 de Janeiro de 1806!
Que quer isto dizer? Não se realizaram sessões desde Novembro de 1802 até Janeiro de 1806? Realizaram-se sessões, mas ninguém se deu ao trabalho de escrever as competentes atas?
Coisa interessante! dá-se o caso de o tempo de abertura de novo livro de atas ser datado de 15 de Dezembro de 1805 e não apareceu ata da sessão realizada em 1 de Janeiro de 1806, como era da praxe, para a nomeação das Justiças, visto que a primeira sessão de que o livro nos dá conhecimento se realizou, como já dissemos, no dia 9 de Janeiro.     

Porque seria tudo isto? Seria por motivo de balburdia que ia por esse Portugal fora, ocasionado pelas desordens que se davam em toda a Península, pelas ambições  de Godoy que aspirava nada menos que ser Rei de Portugal, pela inabilidade da nossa  diplomacia, pelas insolvências de Lannes em Lisboa, perante as quais se encolhia deploravelmente  o Governo do Príncipe Regente, pelo abandono do nosso país por parte da Inglaterra que, depois de ter contribuído para que se azedassem mais que nunca as nossas relações com a Espanha e a França, retirou de Portugal as forças que cá tinha no momento preciso em que mais precisávamos do auxilio deles?
Fosse como fosse e fosse pelo que fosse, o que é certo é que, a seguir à sessão de 3 de Novembro de 1802, aparece  a sessão de 9 de Janeiro de 1806, num livro novo, tendo-se deixado em branco 197 folhas do livro antecedente.
(Continua)

PS. Aos leitores dos postes “Efemérides Municipais: O que acabaram de ler, é uma transcrição fiel do que foi publicado na época.  
O Albicastrense

sexta-feira, outubro 28, 2016

DUAS BELISSIMAS EXPOSIÇÕES




Duas 
grandes exposições  
 na terra albicastrense.



No museu Francisco Tavares Proença Júnior, pode visitar-se uma exposição de Miguel Elias. 
Visitei esta exposição e confesso, que fiquei rigorosamente de boca aberta e de olhos bem esbugalhados perante tal beleza e originalidade. 
No antigo edifício dos CTT, pode visitar-se uma espectacular exposição de Luís Fernandes. Ao seu autor, este albicastrense só pode mesmo  dizer bem-haja e pedir-lhe, para que continue a deliciar-nos com muitas mais exposições como esta. 
Perante tanta beleza, este albicastrense não pode deixar de apelar a quem visita este blogue, para não deixar de visitar esta duas fantásticas exposições. 

Não seja bota-de-elástico!
Levante o traseiro da cadeira, desligue o computa,
dê corda aos sapatos, e vá visitar estas duas belíssimas exposições.
O Albicastrense 

quarta-feira, outubro 26, 2016

RECORDAÇÕES DA LOJA DO “Cândido Gatuno”

As nossas memórias em relação a determinados estabelecimentos comerciais da terra albicastrense, podem ser também recordações de muitas das gentes que nos rodeiam.
O prédio da imagem aqui postada poderá ser um desses casos, não pelo prédio em si, mas por nele ter existido em tempos passados, um estabelecimento que terá sido dos mais populares e castiços da terra albicastrense desse tempo.
A loja do “Cândido Gatuno” ocupava o rés-do-chão deste velho prédio, vendia um pouco de tudo: livros de Cowboys, livros românticos, livros pornográficos, calendários com muchachas em trajes comprometedores, símbolos dos clubes, rifas de todos os géneros, guloseimas e muitas outras coisas, enfim, uma espécie de loja dos chineses dos dias de hoje.
Na década de sessenta passava diariamente à porta desta loja, parava, e ficava ali especado como se aquilo fosse uma coisa do outro mundo.
Um dia descobri lá uma rifa que consistia no seguinte: um cartão com os nomes de 20 a 22 jogadores de futebol.
Por baixo dos nomes dos jogadores, tinha uma pequena etiqueta a tapar a importância que quem escolhesse esse jogador, teria que pagar para poder candidatar-se ao prémio da rifa.
Quem comprasse esse jogador punha lá o seu nome, (normalmente as importâncias iam de $20 a $50 centavos).
Após vender o cartão na sua totalidade, cortava-se um pequeno quadrado que existia por detrás do cartão, nesse quadrado estava o nome do jogador premiado e a importância que quem tivesse comprado esse jogador ganhava. Até aqui tudo parece normal!
O pior, é que este vosso amigo, antes de começar a vender o cartão via o nome do jogador e comprava ele essa rifa, escrevendo lá um nome que ninguém conhecia, depois “ganhava” ele o prémio, que normalmente era de 5$00.
Esta é uma das muitas memórias que abrigo da loja do “Cândido Gatuno”.
O Albicastrense

segunda-feira, outubro 17, 2016

LÁPIDES EXISTENTES NO ANTIGO QUARTEL DA DEVESA

Na parada principal do Regimento e na parede do edifício fronteiro à porta das armas, havia, antes do tornado, por baixo de uma fita com a inscrição “Dulce et decorum est pro Padria mori ”, as seguintes lápides:

Unidades que têm estado instaladas neste quartel

Regimento de Cavalaria nº 8, do Príncipe Real           - 1844-1911
2º Batalhão do Regimento de Infantaria  nº 21          - 1911-1917
7º Grupo de Metralhadoras                                          - 1911-1917
3º Esquadrão do Regimento de Cavalaria nº 7            - 1915-1917
Regimento de Obuzes de Campanha                            - 1917-1926
Regimento de Cavalaria nº  11                                     - 1926-1927
Regimento de Cavalaria nº  6                                       - 1927-1939
Regimento de Cavalaria nº  5                                       - 1939 -

Por debaixo desta lápide uma “Aos mortos na Grande guerra 1914-1918 ”, datada de 11 de Novembro de 1920, com, a relação dos mortos sofridos pelo regimento de Cavalaria nº 11, indicando-se o posto, nome e naturalidade de cada um e, ainda, se morrerem em combate ou por doença, com indicação do local e do ano.
Havia ainda outras duas lápides, estas do Regimento de Obuzes de Campanha; a da direita, “Honra”, registava as condecorações concedidas às diferentes Batarias, com indicação da ação em que as ganharam, a da esquerda, “Gloria”, relacionava os mortos sofridos em França e na Africa, com indicação do posto, numero e nome.
Porem, tanto a fita referida como todas estas lápides foram arrancadas, por ordem do então Comandante Interino do Regimento Tenente-Coronel Eduardo Sousa de Almeida, quando das obras de reparação dos estragos do tornado, em 1956.
As lápides “Unidades que têm estado instaladas neste quartel” e “ Regimento de Cavalaria nº 11 - Aos mortos na Grande Guerra 1914-1918 ” foram, em seguida, colocadas no pequeno átrio de entrada, junto da Porta das Armas, o qual já por 1934 fora embelezado pelo comandante do regimento de Cavalaria nº 6, Major António Elias Garcia, com seis painéis de azulejos mostrando cenas da vida da Unidade.
Também nessa altura foram ai colocadas duas novas lápides:
Uma diz: 
SE ÉS LEAL, ENTRA FRANCAMNETE:
LEAIS CAVALEIROS TE RECEBEM
SE O NÃO ÉS, NÃO O TENTES SEQUER,
ELES TE VOLTARAM AS COSTAS.
                                               Cor, E. d’ Almeida ”
 E a outra:

““ O  “TORNADO”  EM 6-XI-1954
DESTRUI A NOSSA CASA.
SENDO MINISTRO DO EXERCITO O
EXMO. COR. DO C.E.M. F. DOS SANTOS COSTA
E COMANDANTE DA III R.M. O
EXMO. GEN. BUCETA MARTINS
REERGUERAM-SE AS SUAS PAREDES
O “BEM-HAJA DOS CAVALEIROS DA B. BAIXA”
15-VI-1958 ””

Quanto às duas lápides do regimento de Obuzes de Campanha foram guardadas numa arrecadação.
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O que acabou de ler foi postado neste blogue em Abril de 2010, estou de novo a publica-lo (com algumas alterações), em virtude de uma pergunta aqui deixada por um anónimo, 6 anos apôs a publicação do referido poste.
Pergunta ele:
 Onde estão as lápides de que fala neste poste?”. 
Que terá acontecido às referidas lápides, perguntei a mim próprio de seguida? Após alguns telefonemas para organismos militares que tutelavam o velho quartel da devesa, nada consegui descobrir sobre o paradeiro das lápides. 
Ou seja, parece que ninguém sabe nada de nada!
Como não sou de desistir facilmente, vou continuar esta investigação para ver se consigo saber do paradeiro das lápides, assim que tiver novidade, prometo posta-las aqui.
Contudo, não registo em deixar aqui uma pergunta:
Não deveriam estas lápides ter ficado numa das paredes
do que resta do velho quartel?
O Albicastrense

quinta-feira, outubro 13, 2016

MENIR E ESTELAS DE S. MARTINHO

O Jornal “Reconquista”, publicou na edição desta semana, uma boa reportagem sobre o Menir de S. Martinho, trabalho que não posso deixar de elogiar e de dar os parabéns aos respetivos autores.
Quanto ao que lá vem escrito, gostaria de dizer o seguinte: Sendo eu, um defensor acérrimo do nosso bordado, gostaria de dizer que estou não cem mas mil por cento de acordo, com a proposta de Pedro Salvado, sobre a mudança do símbolo do museu.
Quando na altura se propôs como símbolo o pássaro, trabalhava eu no museu e já nessa altura, defendia que o símbolo deveria ser o menir e nunca o pássaro, contudo outros valores se levantaram.
Se nessa altura até poderia fazer sentido que o pássaro fosse o símbolo, pois o museu tinha uma Oficina-Escola de Bordados de Castelo Branco, infelizmente a referida escola já não existe, por isso, faz todo o sentido do mundo que se faça a mudança de símbolo.
Quanto ao menir e estelas de S. Martinho, faço minhas as palavras do Dr. Pedro Salvado.
O Albicastrense

terça-feira, outubro 11, 2016

domingo, outubro 09, 2016

EFEMÉRIDES MUNICIPAIS – CXII


A rubrica Efemérides Municipais foi publicada entre Janeiro de 1936 e Março de 1937, no jornal “A Era Nova”. Transitou para o Jornal “A Beira Baixa” em Abril de 1937, e ali foi publicada até Dezembro de 1940.
A mudança de um para outro jornal deu-se derivada à extinção do primeiro. António Rodrigues Cardoso, “ARC” foi o autor desde belíssimo trabalho de investigação, (Trabalho que lhe deve ter tirado o sono, muitas e muitas vezes).

(Continuação)
Na sessão seguinte, que se realizou em 5 de Setembro, apareceu o “Thezoureiro dos Imgeitados” a dizer que não tinha cinco réis para pagar às amas dos pobrezinhos expostos.
Lançou-se uma finta em que torna a aparecer a cidade com 50.000 réis e Monforte com 120.000 réis e não se fez mais nada.

A sessão seguinte realizou-se no dia 14 de Setembro. O que houve conta-o assim o nosso escrivão Frazão Taborda:

“Nesta foi apresentado pelo Doutor Juiz de Fora Prezidente deste Senado hum Regio Avizo expedido pelo Excelentíssimo senhor Dom Rodrigo de Souza Coutinho Prezidente do Erario Regio em que Sua Alteza determina que o dito Menistro faça  Nomiar hum Depozitario seguro em virtude do qual Regio Avizo porpoz elle dito Menistro a este Senado que nomeassem o referido Depositario para receber o papel selado que havia chegado e o fosse chegando a esta cidade e por todos iniformemente foi nomiado a Joaquim José Mendes Fevereiro assignando termo de seus Fiadores e abonadores Joaquim José Machado, e Manuel Maques Simoins desta mesma cidade e tem vinte cruzados”.

Certamente o papel selado que tinha chegado e o chegando era coisa de vulto. Visto que para dele tomar conta se exigia um “depositário seguro” e este teve ainda de apresentar dois fiadores e abonadores endinheirados.
(Continua)

PS. Aos leitores dos postes “Efemérides Municipais: O que acabaram de ler, é uma transcrição fiel do que foi publicado na época.  
O Albicastrense

quarta-feira, outubro 05, 2016

ANTÓNIO GUTERRES

SECRETÁRIO - GERAL DA ONU
Quem havia de dizer, quando em 1987 o autor deste blogue convidou António Guterres para falar, “Do papel do futuro deputado pelo círculo eleitoral de Castelo Branco, na defesa da nossa região”, que 29 anos depois ele viria a ser nomeado, Secretário-Geral da ONU.
NINGUÉM COM CERTEZA!
Neste momento apenas me atormenta é o seguinte: Que a coletividade albicastrense onde ele se estreou nestas andanças políticas, tenha fechado portas e não possa celebrar este feliz acontecimento. 
Uma desgraça (em meu entender) para os albicastrenses e para a sua terra.
O Albicastrense

ANTÓNIO ROXO - DEPOIS DO ABSOLUTISMO - (12)

"MEMÓRIAS DA TERRA ALBICASTRENSE" Espaço da vida político-social de Castelo Branco, após a implantação do regime constitucional. U...